Artigo
Stochastic model of porcine reproductive and respiratory syndrome virus control strategies on a swine farm in the United States. Jaewoon Jeong; Sharif S. Aly; Jean Paul Cano; Dale Polson; Philip H. Kass; Andres M. Perez. 2014. Am J Vet Res 2014;75:260–267
Resumo do artigo
O que estuda?
Os autores estudaram a eficácia de diferentes combinações de estratégias de controlo frente ao vírus do Síndrome Reprodutivo e Respiratório (PRRSv) a nível de exploração individual. O objectivo é determinar a estratégia mais eficiente para o controlo do PRRSv.
Como se estuda?
Através de modelos estocásticos são simulados surtos de PRRS em explorações hipotéticas de porcas de tamanho pequeno, médio ou grande no médio Oeste dos Estados Unidos da América. Nestes modelos foram comparadas diferentes estratégias de controlo: desde nenhuma, até 4 combinações de imunização, fecho da exploração ao exterior e aclimatação das porcas de reposição. Além disso, ao combinar 3 graus de virulência do PRRSv e os 3 tamanhos de exploração, foram simulados 9 cenários diferentes.
O objectivo de cada simulação era que os leitões fossem negativos a PRRS às 3 semanas de vida (estabilidade).
Quais são os resultados?
O aumento da virulência do PRRSv e o tamanho da exploração estiveram negativamente associados com a probabilidade de conseguir a estabilização. O nível de virulência parece ter mais influência que o tamanho da exploração na probabilidade de conseguir a estabilização.
Para o cenário base (nenhuma estratégia de controlo de PRRS), apenas se conseguiu a estabilização quando a exploração era pequena e o vírus pouco virulento.
Uma imunização em massa repetida com o fecho da exploração ao exterior ou a aclimatação da reposição foi uma melhor alternativa a uma única imunização em massa para o controlo da doença na exploração.
Quais as conclusões que se extraem deste trabalho?
Numa exploração de porcos, a imunização repetida em massa com uma vacina de PRRS (vírus vivo modificado) com fecho da exploração ao exterior ou aclimatação da reposição, foi o cenário com o qual mais provavelmente era conseguida a estabilização. Além disso, o fecho da exploração ao exterior pareceu ser mais benéfico que apenas a aclimatação da reposição.
A visão a partir do campo por Enric Marco Nós que dedicámos os últimos anos à clínica veterinária no sector suíno e que tivemos que “lidar” com o PRRS, não nos surpreende ver que, em diferentes zonas do mundo (EUA, EU), ou mesmo dentro de Europa, as abordagens para conseguir a estabilização do vírus PRRS são diferentes. Todos possuem alguns elementos em comum mas todos diferem uns dos outros. Quais são os elementos comuns? Os diferentes planos de controlo combinam sempre diferentes estratégias para conseguir o mesmo objectivo. Todos tentam evitar a desestabilização gerada pela entrada da reposição, seja através dos métodos mais drásticos, como são a sua suspensão temporária total, ou menos drásticos, como são os diferentes planos de adaptação de duração distinta. Todos tentam evitar elementos que conduzam a um risco de nova introdução de estirpes como é a entrada de reposição positiva ou o uso de doses de sémen procedentes de centros de inseminação artificial positivos. Todos tratam de evitar a presença de zonas quentes (zonas onde circula o vírus de modo contínuo: pós-desmame) com o uso de diferentes técnicas, como podem ser os despovoamentos parciais, o maneio em bandas ou a implementação de medidas rigorosas de biossegurança interna e todos aplicam algum plano de vacinação: vacinação de emergência posterior ao surto e vacinação de nulíparas, vacinação em massa várias vezes por ano, vacinação 6-60, vacinação combinada com vírus vivo atenuado e inactivado, vacinação apenas de reprodutoras ou de todo o efectivo, etc. A realidade é que, após 24 anos de experiência, ainda não há um plano de controlo que reúna consenso e seja aceite por toda a comunidade técnica. Porquê? O artigo presente, ainda que suponha um exercício teórico (baseado em certas premissas), ajuda a entender o que acontece na realidade. As diferentes combinações de circunstâncias que se dão na prática, como sejam: o tipo de exploração (ciclo fechado ou aberto), tamanho, maneio da reposição e patogenia da estirpe viral em concreto, explicam em grande medida porque é que, na vida real, a aplicação das mesmas medidas não produz sempre o mesmo resultado. Definitivamente, a pior combinação de partida requererá sempre medidas mais agressivas para conseguir um mesmo resultado. |