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Monitorização de Salmonella em suíno: métodos de detecção

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Para poder identificar animais infectados por Salmonella existem diferentes opções, tanto no que diz respeito ao material escolhido como ao ponto da recolha das amostras. Por este motivo, o co...



Para poder identificar animais infectados por Salmonella existem diferentes opções, tanto no que diz respeito ao material escolhido como ao ponto da recolha das amostras. Por este motivo, o conhecimento das diferenças entre cada uma delas resulta básico na hora de decidir que ferramenta de monitorização escolher e que interpretação dar aos resultados.

Em primeiro lugar deve ficar claro que o que pretendemos determinar é a prevalência de animais infectados sub-clinicamente. Actualmente, a forma mais importante da doença é a forma subclínica, na qual animais portadores assintomáticos chegarão ao matadouro eliminando Salmonella pelas fezes.

Nesta secção iremos nos centrar no cultivo bacteriológico e na análise serológica, já que são as ferramentas de diagnóstico mais utilizadas nos programas nacionais de monitorização e controle da salmonelose suína a nível europeu, tema que será desenvolvido numa segunda parte. A seguir iremos detalhar as principais características de ambas técnicas:


Bacteriologia

- “Método de referencia”.

- Isolamento e identificação do patógeno nas fezes ou em gânglios linfáticos mesentéricos.

- Permite conhecer serotipo, fagotipo e perfil de resistência aos antimicrobianos.

- Especificidade praticamente de 100% (muito poucos falsos positivos).

Mas:

- Laboriosa e consome muito tempo (3-5 dias).

- Cara (inclusive se se utilizam pools de amostras).

Fezes vs gânglios linfáticos

Fezes: Recolha na exploração ou no matadouro

- Vantagens
Informação da percentagem de excretores activos que chegam ao matadouro.

- Inconvenientes
Baixa sensibilidade (excreção de Salmonella nas fezes é intermitente e em muito baixo número. A menor quantidade de amostra analizada, menor sensibilidade).
Opção não válida no matadouro (contaminação cruzada durante o transporte e a espera no matadouro)*.

*O tempo necessário para que uma infecção inicial de Salmonella nas amígdalas possa isolar-se nas fezes é de umas 2 horas

Gânglios linfáticos mesentéricos: Recolha no matadouro

- Vantagens
Informação da percentagem de animais infectados nesse momento.
Menos provável que se afectem pela contaminação durante o transporte e a espera no matadouro (a não ser que os tempos sejam muito prolongados, ex. >24 horas).
Amostras mais práticas e fáceis no matadouro. Menor risco de contaminação por matéria fecal.
Melhoria na sensibilidade.

- Inconvenientes
Diferenças entre os serotipos no que diz respeito à sua capacidade de translocação para os gãnglios (sobrestimação da prevalência de serotipos mais invasivos como Salmonella typhimurium).

Serologia

- Detecção por ELISA de anticorpos no soro ou no suco de carne.

- Indicam contacto prévio dos animais com a bactéria (seroconversão tem lugar entre 7-30 dias pós-infecção).

- Melhor relação custo-eficácia (aprox. 3,5 €/amostra contra 35 € bacteriologia).

- Mais rápida. Útil em estudos a grande escala.

- Elevada sensibilidade.

- Facilidade de standarização entre laboratórios.

Mas:

- Não indica necessariamente que os animais estejam infectados nesse momento.

- Não permite detectar infecções muito recentes (1 ou 2 semanas antes da recolha da amostra).

- É possível obter um resultado negativo em porcos que se infectaram há mais de 3 meses (anticorpos contra Salmonella podem estar presentes até 3-4 meses depois de se iniciar a infecção).

- Não é útil para avaliar a prevalência a nível individual (grande variabilidade na resposta de cada animal).

- Baixa especificidade.

- A sensibilidade vê-se reduzida ao aumentar o ponto de corte.

- As provas actualmente disponíveis só detectam anticorpos contra os serogrupos B, C1 e alguns por D1.

Soro vs suco de carne

Soro: Recolha na exploração ou no matadouro.



- Vantagens

Utilidade das amostras para outras determinações no laboratório.

Suco de carne: Recolha no matadouro. Obtido da descongelação de um fragmento de músculo, normalmente diafragma.

- Vantagens
Facilidade de recolha e identificação no matadouro.

- Inconvenientes
Menor sensibilidade (80%-90%).

Conclusões

A eleição de um tipo ou outro de método de detecção para Salmonella dependerá do objectivo do estudo que se pense fazer, sendo a combinação de ambas técnicas a opção mais recomendável. Numa primeira fase, a serologia resulta na opção mais acertada já que nos indicará qual é a situação de partida da infecção nas nossas explorações. A partir deste ponto, o uso da bacteriologia torna-se indispensável. Por um lado permitir-nos-á conhecer os serotipos implicados (necessário para poder eleger o teste de ELISA mais apropriado) e por outro, levar a cabo uma melhor monitorização da doença (prevalência de animais excretores, possíveis fontes de infecção procedentes do ambiente, etc.) e da efectividade das medidas de controle aplicadas. Relativamente ao material a escolher e ao seu ponto de recolha (exploração ou matadouro), a eleição dependerá da logistica particular de cada empresa.

Eva Creus. Universitat Autònoma de Barcelona. Espanha.

Comentários ao artigo

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21-Mai-2016Nilson Rocha FilhoNilson Rocha FilhoMuito útil, utilizarei na minha tese de mestrado.
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