Com base na experiência dos nossos 4 veterinários representantes de algumas das mais importantes regiões de produção suína a nível global (como a Alemanha, Estados Unidos, China e Espanha), as mordeduras de cauda são, actualmente, um dos problemas multifactoriais mais importantes para a produção. No primeiro artigo desta série comentámos as diferentes perspectivas deste problema. Também aprendemos que, se bem que o acesso a materiais manipuláveis como o feno seja importante para satisfazer as necessidades dos porcos de explorar e mastigar, há muitos outros factores que influenciam a caudofagia. A inexistência de uma única causa clara faz com que este problema seja frustrante e difícil de controlar. Neste segundo artigo, iremos rever as diferentes estratégias que os autores usam durante os casos de mordeduras de cauda e também as medidas preventivas que recomendam para os produtores no seu dia a dia.
Durante um surto de caudofagia, todos os autores concordam em que a revisão da densidade e as condições ambientais dos porcos é a primeira acção que há que levar a cabo. De acordo com os comentários, frequentemente a causa inicial de um foco encontra-se nalgum destes pontos. Depois deste primeiro passo, Vidal, Böhne e Pitkin recomendam a introdução de material manipulável nos parques com a finalidade de reduzir o stress e desviar a atenção dos outros porcos das feridas. Os materiais manipuláveis foram analisados no artigo 1 desta série. Neste momento, Vidal de Espanha, também considera aumentar a inclusão de sal na ração com o objectivo de aumentar a sensação de saciedade. De seguida, os animais feridos e que estejam a sangrar deverão ser tratados e ele sugere que o uso de elásticos nas caudas, colocados na parte anterior do tecido lesionado, é a estratégia mais rápida para parar a hemorragia. Devemos relembrar que é importante retirar os elásticos antes que estes provoquem maiores danos na cauda ou dor desnecessária. Böhne sublinha que na Alemanha não é permitido o uso de elásticos pelo que é básico separar, o quanto antes, o animal afectado, tratá-lo com analgésicos e antibiótico e, por outro lado, identificar e separar o agressor. Pitkin aconselha os seus produtores a juntar óxido de magnésio nas suas fórmulas de ração com a finalidade de ajudar a acalmar os animais durante o foco. Outras estratégias que assinala, para além da introdução de materiais manipuláveis, incluem a adição de electrólitos solúveis na água e anti-piréticos sempre e quando exista a suspeita da participação de algum agente patogénico (foto 2).
Para além das medidas preventivas anteriormente descritas, os nossos veterinários têm outras sugestões. Com base na sua experiência, o grupo de Vidal dá especial atenção nos porcos provenientes de determinadas genéticas que têm maior percentagem de Large White e também nos provenientes de algumas linhas de Piétrain. Böhne, Wang e Pitkin estão de acordo em que um fluxo variável de animais na linha de produção é um dos factores mais importantes a evitar. Wang, consultor na China, destaca a importância de verificar continuamente o plano de produção com os seus clientes para assegurar um correcto fluxo de porcos nas suas instalações. Wang tem uma especial atenção à formação do pessoal “na exploração” e, com base nesta experiência, a medida preventiva mais importante é a implementada pelos produtores que asseguram que o seu fluxo de porcos é igual à capacidade das suas instalações evitando assim estrangulamentos devido a uma produção irregular e a um aumento repentino da densidade. Para além de uma boa gestão do fluxo de porcos, Pitkin referes que a sua melhor estratégia preventiva é assegurar que os elementos mais importantes na exploração (comida, água e ar) sejam os adequados às necessidades dos animais que se albergam nas instalações. Esta equação, tão simples, por vezes vê-se desafiada porque as explorações de porcas estão a tentar desmamar continuamente o maior número de leitões possível e a produção pode exceder potencialmente a capacidade dos fluxos do desmame e da engorda. “Isto sempre se tem entendido como sendo um problema “bom”, contudo, temos que pensar em como vamos manejar este excesso de leitões: venderias?”- diz Pitkin. Ela está de acordo com Wang em que temos que voltar ao básico e recalcular a quantidade de porcos que deveríamos levar para cada uma das nossas explorações ou como vamos poder manter o fluxo de porcos o mais consistentemente possível. Ela crê que práticas como a sobre-densificação estão a forçar muito estas regras tão importantes e quando ultrapassamos demasiado este número, é quando podemos ter estes casos de vícios nas explorações.