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Nem a Páscoa “travou” a subida dos porcos em Portugal

A Bolsa do Porco apresentou uma subida de 0,114€/kg carcaça nesta quinzena.

17 de Abril de 2017

Há menor oferta de porcos que aliada a um bom consumo da carne de porco irá implicar novas subidas até ao verão. Daqui em diante a oferta de porcos irá sendo cada vez menor, não apenas porque já é o normal em termos sazonais, mas também porque o preço dos leitões não para de subir. A subida do preço dos leitões para engorda é um forte sinal de que há muitos lugares de engorda vazios em toda a Europa (e principalmente em Espanha) e que a oferta de porcos para abate para os próximos 3-4 meses vai ser ainda menor.

Na realidade, há muito menos porcos no mercado do que no ano passado por esta mesma altura. Chegámos à Páscoa sem porcos atrasados e sem medo de que a redução dos abates pudesse causar atrasos na saída de porcos para abate. Isto é precisamente o contrário do que se ocorreu o ano passado. Os pesos viso (e em carcaça, obviamente) estão bastante abaixo dos pesos do ano passado.

Além do mais, como há boa procura de carne, quer internamente na EU, quer nos mercados de Países Terceiros (principalmente nos mercados do Sudeste Asiático), houve condições para subir os preços da carne o que “aliviou” os matadouros permitindo-lhes ganhar alguma margem.

A China continua a comprar em grande quantidade mas, como o preço Europeu é já elevado, começa a voltar-se para os Estados Unidos. A Europa tem pouca oferta de carne e é cara, a China precisa comprar grande quantidade ao melhor preço possível e os Estados Unidos têm oferta como nunca e a preço competitivo. É neste balanceamento que o mercado mundial do porco se vai desenrolar nos próximos meses. A U.E. exportou, nos dois primeiros meses de 2017, +23,5% do que em igual período de 2016 (344410 tons contra 278932 tons).

As subidas desta quinzena andam nos 10-12 cêntimos em carcaça nos mercados europeus mais importantes, o que é o dobro do que foi a subida da quinzena anterior.

Portugal não fugiu à regra e a Bolsa do Porco apresentou uma subida de 0,114€/kg carcaça nesta quinzena. Boa subida que continua a não ser completamente seguida por toda a indústria. Há muita procura de porcos em Portugal, inclusive por parte de espanhóis. Naturalmente, e com a margens a subir, os produtores tentam reter alguma oferta para que a mesma se possa valorizar e meter peso. Porcos mais pesados e vendidos na semana seguinte é sinónimo de vendas a preço superior.

O mercado espanhol também subiu a sua cotação. Nesta quinzena a subida foi de 0,08€/kg PV, ou seja, cerca de +0,107€/kg carcaça fixando-se a cotação em 1,355€/kg PV (1,807€/kg carcaça). Os pesos em Espanha desceram e são inferiores 2,4kg em carcaça do que os de 2016.

Na Alemanha a cotação subiu 0,12€ passando para 1,73€/kg carcaça. A procura de porcos anda muito activa e é superior à oferta. Apesar disso, os pesos mantêm-se estáveis, pela oitava semana consecutiva, em 96,3kg carcaça. Os matadouros continuam a queixar-se que não conseguem obter margem, apesar das vendas da carne terem melhorado significativamente.

Na Holanda e na Bélgica as cotações subiram. Os holandeses subiram 0,12€/kg carcaça para 1,73€/kg carcaça e os belgas subiram 0,10€/kg PV para 1,23€/kg PV. Os holandeses referem que a baixa oferta de porcos é, em parte, compensada, pelo ligeiro aumento dos pesos. Uma curiosidade no mercado holandês é o preço das porcas de refugo que está em 1,47€/kg carcaça!

A Dinamarca “apenas” subiu 0,08€, fixando-se a cotação em 1,48€/kg carcaça. É a primeira vez, desde 2014, que a cotação supera as 11 coras dinamarquesas. Os dinamarqueses referem que a crise está ultrapassada e que há uma forte procura de carne fresca em toda a Europa e que esta é superior à oferta. A exportação para Países Terceiros também vai em bom ritmo e com pedidos fortes.

Em França a cotação subiu 0,05€/kg carcaça (a subida mais curta em toda a U.E.) fixando-se em 1,546€/kg carcaça. Os pesos mantiveram-se estáveis nos 94,8kg carcaça. A Semana Santa e os seus feriados reduzem o número de dias de abate e trazem alguma contenção ao mercado. Com os feriados de Sexta-Feira Santa e de Segunda-Feira de Páscoa há menos dois dias de abate e espera-se que após a Semana Santa o mercado possa “disparar”. Apesar da subida não ter sido do mesmo montante dos restantes países Europeus, o MPB refere que esta é a cotação mais alta registado no mês de Abril depois da entrada no euro.

Com o passar da Semana Santa, há todas aas condições para que as cotações continuem a subir e de forma significativa. Veremos até que valor o mercado permitirá essa subida.

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