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No que toca ao preço do porco, grão a grão….

Na segunda quinzena de Janeiro houve uma subida de 0,032€/kg carcaça na Bolsa do Porco.

31 de Janeiro de 2022

Na segunda quinzena de Janeiro houve uma subida de 0,032€/kg carcaça na Bolsa do Porco o que, apesar de ser uma ligeira melhoria, não deixa de ser um sinal positivo para os produtores, essencialmente.

O mercado Europeu teve um comportamento antagónico ao português, tendo ocorrido descidas na ordem dos 3 cêntimos de euro em quase todos os países do Norte e uma ligeira subida de 0,002€/kg PV em Espanha. A Espanha está a dar um sinal para o mercado que o preço terá tocado no fundo e que agora deverá começar a subir. Este sinal deverá permitir que a carne deixe de se desvalorizar e que os agentes económicos possam ter maior firmeza nas negociações de venda.

Apesar de haver muitos porcos para abater em Espanha (não podemos esquecer que a Espanha tem um grau de auto-suficiência de perto de 170%), os matadouros do país vizinho têm conseguido abater sem problemas e, com a noção de que este poderá ser o preço mais baixo do ano, abatem para congelar continuando, evidentemente, a vender carne fresca e congelada para diversos mercados de Países Terceiros, se bem que continua a haver grande redução de exportação para a China quando comparada com a exportação do ano passado (pelo menos até agora). Veremos o que nos reservam as próximas semanas no que diz respeito à exportação espanhola de carne de porco para a China.

Além disso, prevê-se que nas próximas semanas, e em função da venda de uns largos milhares de leitões para assar que ocorreu no Natal e Ano Novo, haja uma grande redução de oferta de porcos para abate e isso poderá ajudar a fazer subir, a pouco e pouco, a cotação de venda de forma a ajudar a paliar o enorme aumento do custo de produção.

No Norte da Europa, as cotações desceram (Alemanha, Dinamarca, Holanda) influenciadas pelo aparecimento de focos de Peste Suína Africana em Itália. Sabemos que a Itália não é um país com forte exportação para Países Terceiros, mas é um país que compra muita carne em Espanha, na Alemanha, na Dinamarca, na Holanda e carne, principalmente de porcos pesados para produzir transformados. Com a limitação da exportação para Países Terceiros, os italianos tendem a comprar menos carne aos seus fornecedores e isso, aliado a um mercado pesado nesses países, levou a descidas na cotação.

Na realidade, e fruto de haver cada vez um maior número de pessoas infectadas com Covid-19 no norte da Europa, a que se junta uma taxa de vacinação que ronda os 70%, há muita dificuldade em ter trabalhadores disponíveis para trabalhar nas linhas de abate e nas salas de desmancha. Isto provoca atrasos no abate dos porcos e aumento dos seus pesos que aliado a uma maior dificuldade em vender carne para mercados tradicionais (dentro e fora da U.E), implicou uma pressão dos matadouros para que a cotação tivesse descido sem que os produtores pudessem fazer muito para contrariar esta decisão.

Segundo dados da Mercolérida, a China produziu, em 2021, mais 12 milhões de toneladas de carne de porco (tinha perdido 13 milhões nos 2 anos anteriores devido à PSA), terá importado cerca de 3,7 milhões de tons de carne de porco (4 milhões em 2020 e 1,7 milhões em 2019). Que irá ocorrer em 2022? Que quantidade de carne de porco irá importar? O comportamento do mercado chinês será fulcral para a recuperação de preço do mercado europeu.

No que diz respeito às cotações por países, em Espanha a cotação subiu 0,002€/kg PV (+0,003€/kg carcaça) passando a cotação para 1,022€/kg PV (1,363€/kg carcaça). Os pesos subiram 200g nesta quinzena o que o situa como o mais alto da história em Espanha.

Na Alemanha a cotação baixou 0,03€/kg carcaça para 1,20€/kg carcaça na segunda quinzena de Janeiro, tendo chegado ao fim o “braço-de-ferro” entre os produtores e os matadouros que durou 7 semanas e que implicou a existência de 2 preços distintos no mercado alemão. Como referi acima, há enormes dificuldades para abater porcos na Alemanha devido à falta de pessoal para trabalhar nos matadouros. Esta redução nos abates implicou uma subida de 1kg no peso de abate, passando para 97,5kg carcaça

Na Holanda a cotação baixou 0,03€/kg carcaça para 1,28€/kg carcaça. Os holandeses dizem que a situação do mercado do porco é catastrófica e que houve operadores, contra tudo o que seria normal, tentaram fazer subir as cotações. A procura de carne é baixa e os preços estão sob forte pressão. A carne de porco só se consegue vender a preços muitos baixos e junta-se a situação da PSA em Itália que traz ainda mais pressão negativa sobre os preços.

Na Bélgica a cotação desceu 0,02€/kg PV para 0,75€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,07€/kg carcaça para 1,06€/kg carcaça. OS dinamarqueses referem que o mercado da carne de porco está sob uma enorme pressão e que há muita dificuldade nas vendas dentro do mercado europeu. Para Países Terceiros também há enormes dificuldades para vender carne e, basicamente, vendem-se peças desossadas para o Japão (há falta de mão-de-obra para desossar) e isso implica maior pressão sobre os preços.

Em França a cotação subiu 0,002€/kg carcaça para 1,249€/kg carcaça. Os pesos desceram 500g para os 96,6kg. O peso é 850g mais baixo que na mesma semana do ano passado. No mercado francês há equilíbrio entre a oferta e a procura de porcos, apesar de estarem a chegar partidas de porcos muito pesados aos matadouros. Todavia, e como referi, o peso médio baixou e é inferior ao do ano passado.

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