Os sistemas electrónicos de alojamento e alimentação de porcas em grupo são os que mais se têm estado a implantar em Espanha entre as relativamente poucas explorações, tanto novas como velhas, que já se adaptaram à nova normativa.
Em primeiro lugar temos que diferenciar entre grupos estáticos e dinâmicos já que, ainda que a grande maioria dos pontos sejam comuns a ambos, em muitos casos são requeridas adaptações. Neste sentido distinguimos:
Grupos estáticos onde temos um único lote de porcas por parque, normalmente com uma única máquina electrónica. Este tipo de sistema só se adapta bem a explorações grandes com lotes semanais com um mínimo 50 porcas ou a explorações que trabalhem em bandas e possam conseguir este tamanho de lote. Grupos dinâmicos onde temos um fluxo contínuo de entrada e saída de animais do grupo. Estes grupos podem ser de até 200 porcas e adaptam-se bem a um maior leque de tamanho de exploração. |
As necessidades básicas do sistema em ambos casos são:
- Um rácio máximo de 50-60 porcas por máquina. A seguir temos um pequeno cálculo onde podemos ter uma ideia mais visual deste limite em função de uns valores dados segundo experiências práticas: |
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• 17 horas de funcionamento diário das máquinas (recomendado). • 10 minutos por porca e dia em alimentação líquida. • 15 minutos por porca e dia em seco (mais habitual em Espanha). 17/(15/60)= 68 porcas/máquina- Sem tempos mortos e visitas “nulas” |
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- Um sistema de assistência 24 horas que nos permita solucionar problemas de forma imediata. - Parques com zonas diferenciadas: zona de descanso-zona suja. Evitando em todo o momento degraus que possam causar problemas nas porcas. - Separações sólidas na zona de descanso para permitir que as porcas se refugiem e descansem sem ser molestadas. - Necesidade de pequenos parques individuais para alojar as porcas problemáticas. Em sistemas dinâmicos também recomendaríamos a possibilidade de dispor de um parque com uma máquina onde se poderiam alojar todas as porcas problemáticas recolhidas do resto das secções. - Possibilidade de ter parques específicos para porcas primíparas em grupos dinâmicos. - Uso recomendável de palha nas zonas de repouso que ajuda a manter as porcas mais tranquilas e facilita a tarefa de levantar os animais na hora de os ver diariamente. - Necesidade de um treino intenso e adequado das porcas nulíparas antes de passarem para a zona de cobrição-controlo de forma que depois as porcas já saibam como funciona o sistema. - E desde o nosso ponto de vista uma das necessidades mais importantes, senão a mais importante, na hora de optar por este sistema, é a disponibilidade de pessoal qualificado que seja capaz de: |
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• Ter um controlo informático diário do sistema: recolher informação, interpretá-la e variar parâmetros. • Resolver problemas técnicos e mecânicos simples. • Realizar um controlo diário dos animais e um tratamento se for necessário: todas as porcas devem ser levantadas. • Avaliar o estado corporal das porcas de forma regular para realizar ajustamentos na quantidade de ração a fornecer. • Procurar as porcas que não foram seleccionadas quando estamos a trabalhar com grupos dinâmicos. |
Grupos dinâmicos |
Grupos estáticos |
Pontos a favor:
- O sistema permite-nos um ajustamento da quantidade de ração de forma individual em função do estado corporal do animal. - O programa informático proporciona-nos uma listagem diária das porcas que não comeram, ainda que se não o utilizamos de forma correcta não nos servirá de nada. - A experiência tem-nos demostrado que as porcas problemáticas sempre se refugiam na mesma zona dos parques pelo que não é tão difícil localizá-las se se tem os instrumentos adequados. - Em grupos dinâmicos normalmente as máquinas permitem-nos separar as porcas seleccionadas para realizar qualquer tipo de tratamento ou movimento, se bem que a prática nos diga que um sistema mal regulado dar-nos-á problemas de porcas não seleccionadas. - Com um bom protocolo de maneio e adaptação das porcas jovens, a nossa própria experiência mostra-nos que menos de 1,5% destes animais não se adaptam a comer nas máquinas. Em qualquer caso temos recolhido outras experiências nas que se chegou a 15% de porcas inadaptadas. - Numerosos estudos e resultados próprios obtidos em exploração demostraram-nos que os resultados reprodutivos não são afectados para pior. - Por último mas possivelmente um dos pontos mais importantes na hora de transformar explorações já existentes no nosso país é que este sistema é adaptável a quase todo o tipo de pavilhões e necessita pouco espaço para a sua implantação (aproximadamente 30% menos que as boxes de acesso livre) |
Treino de porcas jovens |
Pontos contra:
- Realmente são sistemas delicados que avariam com frequência pelo que é necessário dispor de algumas peças básicas de reserva. Além de problemas técnicos ou mecânicos, também costumam dar alguns problemas informáticos portanto necessitamos ter pessoal capaz de trabalhar com isso. - Todo isto nos leva à necessidade de um pessoal mais qualificado portanto um custo maior de mão-de-obra. Ainda que neste ponto teríamos que considerar se realmente o ter um pessoal mais qualificado seria um problema ou uma vantagem a todos os níveis. - O sistema tem intrínseco mais trabalho diário na zona de gestação já que para que funcione devem-se ver e tratar de forma diária todas as porcas que o necessitem. A nossa experiência pessoal mostra-nos que se necessita o mínimo de três horas diárias para levar correctamente uma gestação confirmada com máquinas electrónicas numa exploração de 1100 porcas e grupos dinâmicos. Neste ponto teríamos que ter em consideração que um sistema com grupos estáticos reduz o tempo empregado nesta fase praticamente para a metade. - Entre outras coisas, uma boa parte deste tempo é devido a que com frequência encontramos um grande número de porcas não seleccionadas que é necessário procurar. A seguir temos um pequeno estudo feito sobre este tema numa exploração comercial: |
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•1194 porcas estudadas. • 38,75% de falhas de selecção nas porcas a seleccionar para passar o ecógrafo duas semanas antes de entrarem nos parques. Estas porcas todavia estão em processo de adaptação ao grupo dinâmico e muitas delas mostram-se receosas em aceder às máquinas. • 24,6% falhas de selecção nas porcas a seleccionar para uma vacinação 9 semanas antes de entrarem nos parques. • Falhas também no momento de levar porcas para a maternidade → partos na gestação. |
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- Segundo dados obtidos directamente na exploração, o uso deste sistema com grupos dinâmicos pode levar-nos a uma taxa de reposição de animais por lutas, problemas de patas, abortos, etc. que em determinadas alturas pode atingir 65% de reposição anual. De novo devemos dizer aqui que em experiências levadas a cabo com grupos estáticos a taxa de reposição se situa ao redor de 50% aproximando-se muito mais aos valores esperados. |
Albert Finestra. Veterinário. Espanha; Javier Lorente Martín. Engenheiro Agrónomo. Espanha