Nos últimos anos, juntamente com o aumento de leitões desmamados por porca e ano, nas transições pioram os parâmetros técnicos em dois indicadores:
- aumento da mortalidade;
- maior% de leitões atrasados que terão pior rendimento na engorda.
Problemas que afectam com maior frequência na fase de transição dos leitões
- Estreptococias suínas, tanto na sua forma aguda, produzindo meningite e morte, como na sua forma localizada, com o aumento da inflamação nas articulações.
- Processos entéricos produzidos por E. Coli: com a retirada do óxido de zinco houve um incremento dos processos digestivos, também influenciado pela qualidade do leitão e as condições de qualidade da água e instalações de transição.
- Processos entéricos por rotavirus ou outros vírus, que tendem a persistir nas instalações, mesmo após lavagem.
- O síndrome pós-desmame que tende a aparecer com mais frequência ligado à variabilidade de pesos ao desmame e ao maior número de leitões de menor peso, que têm maior dificuldade para ter um consumo adequado de ração nos primeiros dias pós-desmame.
- Doença de Glasser: processo que decorre comn febre e polisserosite (pericardite, inflamação das serosas com grande presença de fibrina. Os animais mostram-se abatidos, pálidos. As coxeiras e a tosse costumam ser muito frequentes
De seguida, serão mostrados os factores de risco e mecanismos de controlo para cada problemática, assim como os mecanismos de controlo geral nesta fase.
Estreptococias suínas
Factores de risco e a sua correcção
- Co-infecção com PRRS que limita a capacidade de eliminação de estreptococos do pulmão, portanto, o impacto dos estreptococos é muito poderoso em animais nos quais o vírus PRRS é recirculado na transição.
- Maneio da ventilação, ventilação mínima, uma incorrecta renovação do volume de ar é um factor de risco para a apresentação clínica da doença. Controlo de correntes de ar em idade precoce.
- Densidades. Densidades incorrectas podem aumentar o grau de stress e ser um factor predisponente para o seu desenvolvimento.
- Limpeza e desinfecção das instalações incorrecta. A pressão de infecção ambiental é um factor de risco.
- A diarreia na maternidade e transição dá lugar a uma inflamação intestinal e por conseguinte a uma penetração de agentes de patogénicos (falhas na barreira intestinal).
- Na maternidade o corte de rabos é uma via de entrada, usar cauterizadores.
A abordagem deve estar direccionada para corrigir os factores de risco e estabilizar sanitariamente as porcas e portanto a transição.
Colibacilose
Factores de risco na apresentação na transição
- Alterações bruscas de temperaturas: variações de 10 ° C e / ou baixas temperaturas aumentam a possibilidade da doença.
- Qualidade da água de bebida: águas acima de 1.500 microsiemens de condutividade são geralmente factores predisponentes. A água deve ter boa qualidade microbiológica e também boa qualidade físico-química.
- Digestibilidade e apetência da ração: reduzir o tempo de anorexia é de vital importância. A apresentação da ração em pratos pode garantir o consumo precoce da ração.
Tratamentos antibióticos na maternidade, se na maternidade foram realizados tratamentos antibióticos, isto dá origem a uma mudança na microbiota intestinal e provavelmente altera a integridade da barreira intestinal.
Síndrome pós-desmame
Devido à queda no consumo ao desmame, os leitões perdem peso e podem ser colonizados por qualquer agente patogénico intestinal e levar a processos patológicos que resultam em falha no desenvolvimento. A queda no consumo de ração ao desmame leva à atrofia das vilosidades intestinais, que precisam de nutrientes no lúmen intestinal.Factores a considerar:
- A higiene das instalações: agentes patogénicos como rotavirus e coronavirus, que geralmente persistem se a lavagem não for correcta, geralmente levam à perda de vilosidades e, portanto, a uma síndrome de má absorção.
- Temperatura de entrada dos leitões: Tª baixas levar
- ao a baixo consumo de ração e diarreia. Garantir entre 26-28ºC na entrada.
- Monitorização de CO2, se for alto devido à ventilação mínima inadequada, há perda de consumo.
- Controlo dos bebedouros: com bom caudal que permitam um consumo adequado de água.
- Qualidade da água de bebida, os leitões não comem se antes não beberem o suficiente. A qualidade microbiológica deve ser considerada, assim como a qualidade físico-química. Se a água for de boa qualidade físico-química, o uso de adoçantes ou aromatizantes não melhora o consumo de água.
- Uso de pratos nos parques para aumentar o consumo de ração e dar origem a um bom arranque dos leitões, pois limitamos os efeitos negativos que a anorexia tem nos leitões.
Doença de Glässer
Factores de risco:
- má ventilação que causa má renovação do ar e concentração de gases;
- maior densidade de animais;
- doenças virais concomitantes (PRRS, gripe);
- mistura de animais de diferentes idades.
Medidas de controlo:
- Maneio dos fluxos dos animais é muito importante conseguir a estabilização sanitária da fase de transição. A mistura de idades e ciclos contínuos costumam ser motivos para agravar o processo.
- Estabilizar as reprodutoras contra a PRRS e gripe já que as recirculações do vírus na transição aumentam significativamente a incidência da doença.
- Densidade dos animais e ventilação, são factores que determinam um forte stress e portanto incrementam a apresentação clínica.
Medidas de controlo gerais com importância crescente para minimizar os problemas na transição.
- Higiene das instalações e seu controlo para reduzir a pressão de infecção.
- Controlo ambiental com gestão da ventilação, com foco no controlo das temperaturas mínimas, permitindo uma correcta renovação do ar mantendo a temperatura adequada.
- Redução dos antibióticos na fase de maternidade. A diversidade da microbiota intestinal ajuda a manter a integridade da barreira intestinal.
- Estimular o consumo precoce de ração: a anorexia é um factor determinante no aumento da permeabilidade intestinal e na redução da absorção de nutrientes.
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Ter bebedouros que maximizem o consumo de água: se os leitões não tiverem um bom consumo de água, não comerão.
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Tudo dentro de tudo fora está a tornar-se cada vez mais relevante, para procedermos ao corte da cadeia epidemiológica das diferentes doenças (gestão dos fluxos animais)
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A microbiota intestinal é um ecossistema dinâmico complexo, que pode ser alterado por inúmeras causas, sendo fundamentais o stress, doenças, tratamentos com antibióticos, etc. Elementos que afectam a microbiota numa fase afectarão a próxima fase, por exemplo: acções sobre a microbiota na maternidade afectarão o rendimento na transição.
Os problemas de transição devem ser prevenidos e tratados de forma holística, considerando patologia, nutrição, gestão, instalações, fluxos, etc.