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Números, estatísticas e ofertas a subir

Os próximos meses serão pintados com a cor da estabilidade ou da subida salvo algum momento pontual em que o mercado possa ceder algum euro.

Pela primeira vez, e sem que sirva de precedente, começarei falando de cifras. Segundo o último relatório do Conselho internacional de Cereais (IGC mas suas siglas em inglês), as colheitas de milho e de trigo ficaram definitivamente da seguinte maneira:

  • Para o milho estima-se uma produção de 830 milhões de Tm, ou o que é o mesmo, 48 milhões de Tm menos que na campanha anterior. Ainda que se preveja uma descida do consumo a nível mundial até 848 milhões de Tm, o que deixaria uns stocks finais de campanha de 117 milhões de Tm, o que significa uma redução de 18 milhões de Tm em comparação com a campanha anterior e os stocks mais baixos nos últimos 6 anos.
  • No que ao trigo diz respeito as cifras não apresentam uma situação muito mais positiva. Uma produção de 655 milhões de Tm (o que representa 39 milhões de Tm menos que na campanha passada) e um consumo de 679 milhões de Tm, deixam-nos uns stocks finais de campanha de 172 milhões de Tm (24 milhões de Tm menos relativamente à campanha 2011/2012).

Resumindo, na presente campanha a equação oferta-procura vai ser muito ajustada. Podemos presumir que, dependendo de como se apresentem as cifras, a próxima campanha pode ser realmente entretida.

Bem, e depois de tanto número: que se passa? Verdade seja dita, o programa foi sendo cumprido. Os franceses continuam sem dar espaço ao mercado, o milho nacional deixou ou suavizou a sua pressão de colheita e no porto os importadores sentiram-se mais cómodos à medida que iam formalizando vendas e reduzindo quantidades por vender. Resumindo, o milho voltou a subir preços e hoje o seu preço é de 10 €/Tm mais caro que há um mês, ou inclusive algo mais segundo o período para o qual se está a comprar. Pelo momento parece que a descida terminou e tudo parece apontar que até ao próximo ano não voltará (se é que voltará). Para nos situarmos, o milho ao dia de hoje cotiza-se em cerca de 254 €/Tm para a posição Novembro/Dezembro e 260 €/Tm para a posição Janeiro/Março. Não esqueçamos que continua sendo o cereal mais barato.

E o trigo? Pois, bem obrigado, anda à sua vontade. Tal como o milho deixou os preços baixos para trás e voltou a enredar-se numa senda altista e com oferta escassa para a posição de Janeiro em diante. Se isto fosse pouco, os stoks que existiam no porto reduziram-se substancialmente graças, em parte, às vendas realizadas a panificadoras. Não me cansarei de repetir que a nível internacional não existe diferença entre trigo panificável e trigo forrageiro. A diferenciação é dada por especificações em proteína, peso específico, etc. Isto favoreceu que uma parte importante do trigo que veio do Mar Negro, graças às suas especificações de qualidade, foi para consumo humano. Resumindo, o trigo para Novembro/Dezembro cotiza em cerca de 270 €/Tm, para a posição de Janeiro em diante as poucas ofertas existentes situam-se nos 278 €/Tm.

Logicamente se o trigo não cede o milho tem difícil uma descida de preços. Se isto fosse pouco, o diferencial de preços entre um e o outro continua sendo elevado, pelo que encontro possível que num futuro tendam a igualar-se os preços, e no momento parece que se este cenário se cumpre será a preços altos.
A cevada para não destoar também escalou posições e cotiza-se próximo dos 262 €/Tm destino zona Ebro, aproveitando a falta de ofertas por parte do agricultor que está pensando noutras coisas (a sementeira, motivos fiscais...). Ainda que a procura continue em mínimos não parece que pelo momento a vejamos ceder preço.

A vez agora da soja. Uma vez desaparecida a pressão da colheita dos Estados Unidos reapareceram no mercado todos os medos: previsões de stocks justos e aumento de consumo. O resultado é que, tendo chegado a cotar a 450 €/Tm para a farinha de soja 44% e inclusive algo abaixo, hoje fala-se de níveis de 480 €/Tm, em definitivo, parece que também já vimos o preço mais baixo e agora é a subir.
E agora? No que diz respeito aos cereais deveríamos esperar pela Primavera para poder falar da sementeira no hemisfério norte (a previsão de hectares semeados, etc.). Também deveríamos rezar para que os stocks que fiquem por vender venham à luz dos dia e com isso esperar que os preços cedam, mas vejo-o complicado. O mesmo é aplicável para a soja. Até que não possamos falar da nova colheita no Brasil e Argentina (a partir de Abril) teremos que lidar com o que há... ou o que é o mesmo, a curta colheita dos Estados Unidos e os consumos em alta, além de ter um olho posto nos fundos de investimento que pelo momento estão bastante quietos.

Em resumo, à parte de momentos pontuais nos que o mercado possa ceder algum Euro, tanto em cereais como na proteína, os próximos meses estão pintados da cor da estabilidade ou de subida.

Jordi Beascoechea i Pina

Jordi Beascoechea i Pina

5 de Novembro de 2012

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