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O impacto de 6 anos de vacinações contra o PCV2 na presença viral e na imunidade em porcos nos EUA

A vacinação contra o PCV2 é quase universal, diminuiu a sua presença após 6 anos de vacinação? Poderão alterar-se as políticas vacinais?

O Circovirus Suíno tipo 2 (PCV2) é o agente causal das doenças associadas ao circovirus suíno (PCVAD), mas necessita factores adicionais para a desencadear. Em 2006 introduziram-se as vacinas contra o PCV2 nos EUA e foram rapidamente adoptadas por toda a suinicultura para controlar os surtos de PCVAD. A vacinação contra o PCV2 é eficaz na prevenção de PCVAD, induzindo altos níveis de anticorpos anti-PCV2 e reduzindo o nível de PCV2 no soro, mas não eliminam o vírus do animal.

Em 2006, antes de que a vacina estivese disponível, a recolha de amostras em explorações suinícolas demonstrou que a prevalência em todod os EUA, tanto a nível da infecção por PCV2 como de resposta serológica, era muito elevada (Puvanendiran et al., 2011). O nosso laboratório demonstrou que a infecção se iniciava no útero e na maternidade, comportando uma infecção para toda a vida (Dvorak et al., 2013).

Graças à vacinação ser praticamente universal e proteger com êxito contra o PCVAD, perguntamo-nos se, após 6 anos de vacinação contínua, a carga viral teria diminuído e se se mantinha a elevada resposta serológica. Portanto, analisámos amostras serológicas do sistema nacional norte-americano de monitorização sanitária de suínos para reavaliar a infecção e o estado imunitário tanto de porcos individuais como de explorações suinícolas.

 

Resultados

Em 2012, obtiveram-se amostras de soro de 2044 indivíduos procedentes de 137 explorações suinícolas de 12 Estados e, em 2006, de 6046 indivíduos de 185 explorações de 16 Estados. Em ambos casos foram incluídas explorações de todas as principais regiões produtoras de porcos.

O número de animais e explorações que estavam infectados com PCV2 reduziu-se amplamente em 2012 (17,2% dos animais e 47,9% das explorações estavam infectados) em comparação com os números de 2006 (82,6% dos indivíduos e 99,5% das explorações estavam infectados) (figura 1A e B). Também se observou uma enorme descida na quantidade de vírus ao comparar os animais positivos de 2012 com os de 2006 (uma redução média de cerca de 22 vezes, com um valor máximo de até 49 vezes menos) (figura 1C).

Niveles de viremia de PCV2 en 2006 y 2012

Figura 1. Níveis de virémia de PCV2 em 2006 e 2012. A: Percentagem de porcos virémicos em 2006 e em 2012; B: Percentagem de engordas virémicas, e C: Níveis virémicos em porcos de acabamento.

Anticuerpos frente a PCV2 en suero de cerdos de engorde en 2006 y en 2012

Figura 2. Anticorpos contra o PCV2 no soro de porcos de engorda em 2006 e em 2012. A. Percentagem de animais positivos e explorações positivas (que, pelo  menos, têm um porco positivo. B: Percentagem de animais e explorações com anticorpos contra o PCV2 induzidos por infecção natural em 2006 e 2012.

Pese a que a vacinação esteja muito disseminada, em 2012 só se detectaram anticorpos contra o PCV2 em 41% dos porcos de engorda (figura 2A). Contudo, em 94,9% das engordas pelo menos um animal era seropositivo (figura 2A). Em 2012 tinham-se reduzido muito os anticorpos contra o PCV2 procedentes de infecções naturais nos porcos de engorda e nas explorações (19,0% dos porcos, 74% das exploraçõs) em comparação com os números de 2006 (79% dos porcos, 99% das explorações) (figura 2B). Em 2006 todas as respostas serológicas eram devidas a infecções naturais, já que a vacinação ainda não estava disponível. Em 2012, as respostas serológicas eram induzidas tanto por infecções naturais como por vacinações. A infecção natural era determinada pela presença de anticorpos contra a replicase viral. A replicase só se produz pelo vírus vivo, não está presente nas vacinas contra a PCV2.

 

Conclusões

Desde a introdução de vacinas muito efectivas contra o PCV2 em 2006, a presença e a carga viral diminuiram muito na população suinícola. Actualmente os porcos têm uma carga viral menor e não se detecta vírus por PCR na maioria das explorações, o que sugere que a vacinação contínua conseguiu que algumas explorações negativizassem ao PCV2 com o tempo. Pese a que o mecanismo pelo que a vacinação controla a infecção não esteja resolvido, o seu uso continuo tem comportado uma forte reducção, por debaixo dos níveis detectáveis, da prevalência de PCV2 em suínos. Ao mesmo tempo, concluímos que a maioria dos porcos continuam infectados por PCV2 a níveis inferiores ao limite de sensibilidade da PCR, já que mais de 70% das explorações têm animais com anticorpos anti-replicase induzidos pela infecção natural. A infecção também explicaria os casos anedóticos de PCVAD associados a interrupções da vacinação. Portanto, a vacinação continua a ser importante para proteger os animais contra o PCVAD.

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