O intervalo entre partos (IEP), é um dos parâmetros produtivos mais frequentemente utilizados como indicador da eficiência produtiva de uma exploração e define-se como o número médio de dias que decorrem entre um parto e o seguinte. Está directamente relacionado com o número de partos por fêmea e ano, da seguinte forma:
Nº de partos por fêmea e ano = 365 (dias/ano)/IEP (dias/parto)
A seguir explicaremos a forma de o calcular, os parâmetros da exploração que o influenciam e qual é a sua própria influência na produtividade da exploração.
Cálculo
Há várias formas de o calcular. A primeira forma é muito simples. Veremos com um exemplo:
Exemplo 1: Numa exploração com 10 porcas com uns resultados "tipo" (duração da gestação 115 dias, duração da lactação 24 dias e um intervalo desmame-1ª cobrição de 5 dias), o intervalo entre partos seria:
IEP: 115 + 24 + 5 = 144 dias
Se as 10 porcas tiveram um comportamento exactamente igual, o intervalo entre partos da exploração seria de 144 dias.
Contudo, se uma delas repete aos 21 dias, o seu IEP seria:
IEP: 144 + 21 = 165 dias
O intervalo entre partos médio da exploração seria:
(144 * 9 ( porcas que não repetem) + 165 (porca que repete) )
-------------------------------------------------------------------------------------------------------- = 146,1 dias
10 (nº total de porcas)
Portanto, a repetição aos 21 dias supõe um incremento do IEP médio de 2,1 dias, ou deja, tal como qualquer falha reprodutiva, influiu negativamente no intervalo entre partos.
Quanto ao intervalo desmame-1ª cobrição, com a finalidade de englobar e/ou considerar nos cálculos do IEP as falhas reprodutivas, usa-se o parâmetro "intervalo desmame-cobrição fecundante" em vez do intervalo desmame-1ª cobrição.
Se extrapolamos o nosso exemplo para uma exploração real durante um período determinado, o IEP será a soma da duração média da gestação, mais a duração média da lactação, mais o intervalo desmame-cobrição fecundante médio desse mesmo período.
A segunda forma de o calcular é a partir do nº de partos/porca/ ano, que por vezes é mais simples de obter. A seguir explica-se no exemplo 2:
Exemplo 2: Se se conhece o nº de partos ocorridos numa exploração em 6 meses, e o censo médio desses seis meses, o nº de partos/porca/ ano seria:
Nº partos dos 6 meses * 2 (para extrapolar para o ano inteiro)
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Censo médio dos 6 meses
Uma vez calculado o nº de partos/porca/ano, calcula-se o intervalo entre partos, mediante a fórmula expressa no início do artigo.
Parâmetros que têm influência no IEP
Assumindo que a duração da gestação média tem muito poucas variações dentro de uma exploração, os dois parêmetros que têm uma maior influência no intervalo entre partos são a duração da lactação e o intervalo desmame - cobrição fecundantel.
a) Duração da lactação: Tem uma grande influência já que um incremento de 1 dia na duração média da lactação, significa um incremento de 1 dia no intervalo entre partos. Este é um dos inconvenientes de aumentar a idade ao desmame, ainda que logicamente também tenha vantagens.
b) Intervalo desmame-cobrição fecundante: A este parâmetro afectam fundamentalmente dois indicadores: o intervalo desmame-1ª cobrição e as perdas ou falhas reprodutivas.
- Intervalo desmame-1ª cobrição: Logicamente, quanto maior seja, pior será o intervalo entre partos. Devemos tentar reduzir ao mínimo a percentagem de porcas atrasadas (com intervalo desmame- 1ª cobrição maior que 6 dias).
- Perdas reprodutivas: Como comentámos anteriormente, cada perda reprodutiva supõe uma pioria no intervalo entre partos, logicamente maior quantos mais dias se acumulem. Por exemplo, uma porca que aborta aos 55 dias pós-cobrição e que se cobre logo 25 dias depois (ou seja, acumula 80 dias não produtivos) afectará o intervalo entre partos 4 vezes mais do que uma repetição aos 20 dias. Isto redunda no que se comentou noutros artigos sobre a importância de minimizar os dias não produtivos na exploração (recordemos que o seu valor oscila entre 1,50 e 3,00 € em Espanha).
Influência do intervalo entre partos na produtividade
Para observar a influência que tem a variação do IEP na produtividade de uma exploração, concretamente nos partos/porca/ano.
Exemplo 3: Suponhamos uma exploração na que se mantém constante o número de leitões desmamados/parto, por exemplo 10. A diferença com dois intervalos entre partos distintos.
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Intervalo entre partos de 151 dias.
Para este intervalo entre partos, o número de partos/porca e ano é:
Nº partos/porca/ano = 365/151 = 2,417
Se multiplicamos os partos/porca/ano pelo número de leitões desmamados/parto, obtemos 24,17 leitões desmamados/porca/ano
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Intervalo entre partos de 158 dias.
Fazendo os mesmos cálculos, temos:
Nº partos/porca/ano = 365/158 = 2,31
E da mesma maneira obteríamos 23,1 leitões desmamados/porca/ano
Ou seja, neste caso um aumento de 7 dias no intervalo entre partos supõe 1,07 leitões desmamados a menos por ano por cada porca. Para uma exploração de 500 porcas nesse suposto suporia 535 leitões desmamados a menos ou, o que é o mesmo, 76,5 leitões desmamados a menos por ano por cada dia de aumento do intervalo entre partos.
Como vemos, o IEP tem uma influência directa na produtividade da exploração, e portanto, tanto este como o seu homólogo (nº de partos/fêmea/ano), são factores que devem controlar-se e monitorizar-se com a finalidade de detectar e prever variações do sistema com o fim de nos adiantarmos às mudanças ou variações do sistema produtivo.