Cereais
Às vezes os movimentos do mercado são lentos, como os de uma tartaruga, e parece que se pára num determinado nível de preços. Noutras, pelo contrário, o mercado parece uma gazela, com movimentos incapazes de assimilar. Em geral o mercado começou a baixar e baixou (sobretudo o milho) até níveis que nem os mais sonhadores poderiam ter imaginado até há pouco mais de um ano para depois ficar estancado num nível de preços mais ou menos estável.
O milho para a nova campanha chegou a cotar a 152-156 €/Tm segundo as posições (de Novembro/2014 a Maio/2015) no porto. Os preços oscilaram entre 152-155 €/Tm destino para posições de Outubro a Dezembro/2014, graças basicamente a cotações de França. Os franceses tinham estado quase desaparecidos do mercado nos últimos anos, contudo este ano, devido à grande colheita em França em particular (e na Europa em geral), não só estiveram muito agressivos mas também estão a marcar os preços, pelo menos na zona Noroeste de Espanha. Quanto ao trigo, mais do mesmo. Chegou a cotar a 161-162 €/Tm no porto para posições a curto prazo e 165 -167 €/Tm para mais longo prazo. A pressão nos portos também foi motivada pelo mercado francês já que se fala de que cerca de 40% da colheita tem qualidade forrageira…e isso são muitos milhões de toneladas. Acrescentamos que a capacidade de armazenamento é sempre limitada, assim podemos escutar informações de cotações de destino a preços baratos (preços que há anos que não ouvíamos falar no mercado).
A cevada, pelo contrário, seguiu a sua própria senda. Sempre cotando entre 166-170 €/Tm sem ter em consideração os vaivéns do mercado. A procura continua a ser exígua ou quase nula segundo as zonas e os tipos de ração. Teremos que esperar pelo próximo ano e que os operadores tenham mais claras as perspectivas da futura colheita, para ver se decidem guardar esta colheita ou, se pelo contrário, decidem vender… Tudo antes de assumir perdas, porque não devemos esquecer que os agricultores têm capacidade financeira suficiente para poder transferir as compras para o próximo ano.
Resumindo, o mercado está muito fornecido até Dezembro, e com coberturas até Maio/2015, pelo menos coberturas suficientemente folgadas para se sentir cómodo e esperar para ver. Sobretudo esperar pela pressão da colheita nacional que, como já disse no meu comentário anterior, ao dia de hoje todavia não notámos. Na minha opinião será difícil ver preços mais baratos nas próximas semanas, sobretudo se falamos de posições a longo prazo, no curto prazo e no que ao milho se refere, podemos ver algumas oportunidades. No porto parece que os preços tenderão a subir um pouco.
Proteína
No que diz respeito à soja, a descida está a ser suavizada pelo atraso da colheita americana, pelo menos nas posições imediatas. Parece que o mercado admitiu que duas boas colheitas seguidas representa demasiada soja, ainda para mais se tivermos em conta que ultimamente a China parece que não está a crescer ao ritmo que nos tinha acostumado (e que esperavam as previsões). A farinha de soja para este trimestre situa-se próxima dos 355 €/Tm e para todo o ano 2015 cota a 333 €/Tm (ainda que tenha operado a 330 €/Tm). Creio que ainda podemos ver ceder um pouco os preços mas não me canso de repetir o que referi em anteriores artigos, se a farinha tiver preços interessantes para 2015 há que comprar e cobrir posições, é a única maneira de estarmos tranquilos num mercado que nos tem acostumado a mais que um susto. A colza também cedeu seguindo a esteira da soja cotando a 218 €/Tm desde agora até ao final do ano. O girassol também foi cedendo para encontrar procura e fala-se em preços próximos aos 210 €/Tm para entregas de Novembro em diante. O complexo da proteína tem-nos dado alegrias como há anos que não o fazia, e ainda que creia que todavia há margem para que os preços continuem a descer (os sinais do mercado continuam a ser baixistas) creio que entre finais de Outubro e Novembro podemos ver o momento de entrar no mercado para posições futuras.
3 de Outubro de 2014