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Oferta aumenta, pesos sobem, mas cotação dos porcos mantém-se

Apesar de ter aumentado a oferta de porcos e o seu peso, que é habitual nesta época do ano, as cotações mantiveram-se em 2,367€/kg de carcaça na Bolsa do Porco.

14 de Outubro de 2022

Apesar de ter aumentado a oferta de porcos e o seu peso, que é habitual nesta época do ano, as cotações mantiveram-se em 2,367€/kg de carcaça na Bolsa do Porco na primeira metade de Outubro. Um dos grandes problemas, para não dizer o principal problema neste momento, é a dificuldade na valorização da carne por parte dos matadouros. Aliás, têm aparecido promoções de carne de porco na grande distribuição, mas o preço das diferentes peças nobres nessas promoções não é barato. Portanto, alguém se está a aproveitar da situação!

São 6 semanas consecutivas sem alteração nas cotações da Bolsa do Porco numa época do ano em que, habitualmente, costuma haver descidas significativas da cotação. Isto demonstra que a oferta, apesar de ir aumentando, é inferior às necessidades do mercado e seguramente irá diminuir no futuro. Tal como informámos na 3tres3, em Portugal houve uma redução de 1,4% no efectivo entre Agosto de 2021 e Agosto de 2022 (-2800 porcas aproximadamente) e presumo, já que se irão manter as condições para continuarem elevados os custos de produção (ração e energia, principalmente), que esta tendência de redução se vá acentuando daqui em diante. Portugal tinha um efectivo, em Agosto deste ano segundo os dados do IFAP tendo por base as declarações de existências, de 197 mil porcas reprodutoras para um efectivo total de cerca de 2 milhões de cabeças.

Em toda a Europa, com excepção da Espanha que aumentou 0,4% o seu efectivo, também houve descidas, ainda mais significativas do efectivo suinícola relativas a Maio-Junho de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021, segundo indica o MPB francês citando o If da Dinamarca. Mesmo incluindo a Espanha nestes números, o efectivo reprodutor baixou 4,6% (menos 500 mil porcas) e o efectivo total baixou 6 milhões de cabeças na totalidade (-4,6%).

Deve-se destacar, pelo nível das descidas e por serem países importantes na produção de suínos da U.E., a Polónia reduções de 17,6% no efectivo de porcas reprodutoras (-130 mil) e de 12,9% no efectivo total (-1,5 milhões de cabeças), a Alemanha com reduções de 8,7% no efectivo reprodutor (-130 mil porcas) e de -9,6% no efectivo total (-2,4 milhões de cabeças), da Dinamarca com reduções de 6,6% no efectivo reprodutor (-85 mil porcas) e de 7,5% no efectivo total (-1 milhão de cabeças). De resto podemos indicar que houve descidas fortes no efectivo reprodutor na Bélgica (-5,6%), Hungria (-5,1%), Áustria (-4,4%), Irlanda (-9,9%), a França (-2,6%) e os Países Baixos (-1,9%).

Em relação ao efectivo dos Estados Unidos, a 1 de Setembro, houve uma redução de 1,4% (-1 milhão de cabeças) no efectivo total para 73,8 milhões e uma redução de 0,6% (-36 mil porcas) para 6,152 milhões de porcas. Já o efectivo chinês tem descidas mais significativas. Assim, o efectivo de porcas reprodutoras desceu 6,3% (-2,876 milhões de porcas) para 42,7 milhões de porcas.

Em toda a Europa começa a haver, neste período, aumento da oferta e aumento do peso dos porcos. Em todo o caso, com excepção da Alemanha que fez um ajustamento significativo na sua cotação em que foi secundada pelos seus vizinhos Países Baixos e Bélgica, e de França que teve uma decida bem mais ligeira, o restante mercado europeu não teve mudanças nas cotações apesar de haver um pouco mais de pressão por parte dos matadouros para pagarem menos pelos porcos. A justificação é que não conseguem valorizar a carne para patamares que lhes permita ganhar dinheiro e pagar todo o aumento dos seus custos de exploração (preço da matéria-prima que são os porcos, custos energéticos, custos de distribuição).

Pelo seu lado, os produtores, que não estão “afogados” em porcos e conseguem gerir bem os pesos e as saídas para matadouro, mostram-se inflexíveis para permitirem descidas nas cotações, pois os seus custos de produção também são elevados e há que os cobrir com o preço de venda.

Todavia, presumo que este “jogo do empurra” poderá manter-se por mais algum tempo até porque a carne de porco é a que tem preço mais competitivo na Europa e os consumidores, que vão vendo o seu poder de compra afectado pela subida da inflação, vão optando por esta carne em detrimento da carne de bovino e de frango, ambas por estarem muito caras. No caso do frango, porque há menos disponibilidade de carne devido aos problemas com a gripe das aves que grassa um pouco por toda a Europa e que tem limitado o fornecimento de aves ao mercado.

No que toca à exportação para Países Terceiros, as vendas estão mais paradas, porque a China continua sem comprar e os restantes países (Japão, Coreia do Sul e Filipinas) têm carne suficiente neste momento. Em todo o caso, estes países terão necessidades de importação e, com a desvalorização do euro face ao dólar, as exportações europeias poderão ser beneficiadas.

No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação manteve-se em 1,722€/kg PV (2,296€/kg carcaça). Segundo os dados da Mercolérida, os porcos tiveram um aumento de peso de cerca de 1kg nesta quinzena (aumentaram 3,4Kg desde meados de Agosto), mas ainda continuam 2kg abaixo do peso de há 1 ano. Apesar da descida das cotações na Alemanha, a Espanha manteve a sua o que pode significar que está aliviada de porcos.

Na Alemanha, a cotação baixou 0,10€/kg carcaça na primeira metade de Outubro para 2,00€/kg. O peso manteve-se nos 96,8kg carcaça nesta quinzena. A carne de porco continua com boas vendas, principalmente no retalho pois os consumidores têm-na barata em comparação com a carne de bovino ou a carne de aves. Também aumentou o consumo de produtos transformados de porco, o que fez aumentar a procura de carne por parte das indústrias de transformação.

Nos Países Baixos a cotação desceu 0,04€/kg carcaça para 2,03€/kg carcaça nesta quinzena. Vai havendo um aumento gradual da oferta de porcos, mas esta continua a não ser exagerada, pelo que a cotação baixou devido, principalmente, à descida alemã. Os consumidores começam a limitar os seus gastos em alimentos caros e a carne de porco com elevados padrões de bem-estar começa a sobrar, havendo procura de carne de porco “normal”. Os produtores sabem que se irão manter elevados os custos da ração e da energia e começam a reduzir, cada vez mais, os efectivos das suas explorações.

Na Bélgica a cotação baixou 0,08€/kg PV para 1,39€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,67€/kg carcaça nesta primeira metade de Outubro. Semana após semana vai havendo aumento da oferta de porcos para abate, mas a procura de carne dinamarquesa não se vê afectada por este aumento de oferta até porque as vendas continuam boas para os mercados de Países Terceiros. Há um bom ritmo na procura de carne europeia, mas os matadouros não querem aumentar os abates com medo que lhes sobre carne e que a tenham que congelar. Congelar carne a preços altos é sempre um grande risco para quem a congela e os matadouros não querem correr esse risco neste momento.

Em França, a cotação baixou 0,02€/kg carcaça para 2,033€/kg na primeira metade de Outubro. Os pesos subiram 400g para 94,5kg e são mais baixos 600g do que na mesma semana do ano passado. Tal como acontece na Alemanha e nos restantes países do centro da Europa, a carne de porco tem um preço competitivo em relação á carne de vaca e de frango e isso contribui para um bom comportamento do mercado do porco em França. Não devemos esquecer que a França, tendo em consideração as bonificações pagas pelos matadouros, tem o preço mais alto de todos os países europeus.

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