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17 de Junho de 2022
A cotação dos porcos na Bolsa do Porco subiu 0,032€/kg carcaça para os 2,182€/kg carcaça na primeira quinzena de Junho. A oferta de porco é cada vez menor e isso reflecte-se na descida dos pesos, apesar de haver fracas vendas de carne. Mesmo tendo havido feriados na primeira quinzena de Junho, feriados esses que fizeram reduzir o número de dias de abate, a oferta de porcos foi menor do que as necessidades dos matadouros e daí a ligeira subida.
Espera que a oferta seja ainda menor nas próximas semanas, não apenas fruto da venda de leitões por altura do Natal e Ano Novo, mas também pela redução de efectivo e pelo aumento da mortalidade de leitões no pós-desmame em função da desmedicalização da ração para leitões. Por outro lado, e a juntar a esta mais reduzida oferta de porcos, a subida das temperaturas nesta semana irá fazer diminuir o crescimento dos porcos pelo que se espera uma maior redução da oferta para as próximas semanas.
Na Europa também houve feriados. Não nos mesmos dias que em Portugal, mas também houve redução no número de dias de abate. Em Espanha, como uma grande parte dos matadouros já laboram apenas 4 dias por semana, estes feriados não tiveram grande impacto (ou mesmo nenhum) na saída de porcos para abate. Na realidade, a descida do peso dos porcos em Espanha é muito acentuada (o peso em carcaça desceu 1,9kg nas últimas 4 semanas, segundo informação de Mercolérida) e não é por haver menos dias de abate que os pesos têm subido. Ou seja, há uma oferta baixa em relação às necessidades de mercado, mesmo considerando que a Espanha exportou menos 200 mil toneladas de carne de porco para a China nos primeiros 2 meses deste ano e que para colmatar parte desta diminuição, aumentou a exportações para outros países do Sudeste Asiático (Coreia do Sul, Filipinas, Japão, Taiwan)
Apesar dos feriados não terem tido grande influência na cotação espanhola, tiveram, isso sim, influência na não evolução das cotações em França e, principalmente na Alemanha. Bem sabemos que as evoluções de cotação na Alemanha, para o bem e para o mal, têm grande impacto nas cotações dos seus vizinhos Países Baixos e Bélgica e algum impacto, se bem que menor, na Dinamarca. A Bélgica tentou dar um sinal ao subir 3 cêntimos, mas não conseguiu arrastar mais nenhum dos países vizinhos. Ao não ter subido a cotação nos maiores produtores de porcos do Norte da Europa, houve menos “margem de manobra” em Espanha para, quiçá, ter subido mais nesta quinzena. Uma coisa é certa, tal como em Espanha, o peso dos porcos nos restantes países europeus está abaixo do peso do ano passado nesta mesma altura.
Em todo o caso, e ao entrarmos no Verão, sabemos que a cotação dos porcos nos países do centro-norte da Europa tem mais dificuldades de subida pois há muita gente que sai desses países para passar férias no Sul da Europa (ou mesmo noutros pontos do globo). Assim, terá que se o aumento de população sazonal nos países do Sul, leia-se turistas veraneantes que venham passar férias a Portugal e Espanha, que puxem pelas cotações mais um pouco.
Outro dado importante a ter em consideração para os meses próximos é uma possível maior redução na oferta de porcos – veremos qual será o valor desta redução – pois com a perspectiva de que se mantenham altos os preços das matérias-primas e o consequente custo de produção, havendo a grande incógnita de não se saber o que ocorrerá com a cotação dos porcos após o Verão, nota-se que há menos procura de leitões para engorda em toda a Europa. Quer na Alemanha, quer em Espanha, países que tradicionalmente são compradores de leitões para engordar.
As compras deste tipo de animais são menores do que em anos anteriores, levando a que os produtores de leitões tenham grande oferta deste tipo de animais para vender, com a consequente redução do preço de venda e que tenham aumentado o abate de porcas destas explorações, o que implicará uma redução ainda mais significativa do efectivo reprodutor e do efectivo total na Alemanha. Com este aumento da oferta de porca para abate, os matadouros na Alemanha não têm capacidade de abate para todos as cabeças que aparecem e a cotação das porcas de refugo também teve uma descida significativa. Não são só os produtores alemães que são afectados, os produtores espanhóis e portugueses também o são, visto que grande parte da carne das porcas de refugo que são abatidas em Espanha (com origem em Portugal e em Espanha) tem como destino a Alemanha para a produção transformados.
Outro aspecto a ter em conta é o cada vez menor poder de compra dos consumidores e veremos qual o real impacto neste poder de compra, daqui a um par de meses, quando subirem as taxas de juro de referência do BCE, pois com o aumento da taxa de inflação já se nota bem a redução na procura de produtos alimentares, onde se inclui, evidentemente, a carne de porco.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação subiu 0,031€/kg PV (+0,041€/kg carcaça) passando a cotação para 1,58€/kg PV (2,107€/kg carcaça). Os pesos desceram, tal como referi acima, e estão cerca de 200g em carcaça abaixo do peso da mesma semana do ano passado.
Na Alemanha a cotação manteve-se nesta quinzena em 1,80€/kg. O peso manteve-se nos 97,2kg carcaça nesta quinzena. A pouco e pouco, vai aumentando o consumo de carne de porco pois melhoraram as condições climatéricas e há possibilidade de se fazerem churrascadas, que são um dos grandes motores de consumo de carne de porco na Alemanha. Por outro lado, com a entrada no Verão, começa a haver menos gente na Alemanha, o que irá afectar os consumos. Esta situação é recorrente, mas este ano é o primeiro ano após a pandemia em que pode haver maior saída de turistas alemães para outros países e em que a Alemanha, ao mesmo tempo, está impedida de exportar carne de porco para Países Terceiros devido à Peste Suína Africana. Veremos como se equilibram os pratos desta balança.
Nos Países Baixos a cotação manteve-se em 1,79€/kg carcaça. A oferta de porcos continua a ser suficiente e vale ao mercado neerlandês que a exportação de porcos segue a bom ritmo senão poderia haver dificuldades em manter a cotação.
Na Bélgica a cotação subiu 0,03€/kg PV nesta quinzena passando para 1,28€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se nesta quinzena em 1,49€/kg carcaça. A procura europeia de carne de porco está estável e não consegue dar um impulso à cotação, quer dos porcos quer da carne. Os dinamarqueses esperam que as férias de verão possam dar um impulso significativo ao consumo de carne de porco na Europa. Outra das chaves para fazer subir a cotação é aumentar as vendas de carne fora da Europa. Neste momento há vendas estáveis para ao Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Austrália. O mercado chinês continua parado.
Em França a cotação manteve-se em 1,698€/kg carcaça e foi a mesma cotação durante toda a primeira quinzena de Junho, tendo já sido a mesma durante todo o mês de Maio. Devido aos feriados, os pesos subiram 300g para os 95,2kg, mas mesmo assim é mais baixo 500g do que na mesma semana do ano passado. Devido aos Feriados da Ascensão e do Pentecostes, os matadouros tiveram oferta suficiente de porcos para as suas necessidades. Há pouca procura de carne e consumo baixo devido ao aumento dos preços (de todos os preços de diversos produtos, inclusive e principalmente, da energia) devido à inflação. Em todo o caso, o mercado francês espera um aumento da procura de carne e uma redução forte da oferta de porcos, pelo que o mercado deverá continuar fluido nas próximas semanas.
