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Onde pára o trigo?

Porque é que os preços só subiram?

Tenho que reconhecer que este mercado, mesmo depois de lhe dedicar quase 33 anos, continuia a manter intacta a capacidade de me surpreender. Num meio em mudança vai-se adaptando ás novas notícias a bom ritmo. Imagino que ao tratar-se de matéria-prima está altamente condicionado pela climatologia, que é a linha de água dos rendimentos e das qualidades. Esta reflexão é para tentar peceber o que é que se passou com o trigo. Por agora, "donde dije Digo digo Diego". A colheita a nível mundial não foi má, apesar da climatologia adversa na Austrália e os baixos rendimentos na Argentina, os stocks são suficientes e na Europa a colheita foi muito boa… mas então, porque é que os preços só subiram? Como sempre não há só um motivo, mas tentarei separar os mais destacados:

  • A qualidade do trigo na Europa e no Mar Negro foi melhor que o previsto, por isso o trigo da Ucrânia e Rússia, de momento, foi para consumo humano.
  • O trigo procedente da Roménia e Bulgária, que habitualmente se destinava ao consumo animal, este ano, depois de constatar qualidades em volta de 11-12% de proteína e outras qualidades para pão, está a ser destinado a consumo humano.
  • Bruxelas, com o objectivo de proteger a colheita comunitária, utilizou uma taxa niveladora para agravar com 12 €/Tm as importações de trigo procedentes de países terceiros.
  • Os fretes que tinham estado em mínimos e baixo custo, recuperaram um pouco.
  • O agricultor que algum dia quis vender, já o fez. Outros tantos, não querem, ou não podem, vender até ao próximo ano, seja porque não necessitam liquidez, porque preferem ter mercadoria a dinheiro, ou por assuntos de interesse fiscal. Além disso, já estão em trabalhos de sementeira e adubação e, vendo que os preços vão subir, preferem esperar, acentuando a subida pela escassez de oferta.

Com a soma de tudo isto, e sobretudo devido à qualidade dos trigos, vemos que neste momento, o acumulado dos certificados de exportação da União Europeia ascendem a 8,9 milhões de Tm, quando na mesma data do ano passado era 2,1 milhões de Tm, o que dá uma grande tranquilidade aos vendedores. O resultado é o preço do trigo que, ainda que tenha chegado a cotar a níveis de 185 €/Tm, actualmente se situa por volta de 220 €/Tm, com uma grande escassez de oferta.

Os preços do trigo arrastaram os preços da cevada, que actualmente está à volta dos 182-188 €/Tm dependendo do destino.

Definitivamente, a tendência do trigo e da cevada, duvido que mude até ao próximo ano de maneira significativa. Porque, apesar de tudo o que já referi, não devemos esquecer que trigo e cevada há, e não é pouco. Suponho que se a colheita do ano que vem se prevê não má, (já não digo boa!) assistamos a uma correcção de preços significativa, ou pelo menos suficiente para encontrar procura.

Falemos agora do mercado comprador. Para mim, assiste um pouco perplexo a estes elevados preços de trigo e cevada, mas está conformado porque em vez disso continua a ter oferta abundante de milho e a preços competitivos. À parte, assistimos a ofertas de posições de milho não longas, longuíssimas, a 12 ou 14 meses vista, pelo que os compradores que o tenham considerado oportuno puderam cobrir a muito longo prazo. Como apontamento, já havia muitos anos que não podiamos operar, não a seis meses, mas a 12 meses vista. Actualmente pode-se operar milho desde Dezembro/2012 a Janeiro/2015 a preços competitivos entre 175-180 €/Tm dependendo das posições.

No meu modo de ver, estas posições de milho são muito interessantes para cobrir a longo prazo, pelo menos uma parte importante do consumo. Aproximadamente, estes preços, equivaleriam a uma cevada em volta de 165 €/Tm destino e trigo em volta de 177€/Tm, preços que actualmente muitos queriam cobrir estes cereais, não para disponíveis, mas para todo o ano que vem.

Quanto à soja, continuamos com problemas e, mais um mês o preço está entre cara e caríssima, ainda que tenha afrouxado um pouco graças ás próximas chegadas de barcos ao porto. Também se realizaram algumas operações de soja à volta de 360 €/Tm para uma posição de Maio a Setembro/2014, ainda que tenham sido insignificante. Acho que Novembro, normalmente, brinda-nos oportunidades de compra a longo prazo, assim que desafio todos a estarem atentos para as aproveitarem.

Jordi Beascoechea

Jordi Beascoechea

(N.T. - "Donde dije Digo, digo Diego" frase que indica, que primeiro foi de uma opinião e depois se retrai e dá outra diferente.)

4 de Novembro de 2013

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