Aproximadamente 10% dos porcos nascidos morrem entre o nascimento e o desmame. Mesmo havendo muitos estudos que demonstraram que a adição de gordura ás dietas das porcas durante o periodo tardío da gestação pode melhorar o estado dos leitões à nascença e o rendimento do crescimento antes do desmame, foi prestada menos atenção ao tipo de ácido gordo da dieta e ao modo como determinados ácidos gordos poderíam melhorar o crescimento e a sobrevivência do leitão.
Ácidos gordos
Além da importância geral que as gorduras têem como fonte de energia, os ácidos gordos essenciais são importantes para manter um funcionamento correcto do organismo. Existem dois ácidos gordos essenciais que devem ser administrados na dieta: os ácidos linoleico e linolénico. Estes ácidos gordos têem 18 átomos de carbono e pertencem ás famílias de ácidos gordos omega 6 (linoleico) e omega 3 (linolénico). Sem dúvida que são os ácidos gordos de cadeia mais longa, sintetizados a partir dos ácidos linoleico e linolénico, os mais importantes do ponto de vista biológico. O ácido araquidónico é sintetizado a partir do ácido linoleico e os ácidos eicosapentenoico (EPA) e docosahexenoico (DHA) do ácido linolénico.

Necessidades de ácidos gordos essenciais
Foram indicadas as necessidades de ácidos gordos dos porcos para os ácidos gordos omega 6 como o ácido linoleico, mas não para os ácidos gordos omega 3. Supõe-se que as dietas normais fornecem uma quantidade suficiente de ácidos gordos omega 3. Mas, na nutrição humana são indicados não só as necessidades tanto de ácidos gordos omega 3 como omega 6, mas também especificamente de EPA e DHA. E mais, recomenda-se um fornecimento extra de DHA para as mães gestantes. De igual forma que o bebé humano, o leitão requer DHA para o desenvolvimento do cérebro, a maior parte do qual tem lugar no último terço do periodo de gestação.
Sobre as dietas das porcas prenhes
A tabela seguinte mostra que a maioría dos ingredientes da ração que se utiliza nas dietas de porcas prenhes contéem mais ácidos gordos omega 6 que omega 3. Os ácidos gordos estão presentes, quase na sua totalidade, como ácidos linoleico e linolénico. As rações podem ter proporções de ácidos gordos omega 6 para omega 3 que por vezes são superiores a 10. Uma vez que são as mesmas enzimas que sintetizam os ácidos gordos de cadeia longa a partir tanto de ácidos gordos omega 6 como omega 3, a proporção de ácido linoleico para ácido linolénico determina quais os ácidos de cadeia longa a serem produzidos. Portanto, um excesso de ácidos gordos omega 6 reduzirá a síntese de EPA e de DHA. Nas dietas humanas recomenda-se uma proporção de omega 6 para omega 3 inferior a 8. Por conseguinte, as dietas da porca prenhe, possivelmente, em primeiro lugar têem uma proporção demasiado alta de omega 6 / omega 3 e em segundo lugar, têem carência de EPA e DHA.
Ácidos gordos essenciais em rações habituais (% total de ácidos gordos)
Trigo | Milho | Soja | Polpa de beterraba | |
Omega 6 | 56,3 | 50,5 | 52 | 25 |
Omega 3 | 3,7 | <3 | 7 | 4 |
Proporção | 15 | 17 | 7 | 6 |
Rações que podem fornecer ácidos gordos omega 3
As melhores fontes de EPA e DHA são os óleos de peixe mas são caros e é preocupante a sustenibilidade da produção de óleo de peixe. A fonte vegetal mais importante de ácidos gordos omega 3 (como o ácido linolénico) é a linhaça, quer seja como linhaça com a sua gordura ou como óleo de linhaça. A desvantagem da linhaça é que existem dúvidas sobre a eficiência da síntese de DHA a partir do ácido linolénico.
Os suplementos de omega 3 funcionam?
Tamanho e mortalidade da ninhada
Em todos os estudos que se aplicaram suplementos de óleo de peixe, o número de porcos nascidos vivos (0,2 a 0,7 porcos / ninhada) e desmamados (0,3 a 1,3 porcos / ninhada) melhorou quando as porcas receberam dietas que continham suplementos de ácidos gordos omega 3. A alimentação com linhaça também pode aumentar o tamanho da ninhada. Um maior tamanho da ninhada no desmame pode ser consequência de uma redução na mortalidade dos leitões. Num estudo em que se investigaram as causas da mortalidade antes do desmame, a alimentação com óleo de peixe reduziu de facto a mortalidade, especialmente a derivada do esmagamento provocado pela porca (ver a Fig.).
Os ácidos gordos n-3 têem efeitos adversos?
Estudos recentes nos quais se fez um seguimento dos porcos até ao seu peso no momento do abate, demostraram que não se tinham observado efeitos negativos dos diferentes tipos de ácido gordo.
Resultados depois do desmame

John A. Rooke. Sustainable Livestock Systems, SAC. Reino Unido