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Os produtores de carne vêem para além dos efeitos imediatos da PSA?

A grande procura de carne de porco por parte da China, devido à PSA, esconderá o avanço das "carnes" à base de plantas na procura de produtos cárneos.

As "carnes" à base de plantas poderão retirar uma rápida lição da luta da indústria dos lacticínios com o chamado "leite de amendôas" que agora proliferou juntamente com o "leite" de soja, de cajú, de aveia e de outros similares. A indústria do leite lutou para evitar que estes produtos utilizem a palavra "leite" na sua nomenclatura. As actuais leis de embalagem e rotulagem nos EUA restringem o uso da palavra "leite" nos produtos de animais que produzem leite. O Director da Agência que determinará se os produtores/transformadores de amendôas poderão continuar a chamar "leite" aos seus produtos, fazendo cumprir a legislação actual, parece estar a preparar-se para tomar medidas enérgicas após revelar a sua inclinação ao dizer: "As amendôas não amamentam".

Informa-se que no período 2012-2017, as vendas de "leite" de origem vegetal cresceram mais de 60% enquanto que as vendas de leite de vaca caíram 15%. Isto explica-se, em parte, por alterações demográficas. Com grande diferença, a maior parte do leite líquido é consumido por menores de 19 anos e baby-boomers (nascidos entre 1946 e 1964), um grupo demográfico massivo que agora já está, na sua maior parte reformado, mas que ainda domina grande parte das compras. Todos os grupos etários bebem menos leite de vaca do que há 30-40 anos por muitas razões relacionadas com a saúde, incluindo o aumento de alergias a certas proteínas (amendoím, ovo ou proteínas do leite) e medo de aditivos como a somatotropina bovina (BsT). Além disso, o "leite" de amendôa tem muitas vitaminas importantes, omega-3 e muita mais proteína que o leite de vaca, além de que é muito mais baixo em calorias que um leite de vaca de sabor comparável (ou seja, excluindo o leite desnatado, que a muita gente lhe sabe a água).

Agora coloquemos o foco no Impossible Whopper®, o hambúrguer-bandeira de grande tamanho (e origem vegetal) que se serve em mais de 7000 restaurantes da cadeia Burger King nos EUA. Eles foram uns dos primeiros a fazer um ensaio de mercado na área de St. Louis, Missouri, em mais de 50 estabelecimentos e tiveram tanto êxito que o implantaram imediatamente em todos os EUA. A Restaurant Brands, a empresa proprietária, informou que este representou o maior aumento das vendas totais das suas hamburguerias em mais de quatro anos, com um aumento de 10%.

Se já estiveram no Canadá, sem dúvida terão visto ou tomado, ao pequeno almoço, um café e um donut, nos restaurantes de serviço rápido Tim Horton (competem com a Starbucks, etc). As vendas de salsichas e muffins para pequeno almoço, fabricados com substitutos cárneos à base de plantas, não impressionou os canadianos do Oeste e já foram retirados do mercado. Contudo, aos residentes do Leste (Ontário e Columbia britânica) continua a aparecer-lhes no menú devido à grande procura.

Na metade ocidental do Canadá há prados, cereais e produção pecuária, o que pode explicar porque os seus habitantes franziram o sobrolho perante a "carne falsa". A Restaurant Brands explica que a maior parte do crescimento nas suas hamburguerias nos EUA é atribuível à nova procura por parte dos milenials e pelo regresso de antigos consumidores, que tinham apreciado os hambúrgueres nos seus anos de juventude, mas tinham deixado de o fazer devido a questões de saúde. As suas acções cresceram 30% este ano, à frente de todos os principais consumidores que têm cotação na bolsa como sejam a McDonalds ou a KFC.

A melhor aposta sobre o que se pode passar agora poderá ser algo parecido ao crescimento na procura total nos restaurantes que servem estes produtos, onde nem toda a nova procura para os produtos vegetais foi em detrimento das vendas de hambúrgueres de carne. É um bom augúrio para os restaurantes e empresas de comida rápida, assim como para os produtores, já que dá a possibilidade de que cheguem clientes totalmente novos que se juntem aos que actualmente consomem produtos cárneos. É difícil aumentar a procura total nestes restaurantes já que, quando aparece um produto novo, as suas vendas crescem à custa de uma redução das vendas de outros produtos, ou seja, os consumidores simplesmente deixam de pedir o seu produto favorito para provar um produto novo. Dado que as evidências preliminares sugerem que as "carnes" de origem vegetal atraem o segmento de consumidores mais difícil de capturar para os restaurantes de sandwiches à base de carne (ou seja, os segmentos de justiça social e vegans), quando se lhes juntam os milenials de todas as tendências e o regresso de antigos clientes (que agora são mais conscientes da saúde, mas continuam a ter uma ligação nostálgica a este tipo de restaurantes), os grandes actores da alimentação estão a impulsionar uma grande mudança, investindo no desenvolvimento de novos produtos e em melhorar o seu sabor e textura.

Pense na diferença de poder explodir na produção de suficientes hambúrgueres à base de plantas para saltar de uma procura de 50 lojas envolvidas num estudo de mercado para 7000 lojas em todo o país praticamente da noite para o dia. Agora pense na duração da gestação de uma vaca e no posterior período de crescimento até o vitelo ter idade e peso para ir para o matadouro. Estes novos produtos são de fácil aumento de escala e a sua pegada de quase tudo (carbono, uso de água, sustentabilidade de vários tipos, poluição, etc.) é dramaticamente menor do que a da actual produção de bovino, porco e frango.

Neste momento têm um preço elevado nas lojas, mas e seu público alvo tem uma procura inelástica para a comida que deseja. Actualmente, os milenials têm pouco interesse em casas ou automóveis de próprios mas optan por gastar muito em tecnologia e alimentos especiais, frequentemente já preparados. Os preços poderão baixar rapidamente e só a imaginação limita a sua entrada na maior parte dos produtos que usam bovino, porco ou frango reais. A elevada procura basal de porco por parte da China, devido à PSA, esconderá o crescimento deste sector sobre a carne tradicional. Quando a PSA começar a regredir, pode-se produzir uma crise profunda. O momento de criar estratégias é justamente agora. Devemos lembrar que a grande empresa francesa de yogurtes Danone (Dannon nos EUA) fez um investimento multimilionário numa empresa norte-americana de leite de soja. Eles souberam ver os sinais a tempo, e o sector cárneo?

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