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Caso clínico: Pasteurelose em porcos ibéricos

Este caso trata do aparecimento de morte súbita em porcos ibéricos devido ao aparecimento de Pasteurela.

1 Março 2004
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Descrição da Exploração





Trata-se de uma exploração de engorda com 2500 porcos ibéricos em extensivo situada na Andaluzia. Os porcos estão alojados em lotes de 150 animais aproximadamente e alimentam-se em tolvas com ração ad libitum, e de bolotas, ervas e forragens do campo onde estão. Dispõem de bebedouros nas tolvas e outros próximos destas, também têm uns refúgios nos pavilhões para se protegerem do frio e do sol.

Os leitões que chegam à exploração são vacinados na origem contra a Doença de Aujeszky GN negativo, identificados na orelha e acompanhados pela correspondente guia de origem e sanidade. Não obstante, aos dois - três dias após a chegada à exploração, uma vez superada a fase inicial de stress, procede-se a uma desparasitação interna por via oral (na ração), à base de derivados benzoimidazólicos, e um mês depois são revacinados com vacinação intramuscular de Aujeszky, e contra o Mal Rubro com o objectivo de reforçar a imunidade.


No caso de ser necessário e sobretudo no verão, procede-se à desparasitação externa mediante duches (pulverizações), com produtos adequados (fenóis, lindano, etc..).

A cada 3 meses são revacinados de Aujeszky e a cada 6 meses de Mal Rubro.





A exploração está vedada em todo o seu perímetro, um rodilúvio na entrada para as rodas dos camiões, e um vestiário para o pessoal e visitas.

As explorações mais próximas estão a mais de 3 km de distância.



Aparecimento do caso




O proprietário telefona ao veterinário e explica-lhe que há dois dias teve cinco baixas de porcos de uns 110 kg sem sintomatologia respiratória, nem entérica e que no dia do telefonema teve mais seis baixas.

Visita à exploração




Na visita comprovou-se que os porcos procediam todos de um lote, este lote estava há pouco tempo nesta cerca, nestes dias estava a chover, o solo mostrava sinais de ter sido foçado e é provável que os porcos tenham comido raízes.

Também se observa que, ao serem movidos, alguns porcos apresentam tosse e dispneia.

Realizaram-se várias necropsias e foram recolhidas amostras para o laboratório.


Descrição das necrópsias


Os porcos mortos têm uma boa condição corporal, não se apreciam lesões na pele, em todos se observa uma espuma sanguinolenta nos orifícios nasais.

O coração aparece aumentado de tamanho com pericardite serosa e endocardite.

Os pulmões apresentam pleurite serosa e zonas inflamadas, hiperémicas e no interior da traqueia e faringe existe sangue e aumentos de secreções mucosas.

Os gânglios linfáticos periféricos aparecem avermelhados .

O baço está normal.

O fígado tem um tom de coloração mais acastanhada e com mais brilho .

O aparelho digestivo: o estômago aparece com mucosas vermelhas, com pouca ração e restos de plantas em quase todos os casos. O intestino delgado aparentemente normal com conteúdo líquido espesso de cor vermelha, o intestino grosso aparece com conteúdo de cor escura sanguinolenta e aprecia-se a existência de gases em algumas zonas.

Os rins estão normais e enquanto ao seu tamanho, algo hiperémicos.


Diagnóstico




O diagnóstico dirige-se para doenças respiratórias após ver que os porcos tossiam bastante ao serem movidos, estas doenças poderiam ser:

Mal rubro, Doença de Aujeszky, Actinobacilus pleuroneumoniae, Pasteurella multocida ou hemolítica .

Destas doenças, as que provocam morte súbita são: Mal rubro e septicemia por Pasteurellas.

Também poderiam ser baixas por enterotoxemia.

Outra hipótese seria envenenamento por ingestão de raízes venenosas mas elimina-se a intoxicação por não se encontrarem plantas que tenham raízes venenosas na zona .

A análise das amostras recolhidas deu como resultado o isolamento de Pasteurella.


Tratamento e Evolução




Os animais mais afectados foram injectados com antibióticos: penicilina - estreptomicina e sintomáticos: corticoides e vitaminas.

Medicou-se a ração com amoxicilina e vacinaram-se com uma autovacina de Pasteurella.

Após o tratamento não houve mais mortes.



Comentários



Este caso acontece numa engorda de porcos ibéricos em extensivo onde, em poucos dias, se produzem 11 baixas de porcos de uns 110 kg com morte súbita. Finalmente determina-se a infecção por Pasteurella como causa da morte.

A localização deste lote era desfavorável e as correntes frias de ar eram mais fortes neste parque devido à disposição do terreno, causa predisponente para padecer de broncopneumonias.

Em engordas extensivas, após o terreno ficar húmido por causa das chuvas, é frequente encontrarem-se baixas de porcos que tenham ingerido raízes de plantas que contêm substâncias tóxicas.

Sempre nos fica a incerteza no diagnóstico real, mas o importante em todos os casos é aplicar um tratamento o mais rápido possível.

Loeffler (1885) e Schütz (1886) descreveram a pasteurelose suína pela primeira vez como doença independente.

Quando as condições climáticas, de alojamento e alimentação são deficientes produz-se a multiplicação do gérmen nas vias respiratórias que se difunde por todo o organismo. A idade dos porcos não exerce nenhuma influência no aparecimento da doença.

É possível a infecção entre os bóvidos e aves.

Os porcos na forma aguda apresentam respiração difícil, a morte produz-se por asfixia. A febre é alta, até 42 º C, a tosse é seca e breve.

Os porcos são portadores do gérmen, apresentando-se esta doença de forma esporádica e enzoótica.

A profilaxia da doença passa pela melhoria das condições ambientais, higiénicas e de alimentação, submetendo os alojamentos a desinfecções frequentes .

A vacinação de forma preventiva tem boa resposta se se faz em animais sãos e antes de que estes sofram qualquer causa de stress que diminua as defesas imunitárias dos porcos.

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