16 de Maio de 2018
A cotação dos porcos em Portugal manteve-se, na Bolsa do Porco, pela nona semana consecutiva. No mês de Maio costuma ser usual haver subidas das cotações, mas este ano tal ainda não ocorreu. Não ocorreu porque o mercado europeu ainda não o permitiu e porque o mercado português, além de por si só não ter essa capacidade, as vendas internas estão calmas e equilibradas em relação à oferta de porcos para abate.
Na Europa também há equilíbrio entre a oferta e a procura, já que esta última, contrariamente ao que era expectável, não arrancou a sério e isto apesar das exportações para Países Terceiros, no primeiro trimestre de 2018, terem subido 0,9%, visto que as compras de diversos países do Sudeste Asiático colmataram a descida nas vendas para a China (-9,9%). A China compra menos e quer comprar ainda mais barato, o que deixa uma situação desconfortável para o mercado europeu.
Paulatinamente os pesos começam a descer na Europa, fruto de uma menor oferta de porcos para abate e de uma procura elevada por parte dos matadouros, apesar das fracas vendas de carne. Este é um sinal positivo para o que o mercado nos reserva daqui para diante. Menos oferta, potencialmente maior consumo (o que é recorrente todos os anos nesta altura do ano) e boas perspectivas para que exista uma subida das cotações dos porcos em toda a Europa, Portugal incluído.
Apesar do mercado andar “parado” no que se refere às variações de cotação, não é por falta de abates que elas não sobem. Senão vejamos, nos primeiros 4 meses deste ano, e no que diz respeito aos países que mais porcos abatem na U.E., os abates só reduziram na Alemanha e de forma residual (-0,43%, ou seja, menos 70 mil porcos num total de 16,5 milhões), na Dinamarca subiram 4,77% para os 5,7 milhões de cabeças, na Holanda subiram 7,74% para os 5,2 milhões de cabeças, em França subiram 3,92% para 6,35 milhões de cabeças e em Espanha (dados para apenas Janeiro e Fevereiro), os abates subiram 7,87% para 9,4 milhões de porcos abatidos.
Em Espanha, nesta primeira quinzena de Maio, a cotação manteve-se em 1,156€/kg PV (1,541€/kg carcaça). Finalmente os pesos começaram a descer e, pela primeira vez este ano, estão nos 86kg, estando “apenas” 1,5kg acima dos pesos do ano passado.
A Alemanha voltou a descer a sua cotação nesta metade de Maio. A descida foi de 0,05€/kg para se fixar nos 1,37€/kg. Em todo o caso, a descida ocorreu logo na primeira sessão de mercado do mês, já que na sessão seguinte houve manutenção. Esperemos que a volatilidade do mercado alemão fique por aqui e que comecem a haver subidas de preço já que começa a haver reduções na oferta de porcos para abate e com os consequentes pesos a descer. Nesta quinzena desceram 400g para os 96,1kg. Tem havido aumento do consumo de carne em fresco (churrascadas) já que o tempo assim o tem permitido, mas há alguma redução no consumo de transformados e este factor traz alguma estagnação à venda de procutos por parte dos fabricantes, que assim não compram carne para transformar. Também há a considerar que o dia 10 de Maio (Quinta-Feira da Ascensão) foi feriado na Alemanha o que implicou menos um dia de abate neste país.
A Holanda acompanhou o comportamento do mercado alemão e desceu a sua cotação 0,03€/kg carcaça passando a cotação para 1,39€/kg. Os holandeses referem que esta descida teve um efeito positivo para estabilizar o mercado interno.
A Bélgica também desceu 0,03€/kg PV a sua cotação, ficando esta em 0,92€/kg PV.
A Dinamarca manteve a cotação nesta primeira quinzena de Maio em 1,19€/kg carcaça.
A França subiu 0,004€/kg carcaça a sua cotação na primeira metade de Maio sendo esta 1,189€/kg carcaça. Os pesos mantiveram-se nos 95,18kg carcaça. A segunda semana de Maio teve 2 feriados em França, o que implicou uma forte redução dos abates e a consequente estagnação do mercado. Veremos qual o comportamento do mercado francês à saída destes feriados, já que todos os analistas referem que começa a haver redução de oferta de porcos para abate e este dado será positivo para as semanas que se seguem.
Está a chegar o calor e estão a chegar os turistas, quer a Portugal quer a Espanha. O aumento sazonal do número de consumidores é essencial para dar dinamismo ao mercado da carne de porco. Só se espera que o Norte da Europa e as exportações também ajudem a este dinamismo.