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Peste Suína Africana continuará a avançar para oeste da Europa

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De acordo com um dos especialistas europeus com mais experiência na PSA, a França ou o Luxemburgo estão em destaque por serem os próximos países europeus onde a doença chegará, após a sua confirmação na Alemanha em 2020.

O ex-director do departamento de doenças suínas do Instituto Nacional Veterinário da Polónia, o professor Zygmunt Pejsak, responde a algumas questões sobre a propagação da Peste Suína Africana (PSA) na Europa.

Ficou surpreendido com a notícia da chegada da Peste Suína Africana à Alemanha?

Para ser honesto, não. Na minha opinião era apenas uma questão de tempo, porque estamos a falar de uma doença infecciosa em animais selvagens. Na Polónia aprendemos que o vírus da PSA se propaga de forma lenta mas constante na nossa população de javalis. As zonas com uma alta densidade de javalis facilitam uma propagação rápida da PSA e algumas regiões da Alemanha têm uma densidade muito elevada.

Porque razão devemos esperar que o vírus da PSA se continue a propagar para oeste de Europa?

Infelizmente, o vírus ainda pode chegar a outras partes da Europa através dos javalis. Por muitas razões a direcção geral do movimento dos javalis é em direcção ao oeste. Isto já significou a passagem da Rússia para a Bielorrúsia, dali para a Polónia e depois para a Alemanha. Provavelmente o próximo movimento será da Alemanha para a França ou para o Luxemburgo.

Como é que está a evoluir a população de javalis na Europa?

Não sabemos realmente quantos javalis há em cada país. Numa região da Polónia, estimamos que havia 1000, mas com a caça intensiva encontrámos pelo menos 25000. O que sabemos de todos os países é que a população está a crescer significativamente, impulsionada por factores que incluem a mudança para o cultivo de cereais a grande escala, o que lhes proporciona um bom lugar para viver e comer a maior parte do ano. Também é um factor importante que haja menos tempo para caçar como hobby.

Em comparação com a primeira experiência europeia com a PSA na década de 1960, o que é que mudou?

Uma diferença é que a densidade de javalis na Europa, nessa época, era consideravelmente menor. Além disso, o genótipo-1 do vírus da PSA não era tão virulento, a evolução da doença era mais crónica que aguda. Com o genótipo-2, que apareceu na Georgia, em 2007, a epidemia actual enfrenta um vírus altamente patogénico.

Quando a propagação do vírus depende da circulação dos javalis, quão rápido se espera que viaje?

Calculámos que, na Polónia, em condições normais, a PSA propaga-se entre os javalis a uma velocidade de 3-5 km/mês. Pelo que quando vemos um surto situado a mais de 250 km das regiões afectadas, atribuímo-lo a actividade humana, não aos javalis.

Qual deveria ser a conclusão quanto ao facto de que na Polónia tenha sido detectada PSA na maioria dos cadáveres de javalis encontrados nos bosques e campos, mas em poucos javalis atropelados?

A baixa percentagem de infecção em javalis atropelados nas estradas das regiões afectadas pela PSA está relacionada com a patogenicidade do vírus. Um ou dois dias após a infecção, o javali fica com febre alta e pára de se deslocar. Para o diagnóstico, o mais importante são os javalis mortos, não os vivos. É fundamental analisar todos os javalis mortos encontrados numa área para avaliar a situação epidemiológica da PSA. Se todos os javalis mortos forem negativos, pode ter certeza de que a região está livre de PSA. Nas regiões polacas afectadas, cerca de 80% foram positivos.

Quais os pontos chave para evitar que a infecção chegue aos porcos domésticos?

Nas zonas afectadas, os javalis mortos deviam ser procurados activamente de forma a tomar medidas para a eliminação de cadáveres de forma adequada, segura e o mais rápida possível. Na minha opinião, a procura activa é muito importante. A um nivel mais amplo, o primeiro ponto, essencial, é reduzir a população de javalis em toda a Europa. A segunda medida necessária é introduzir normas adequadas de biossegurança em todas as explorações suínas. Isto significa não só em explorações grandes, mas também nas muito pequenas. Por último, mas não menos importante, creio que deveriam ser fechadas todas as explorações caseiras, porque representam um risco real se não entendem realmente o que significa ser biosseguro.

Quais os factores que foram responsáveis pela recente e rápida taxa de propagação de infecções entre países europeus?

Embora a experiência dos países da Europa Central e Oriental, e agora também da Alemanha, indique que os javalis são os responsáveis ​​pelo transporte transfronteiriço mais próximo, na minha opinião é a transferência mecânica de material, por pessoas ou veículos, o que explica os longos saltos na transmissão do PSA. Não há relatórios específicos que indiquem a transmissão por aerossol e uma transferência de longa distância não seria devido, por exemplo, a insectos.

A pergunta é, a que velocidade podería acontecer?

Acho que a PSA provavelmente alcançará outros países europeus nos próximos anos. Não podemos esquecer que a PSA se espalha lentamente, dentro das explorações e entre a população de javalis. Na Polónia, o vírus levou mais de sete anos para atravessar o país de Este a Oeste, embora tenha sido dito que levaria apenas um ano. Considerando que levou apenas quatro anos para cruzar um país do tamanho da Rússia e entrar na Bielorrússia, e apenas um ano para chegar à Polónia, eu diria que a Polónia controlou muito bem a propagação da Peste Suína Africana!

Comentários ao artigo

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30-Nov-2021 OslerMuito interessante.
Muy interesante.
Very interesting
Très intéressant.
Bravo!!!
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