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Pleurite: impacto económico e estratégias de maneio

A prevalência da pleurite é surpreendentemente alta em porcos no matadouro. Um estudo recente de revisão encontrou dados desde 12,5% no Reino Unido, 26% em Espanha e até 41% em porcos individuais num estudo norueguês.

12 Março 2014
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O que é a pleurite e que prevalência tem?

A pleurite é um termo que define a inflamaçãp da pleura pulmonar. Esta inflamação desenvolve-se e deixa aderências fibrosas de colagénio entre os lóbulos pulmonares e a parede torácica o que, frequentemente, implica um trabalho de “limpeza” durante o processamento das carcaças. Qual é a prevalência da pleurite? Qual é o seu impacto económico e quais os conselhos de maneio podem ser feitos para corrigir os factores de risco?

Pericarditis

Figura 1. Lesões típicas de pleurite crónica. Destacam-se as aderências entre pulmones e a parede torácica, assim como a presença de pneumonia.

A prevalência da pleurite é surpreendentemente alta em porcos no matadouro. Um estudo recente de revisão encontrou dados desde 12,5% no Reino Unido, 26% em Espanha e até 41% em porcos individuais num estudo norueguês.

Surpreendentemente, houve evidência de pleurite em 80% de todos os lotes abatidos no Reino Unido entre 2005 e 2008.

Tabela 1. Dados recentes da prevalência de pleurite em porcos abatidos.

País Ano Prevalência
Bélgica 2009 21 %
Dinamarca 2000 25 %
Holanda 2004 22 %
Noruega 1991 41 %
Espanha 2009 26 %
Reino Unido 2012 12 %

A pleurite é dispendiosa para produtores e transformadores

O impacto económico da pleurite foi estudado por parte de produtores e, em menor grau, por transformadores. Um estudo, que teve em conta efeitos de grupo num total de 96.000 porcos abatidos de 80 lotes de abate que representava os maiores sistemas produtivos no Reino Unido, diz que por cada 1 % de aumento no nível de pleurite num grupo de porcos, houve uma redução do peso da carcaça de 70 g de média. Este número é a soma da perda de GMD e a necessidade de “abolir” estas carcaças com pleurite.

Por outro lado, o estudo encontrou que, por cada 1 % de aumento no nível de pleurite, houve um aumento de 0,26 dias na idade média de abate. Isto equivale aproximadamente a um custo de £30 milhões anuais no Reino Unido, se forem tidos em conta os preços do porco, da ração, uma prevalência individual de 12 % e o abate anual de 9 milhões de porcos.

O impacto económico da pleurite durante a transformação da carcaça é menos conhecido mas com 10% de prevalência é necessária, aproximadamente, uma redução de 8,5 % da velocidade da linha e uma mão-de-obra superior, o que resulta num custo extra de £0,29 por cada porco no grupo.

O impacto da pleurite sobre o bem-estar animal é mais difícil de caracterizar mas a elevada prevalência indica a presença endémica e prolongada de doenças respiratórias apesar das técnicas de produção modernas.

O acompanhamento da prevalência de pleurite no momento do abate é o primeiro passo para o controlo

O acompanhamento da pleurite no momento do abate é um pré-requisito para a implementação de um programa de controlo, determinar o impacto económico e justificar o gasto mas também para avaliar a resposta às intervenções a tempo.

Trimestralmente deveria ser realizada uma monitorização da presença de pleurite e outras lesões visíveis no matadouro usando tamanhos de amostra representativos estatisticamente (p.ex. 50 porcos por lote).

Controlo da pleurite usando princípios e factores de risco

O planeamento de um programa de controlo de pleurite que tenha relevância requer recorrer aos princípios básicos de controlo de doenças, assim como o conhecimento dos factores de risco. Em geral, o equiíibrio entre sanidade e doença depende de três tipos de factores: susceptibilidade do animal (p.ex. imunidade), desafio do patogénio e factores ambientais. A imunidade é normalmente modificada com vacinas contra os principais organismos patogénicos respiratórios, mas é afectada também (segundo o caso, pelo menos durante as 8-10 primeiras semanas de vida) pela imunidade maternal. Além disso, alguns factores como a alimentação da porca, a estrutura censal da exploração e o maneio na sala de partos podem também afectar esta transferência de imunidade maternal.

Outros factores importantes também são a genética (há alguma evidência de que a raça Hampshire é mais robusta) ou o efeito de alguns organismos patogénicos a reduzir a capacidade imunitária de um animal: PRRSV, PCV2 e Mycoplasma hyopneumoniae. Estes organismos patogénicos não só agem como agentes causais de uma infecção respiratória mas também debilitam parcialmente a imunidade inata dos animais para lutar contra outros organismos patogénicos.

Muitos estudos identificaram um importante número de organismos patogénicos que produzem pleurites e doenças respirotórias, normalmente agindo de forma combinada para produzir o que chamamos Complexo Respiratório Suíno (CRS). Além dos já mencionados, outros agentes patogénicos normalmente associados ao CRS e à produção de pleurites são Actinobacillus pleuropneumoniae, Pasteurella multocida e, em menor grau, Haemophilus parasuis e Streptococcus suis. Outros vírus, como o da gripe, Coronavirus Respiratório Suíno ou o vírus de Aujeszky também podem estar relacionados com este complexo. Com esta informação, um programa vacinal deveria ser desenhado de forma a basear-se no diagnóstico da exploração, principalmente análises serológicas, necrópsias e amostragens para microbiologia dos leitões jovens que mostrem sintomatologia respiratória.

Os factores ambientais são muito importantes na produção de pleurites, segundo mostram alguns estudos recentes destacando a importância do maneio tudo-dentro tudo-fora estricto (do desmame ao abate) (Jager et al 2012).

Este maneio estricto do TD/TF pode não ser possível em explorações pequenas ou muito velhas mas há evidências que a aplicação de práticas de maneio neste sentido ajudarão a reduzir a possibilidade de uma pleurite severa: por exemplo, restringir o intervalo de idades a menos de 1 mês no mesmo espaço, assim como a estrita limpeza e desinfecção dos currais entre os diferentes lotes de animais.

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