Correntes de ar e instinto de nidificar
A cama de palha dentro da barraca para parir é o elemento mais crucial para controlar a mortalidade. A cama deve ter uma altura suficiente para excluir as correntes de ar, ser o mais plana possível para não impedir o movimento dos leitões, seca para prevenir o arrefecimento e a palha não deve ser demasiado comprida para que os leitões não se enrolem. A porca tem que ter suficiente palha disponível e de boa qualidade para fazer um ninho. Se a barraca não está bem isolada, a porca não pode fazer uma boa cama porque as correntes de ar fazem com que não encontre uma zona de abrigo.
Existem duas fases na construção do ninho: na primeira fase a porca faz um buraco e na segunda reveste-o com materiais macios. O começo da segunda fase é determinada pela disponibilidade de material apropriado e quanto mais material disponível, mais rapidamente termina esta fase (Wischner et al, 2009).
Estudos observacionais demonstraram que uma porca que não pôde fazer um ninho à sua vontade antes de parir continuará a tentar fazê-lo durante o parto, resultando em 16 mudanças de postura durante o parto quando comparadas com as 5 mudanças nas porcas que têm a cama a seu gosto. Porcas às que se lhes forneceu 2kg de palha por dia a partir do dia 113 de gestação passaram mais tempo fazer o ninho se estavam alojadas em parques do que as que estavam em jaulas. As porcas em jaulas também se deixavam cair dentro da jaula para se deitarem depois de parir mais frequentemente do que as porcas em parques (Andersen et al, 2014). As porcas alojadas em jaulas abertas e com acesso a material para fazer ninho têm níveis mais elevados de ocitocina e prolactina 3 dias antes do parto em comparação com porcas enjauladas ou em jaula aberta com serradura (Yun et al., 2014) e as porcas em parque ou jaula aberta têm partos mais curtos e com menor intervalo entre leitões do que as porcas em jaulas (Gu et al, 2011).
Porcas intranquilas
No momento do parto e nos dias posteriores, é importante que as porcas estejam tranquilas. Os parques de partos costuma ser visitados apenas uma vez para colocar comida e, quiçá, uma vez mais apenas os que têm porcas recém-paridas ou que estejam a ponto de parir. É vulgar, numa exploração intensiva, que a maternidade seja um local de passagem, uma zona de armazém ou que seja visitada com frequência durante os partos para supervisionar, por vezes à pressa e entre tarefas. Isto pode ser contraproducente já que a porca necessita de tranquilidade e intimidade. O stress é antagonista das hormonas que favorecem o parto e a descida do leite (nos humanos está documentado o aumento de cesarianas desde que o parto está mais medicalizado) (Johanson et al, 2002).
Ingestão de ração pré-starter
Em estado salvagm, os leitões aprendem a comer observando a sua mãe. Com os comedouros elevados nas jaulas e os pratos separados para os leitões, estes não vêem o que come a sua mãe até que tenham tamanho suficiente para saltar para dentro do comedouro da porca. Em “outdoor”, as porcas costumam ser alimentadas em tolvas ou barris que permitem o acesso dos leitões, enquanto a porca come, a partir do momento em que são suficientemente grandes para sair da barraca. É interessante saber que já há ensaios feitos com tolvas para jaula que permitem que a porca coma por um lado e, ao mesmo tempo, permitem o acesso dos leitões pelo outro.
Relação com o operário
Se nos aproximamos com tranquilidade de um grupo de porcas em camping não é pouco comum que, após uma primeira reacção de cautela, estas venham até nós para interagir e que depois nos sigam pelo parque. Quando não há corredores, vedações sólidas nem jaulas, é praticamente impossível fazer com que uma porca de 200 kg faça algo que não deseja. Por isso, a relação que se desenvolve entre o animal e a pessoa é completamente distinta. Utiliza-se o reforço positivo com prémios de comida para mover animais de um sítio para outro e não convém apressá-las já que se se espantam podem fugir destruindo a vedação eléctrica à sua passagem, nos piores casos iniciando uma fuga.
Para reduzir a resposta de medo dos porcos é preciso um maneio positivo contínuo e regular. São necessários meses de comportamento positivo para contrariar uma experiência negativa (Coleman et al, 2000).
Formação de grupos de gestação e zona de fuga
As porcas gestantes são alojadas em 25 porcas por hectare e costuma-se tentar trabalhar com grupos de máximo 25-30 por parque. Os grupos costumam ser formados ao desmame tentando não os modificar até ao parto e definitivamente nunca antes das 8 semanas de gestação. Agrupam-se por tamanho e número de parto, mantendo, sempre que se possa, as nulíparas e as porcas de segundo parto separadas. Os grupos maiores e os grupos dinâmicos não parecem funcionar tão bem e os grupos não se vêem tão tranquilos e fixos. Os parques extensos permitem uma zona de fuga muito ampla que, ainda que não elimine a agressividade entre porcas, reduz a severidade das lesões. Nos sistemas intensivos de gestação em grupo, o espaço é limitado e costuma-se cumprir, à tabela, com os mínimos exigidos pela legislação. É evidente que não se podem fornecer essas zonas de fuga tão grandes, mas pode-se desenhar o espaço para que existam locais onde as porcas mais submissas se "escondam" e evitar sempre becos sem saída onde as porcas possam ficar presas entre uma parede e uma porca dominante.