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Políticas antibióticas em sanidade animal - uma ferramenta chave na cadeia alimentar

Estas políticas baseiam-se em potenciar todos os programas de medicina preventiva que aumentem a biossegurança, a higiene e desinfecção das instalações, um maneio mais adequado.

Já foi dito em capítulos anteriores que os antibióticos, em suínos, são uma ferramenta imprescindível para o tratamento e controlo de doenças bacterianas. Por outro lado, existem directrizes muito claras, vindas da União Europeia, sobre o uso de antibióticos em animais de produção. Estas políticas baseiam-se em potenciar todos os programas de medicina preventiva que aumentem a biossegurança, a higiene e desinfecção das instalações, um maneio mais adequado e, além disso, um maior uso das vacinas disponíveis no mercado. Estas medidas deverão ser acompanhadas de um uso prudente e políticas racionais de uso de antibióticos que, na certa, conseguirão uma redução progressiva do uso de antimicrobianos em produção animal e diminuirão a probabilidade de gerar microorganismos resistentes  nas populações animais.

Vindas da União Europeia e da Agência Espanhola do Medicamento, as políticas antibióticas em sanidade animal têm as seguintes directrizes concretas:

 

1.- Vigilância do consumo de antibióticos e das resistências antibióticas presentes na população

A primeira medida é monitorizar exaustivamente o consumo destes fármacos. Actualmente são emitidos relatórios periódicos sobre este consumo a nível europeu através dos relatórios da ESVAC. Nas figuras 1 e 2 é especificado o consumo total de antimicrobianos que há em cada país. Como pode ser observado, a Espanha é dos países que têm um maior consumo destes fármacos em unidades comparativas (mg antimicrobiano/PCU). É evidente que o uso de antimicrobianos feito no sector suíno deve ser reflectido em profundidade, colocando a questão de defender um uso terapêutico, metafiláctico e inclusive profiláctico em situações excepcionais. Neste sentido, os clínicos suínos devem de perguntar-se quais as patologias em que realmente são necessários os antimicrobianos, defendendo a questão com argumentos técnicos sólidos.

Ventas de antibióticos para producción animal en 2013Figura 1. Vendas de antibióticos para animais de produção, incluindo cavalos, em mg/PCU, em 26 países em 20131. *Amfenicóis, cefalosporinas, outras quinolonas e outros antibacterianos (classificados como tal no sistema ACTvet). 1As diferenças entre países podem ser explicadas pelas diferenças nos censos, na selecção dos agentes antimicrobianos, no regime de dosagem e o tipo de dados dos que se dispõe, entre outros. Fonte: "Sales of veterinary antimicrobial agents in 26 EU/EEA countries in 2013. Fifth ESVAC report"

Ventas de antimicrobianos en Europa en 2013

Figura 2. Vendas de antimicrobianos na Europa en 2013. Fonte: "Sales of veterinary antimicrobial agents in 26 EU/EEA countries in 2013. Fifth ESVAC report"

 

2.- Controlar a difusão de resistências

Outro dos pontos críticos é  controlar a presença e possível disseminação das bactérias resistentes nas populações animais e destas para o homem. Desde há algum tempo, existe um programa nacional de vigilância de resistências bacterianas em bactérias comensais e zoonósicas, tais como Escherichia coli, Salmonella spp e Campylobacter spp. Um dos objectivos também é monitorizar a presença de bactérias resistentes nos agentes patogénicos habituais dos porcos (ex: Pasteurella multocida). Neste sentido, pretende-se desenvolver um sistema que permita realizar esta monitorização a nível nacional que seja coordenado pela Agência Espanhola do Medicamento. É evidente que as políticas antibióticas estabelecem que é imprescindível limitar o uso profiláctico de antibióticos a casos com necessidades clínicas definidas e excepcionais. É evidente que uma redução no uso profiláctico de antimicrobianos levará a uma menor pressão para o aparecimento de bactérias resistentes na população.

 

3.- Identificar e impulsionar medidas alternativas e/ou complementares de prevenção e tratamento

É evidente que a melhoria das medidas de higiene, maneio e bem-estar animal é fundamental para que se possa reduzir o consumo de antimicrobianos. Por outro lado, é necessário que o clínico utilize com mais frequência testes de sensibilidade no processo de eleição do antimicrobiano para tratar uma condição clínica determinada. Outro ponto que se pretende potenciar são os métodos de diagnóstico rápido (ou in situ) para poder discernir, em tempo real, se estes fármacos são realmente necessários num caso clínico determinado. Por último, não deve ser esquecido que os programas de medicina preventiva (biossegurança, vacinas, etc.) devem ser revistos continuamente para adaptá-los à evolução epidemiológica das doenças nas populações.

 

4.- Formação e informação aos profissionais sanitários

As políticas quanto ao uso de antimicrobianos também pretendem mobilizar os profissionais da saúde para que tomem consciência que um melhor uso destes fármacos é a única opção para que continuem a ser uma ferramenta útil em sanidade animal. É evidente que os programas de formação contínua dos profissionais de saúde nas matérias relacionadas com as resistências antimicrobianas é o melhor investimento que se pode fazer para o futuro

 

5.- Comunicação e sensibilização da população no seu conjunto

O plano nacional de luta contra as resistências antimicrobianas também tem como objectivo sensibilizar a população no seu conjunto para a importância que têm os antimicrobianos tanto para saúde humana como animal. Além disso, deve ser explicado que os alimentos, neste caso de origem animal, adquiridos nas lojas e cadeias de distribuição são totalmente seguros para o consumidor já que foram realizados um grande número estudos sobre os antimicrobianos antes de poderem ser utilizados como ferramentas na produção animal.

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