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3 de Maio de 2013
Nova manutenção da cotação na segunda quinzena de Abril em Portugal.
São já 9 semanas consecutivas em que há manutenção de cotação, ou seja, desde o início de Março que o preço se mantém. Muitas semanas seguidas com manutenção de preço permite que haja alguma pressão negativista sobre os preços de mercado, quer dos porcos quer da carne.
Pior do que a manutenção foram as fortes descidas de cotação que ocorreram no mercado da Europa do Norte, principalmente na Alemanha (-0,06€), que arrastou as cotações holandesa e belga, como é hábito. Mas já lá vamos.
A Espanha, que é o mercado que mais nos influencia, "apenas" desceu cerca de 0,01€/kg carcaça esta quinzena e apenas o fez na última semana do mês. Os espanhóis justificam esta ligeira descida com a descida do Norte da Europa e com a dificuldade na venda de carne para a Rússia. O que normalmente se passa com o mercado espanhol é, se não vende a Leste da Europa terá que vender a Oeste e isso implica que tem que vender a Portugal, que é o único País que se encontra a ocidente de Espanha. Depois é mar.
Apesar das dificuldades na venda da carne, o peso dos porcos desceu ligeiramente nesta quinzena em Espanha.
Por um lado, o desemprego aumenta a olhos vistos de um lado e do outro da "fronteira", batendo records atrás de records. Não nos podemos esquecer que a redução do poder de compra das famílias afecta directamente o consumo de carne. E quanto a este facto (aumento do desemprego) não podemos esperar grandes melhorias nos próximos tempos, quer em Portugal quer em Espanha.
Em Portugal estima-se que os desempregados sejam perto de 1 milhão e em Espanha chegaram aos 6 milhões. Bem vistas as coisas, o total de desempregados existentes em Portugal e Espanha representam 70% da totalidade da população portuguesa. É quase "1 Portugal inteiro" que não tem trabalho e que não ganha para consumir. Este é um dado a ter em conta nos próximos meses quando falármos em consumo (seja de que produtos fôr) em Portugal e Espanha.
Redução do consumo implica redução de preços de venda ao consumidor para estimular o consumo e normalmente que "paga" esta redução é a produção e a indústria.
Por outro lado, o "embargo" russo à carne de porco congelada da U.E. (principalmente afecta a Alemanha, a Espanha e a França) está a prejudicar fortemente a subida de preços que se esperava para este início de Primavera. Com efeito, as ofertas de porcos dentro da U.E. são mais reduzidas (redução dos efectivos) e havendo menos porcos seria natural que a sua cotação subisse.
O que se verifica é o contrário, pois a carne excedentária não está a saír com a fluidez esperada e necessária ficando no mercado interno e este facto "pressiona" negativamente os preços da carne e, em consequência, as cotações dos porcos.
Assim, e como referi acima, esta proibição russa levou à forte descida das cotações alemã, holandesa (-0,06€/kg carcaça) e belga (-0,04€/kg PV).
Em França as cotações também desceram 0,07€/kg carcaça. O mercado francês também se queixa dos mesmos "males" que o restante mercado Europeu. Mercado "pesado" da carne implica descida das cotações dos porcos. As dificuldades na exportação para Países Terceiros que não são compensadas pelo aumento do consumo interno de carne de porco afecta fortemente as cotações.
Espera-se que venham as temperaturas quentes na Europa para estimular o consumo interno e também se espera que a Rússia publique (ficou de o fazer a meados de Maio) a lista de empresas Europeias que podem vender carne de porco para o seu País.
Em função destes factores o preço poderá subir, como todos esperam e desejam, até porque a rentabilidade terá que vir pelo aumento do preço de venda dos porcos visto que não se prevê descida do preço das rações para os próximos tempos de acordo com as indicações do mercado das matérias-primas.
Como disse há 15 dias atrás no meu comentário, o que se passar nestas próximas semanas (no mês de Maio, principalmente) terá fortes implicações no resto do ano 2013 para o mercado do porco (português e europeu).
