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16 de Janeiro de 2015
O início do ano é sempre complicado para o mercado do porco em Portugal. Desde logo os consumidores estão descapitalizados, o mês é “muito longo” e por isso as vendas da carne e produtos do porco são fracas. A somar a todos estes factores negativos, há porcos acumulados nas explorações que não foram abatidos devidos aos sucessivos feriados de Natal e Ano Novo que reduziram o número de dias de abate por parte dos matadouros.
Adicionalmente, existe no mercado um certo sentimento de que o ano que agora começa não será um bom ano para os suinicultores. As mais diferentes análises de mercado apontam para que assim seja e o ano começa com um preço bastante baixo quando comparado com os preços do ano passado ou de há 2 anos atrás.
É-me difícil poder dar informação exacta já que não existe cotação de referência da Bolsa do Porco, mas em relação a Espanha a redução de valor entre cotação da primeira semana de 2014 e a mesma semana de 2015 é de 0,22€/kg PV (cerca de 0,30€/kg carcaça). Portanto, entre 22,00 e 24,00€ a menos por porco em Espanha o que deverá ser muito parecido em Portugal.
Apesar de não haver uma cotação de referência para o mercado português, o Boletim SIMA do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura dá como cotação média de venda dos porcos em Portugal, na primeira semana do ano 2014, o valor de 1,68€ e na mesma semana de 2015 o valor é de 1,41€ (diferença de 0,27€/kg carcaça).
Muito bem, após esta ligeira análise há que assinalar que a cotação na Bolsa do Porco baixou apenas 0,006€/kg carcaça nesta quinzena mas que a descida no mercado foi de 0,03-0,04€/kg carcaça andando as cotações base de referência por volta de 1,30€/kg carcaça.
Em Espanha, as cotações desceram esta quinzena -0,02€/kg PV, cerca de 0,026€/kg carcaça. A cotação está nos 1,023€/kg PV, ou seja, aproximadamente 1,364€/kg carcaça.
Neste País, o ritmo de abates é bom e elevado que irá permitir ir escoando, a pouco e pouco, o excesso de porcos que ficaram por abater. Por outro lado, e como factor positivo do período das Festas ressalva-se o preço elevado com que a indústria espanhola conseguiu vender a carne já que a procura foi boa e não houve necessidade de baixar o seu preço ao consumidor. Assim, a indústria conseguiu subir a sua margem o que lhe permite enfrentar o mês de Janeiro com outro folêgo
Dos grandes países produtores da U.E., a Espanha é a que tem o preço dos porcos mais elevado já que houve outros países que baixaram cotações.
Desde logo a Alemanha que desceu 0,04€/kg carcaça (cotação em 1,28€/kg carcaça) e arrastou consigo, como é normal e habitual, as cotações europeias do porco.
Espera-se que, com a desvalorização do Euro face ao Dólar (-14% desde o verão, em que cada euro valia 1,36 dólares e agora vale 1,18) conjugada com a descida de 30% do preço da carne de porco na U.E. o traz um aumento de competitividade da carne europeia face à norte-americana, canadiana e brasileira e ainda com a perspectiva de arranque do consumo na China possam haver condições óptimas para o escoamento de carne de porco excedentária para Países Terceiros e com isso aliviar o mercado interno permitindo uma subida das cotações.
Nesta quinzena houve comportamentos diferentes dos mercados holandês e belga. Assim, a cotação da Holanda baixou 0,03€/kg para 1,19€/kg carcaça e a da Bélgica manteve-se em 0,90€/kg PV.
A Dinamarca também teve um comportamento igual ao da Alemanha e desceu 0,04€/kg carcaça (cotação em 1,17€/kg carcaça). Esta descida dinamarquesa, quase seguramente, irá pressionar o preço alemão levando-o à descida. Veremos se assim é.
A França também baixou a sua cotação (-0,017€/kg carcaça, cotação em 1,102€/kg carcaça de preço base) apesar do bom e elevado ritmo dos abates. Estas duas primeiras semanas do ano são as de maior número de porcos abatidos em todo o ano e por isso está a fazer-se um bom escoamento dos porcos em excesso nas explorações. Apesar deste bom escoamento, dificilmente a frança não descerá a cotação nas próximas semanas.
Aproximam-se semanas complicadas para o mercado do porco, apesar de haver alguns sinais que poderão fazer inverter esta tendência. Veremos o que prevalece, se as nuvens negras ou os raios de sol.
