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Preço do porco em Portugal entra no “vermelho”

Na primeira quinzena de Outubro houve mais do mesmo tal como durante todo o mês de Setembro. Ou seja, as cotações continuaram a descer e com muito significado.

17 de Outubro de 2014

Na primeira quinzena de Outubro houve mais do mesmo tal como durante todo o mês de Setembro. Ou seja, as cotações continuaram a descer e com muito significado.

Com efeito, se na segunda quinzena de Setembro houve uma tempestade nos preços do porco em Portugal, a primeira quinzena de Outubro foi um verdadeiro furacão nos preços. A descida foi de 0,189€/kg carcaça, o que representa cerca de 15€ a menos numa carcaça de 80kg. Muito significativo.

Mas ainda mais significativa é o total da descida verificada desde 31 de Julho (semana em que os porcos começaram a descer e em que apenas houve uma semana em que mantiveram cotação) que é de 0,3985€/kg carcaça, ou seja, para a mesma carcaça de 80kg a redução de receita é de 32€.

Apesar dos preços da ração terem baixado, o que implica uma redução dos custos de produção, esta descida da cotação dos porcos leva a que os suinicultores estejam a trabalhar abaixo do custo de produção, o que não era previsível há 3 meses atrás.

Os pesos dos porcos aumentaram e tem havido adiamentos por parte dos matadouros já que os consumos de carne andam fracos e a entrada de carne espanhola também dificulta o escoamento da carne portuguesa. Os matadouros não vendem carne e por isso não abatem porcos. Simples!

Em Espanha as cotações também baixaram 0,092€/kg PV (cotação em 1,12€/kg PV) o que representa cerca de 0,123€/kg carcaça. O mercado espanhol queixa-se da concorrência da carne alemã que é vendida em Espanha a preços mais baratos e que os “obriga” a vira para o mercado francês e para os mercados de Países Terceiros.

As vendas para mercados de países Terceiros andam a bom ritmo, já que o Euro desvalorizou face ao Dólar Americano e as cotações na U.E. são bastante mais baixas que as dos Estados Unidos, Brasil e Canadá, mas não são suficientes para fazer escoar todos os excedentes de Espanha e também de Alemanha.

Por outro lado, e segundo o Boletim da Mercolérida, os grandes supermercados espanhóis não têm feito repercutir nos preços da carne as descidas nos porcos o que poderia ajudar a estimular o consumo interno de carne de porco no país vizinho.

Como referi acima, a Alemanha anda a procurar colocação para a sua carne, seja em mercados de Países Terceiros seja no mercado interno da U.E (leia-se Espanha e França). Para que a carne alemã seja tenha preços competitivos foi necessário baixar as cotações dos porcos, e a Alemanha foi o primeiro país da U.E. a fazê-lo o que acabou por arrastar os preços dos restantes países.

Nesta quinzena, a Alemanha voltou a descer 0,10€/kg carcaça (cotação em 1,40€/kg carcaça) mas deu um sinal positivo ao mercado Europeu mantendo a cotação na segunda semana do mês, travando assim as descidas anteriores. Será que acabou a descida na Alemanha e agora, após alguma estabilidade no mercado, os preços voltarão a subir? Esperemos que sim.

Na Alemanha os pesos dos porcos continuam elevados e os consumos fracos, mas espera-se que as condições se possam alterar até porque os suinicultores, nestas últimas semanas, têm pressionado menos para que sejam abatidos os seus porcos.

Tal como é habitual, os preços da Holanda e da Bélgica também desceram, empurrados pela descida alemã. Assim, a Holanda desceu 0,13€/kg carcaça (cotação em 1,29€) e a Bélgica desceu 0,05€/kg PV (cotação em 0,94€/kg PV)

Outra descida com significado, até porque as descidas costumam ser bastante moderadas (tal como as subidas), foi na Dinamarca. Nesta quinzena a cotação desceu 0,06€/kg carcaça (cotação em 1,26€) já que a Dinamarca está com enormes dificuldades em poder colocar a sua carne em mercados de países Terceiros e ainda com maior dificuldade em coloca-la nos mercados da U.E.

A França desceu 0,078€/kg carcaça nesta quinzena (cotação em 1,175€/kg de preço base) e tem sofrido, como vimos acima, forte concorrência da carne espanhola e alemã o que já levou os suinicultores franceses a fazerem manifestações à porcas de alguns estabelecimentos que compram aquela carne. Alguns destes estabelecimentos, com receio de algumas retaliações, começaram a comprar menos carne espanhola e alemã o que poderá estimular o consumo de carne francesa.

Os abates em França estão ligeiramente abaixo do habitual o que é justificado pelo embargo russo - menos vendas de carne implica menos abates – mas também pela pressão da oferta de carne de outros países Europeus, como referi.

Se a U.E. já não vendia carne de porco para a Rússia desde Fevereiro, porque só agora (desde Agosto) é que os preços estão a ser afectados? Porque existem agora outras carnes (bovino, aves) que estavam a ser vendidas para a Rússia até ser aplicado o embargo e que agora ficam no mercado interno da U.E. e que competem com a carne de porco. Há mais carne para ser consumida no mercado interno, não apenas de porco mas também de outras espécies.

Que se espera para as próximas semanas? Pois, é difícil de dizer mas considerando a manutenção do preço alemão e o equilíbrio entre as diferentes cotações dos diversos países da U.E., creio que poderemos entrar num período de estabilidade que, veremos, poderá dar origem a alguma subida na cotação durante os últimos dois meses de 2014.

Cá estaremos para o confirmar, ou não!

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