3 de Junho de 2016
Com uma nova e significativa subida da cotação dos porcos na segunda quinzena de Maio, que no total foi de 0,115€/kg carcaça na Bolsa do Porco, passando a cotação para 1,581€/kg, o preço dos porcos começa a atingir os níveis mínimos necessários para ficarem acima do custo de produção após mais de 6 meses abaixo deste limiar. Esta subida representa cerca de 9,00€ a mais em porco, que a juntar aos anteriores cerca de 18,00€, dá um aumento de receita por porco na ordem dos 25,00€. Muito bom para quem, há cerca de um mês e meio, esperava um mercado pautado pelos preços baixos e pela continuação das perdas por parte da produção.
Os porcos portugueses continuam a ter mais procura do que a oferta existente e isso tem levado a que os pesos baixem. Por outro lado, nos próximos meses a oferta deverá reduzir-se ainda mais já que, sendo o habitual para esta época do ano, houve um dado adicional que fará diminuir a oferta de porcos para abate: a redução do efectivo reprodutor no último quadrimestre de 2015.
Em todo o caso, e apesar da subida acumulada de 0,371€/kg carcaça nas últimas 6 semanas, a carne na grande distribuição continua demasiadamente barata com preços da ordem dos 2,29€ para bifanas da perna, 3,19€ para o lombo sem osso, 2,29€ para as costeletas e 3,99€ para o entrecosto. Como é que se podem ter preços destes na carne a ser vendida ao público quando a cotação dos porcos está a quase 1,60€.
Um outro dado que me parece importante de frisar é que algumas empresas no país vizinho apontam para que o último trimestre de 2016 seja melhor do que este 2º trimestre do ano sendo que a grande responsável por esta situação é a China que continua a comprar carne de porco como nunca. A ser assim, o ano 2016 será um ano menos mau, apesar do seu 1º trimestre.
Em 2015, as exportações da UE Países Terceiros foram superiores às exportações de 2013 (último ano em que se fizeram exportações para a Rússia) o que quer dizer que neste momento a abertura da Rússia, em termos de quantidades exportadas pela EU, será um falso problema. Em todo o caso, quanto mais depressa abrir o mercado russo, melhor para a fileira suinícola europeia.
Esta tendência de subida deve-se manter nas próximas semanas, o que também já é habitual todos os anos, a única incógnita é saber quanto mais irão subir os porcos e por quantas mais semanas.
Da forma como a Espanha está a vender carne de porco para a China, outro comportamento não seria de esperar a não ser a subida da cotação em Lérida. O valor da subida foi 0,073€/kg PV (cerca de 0,097€/kg carcaça) ficando a cotação em 1,143€/kg PV (cerca de 1,524€/kg carcaça). Com tanta procura interna de porcos, os espanhóis têm oferecido muito menos porcos no mercado português.
Neste momento, os pesos em Espanha baixaram significativamente em comparação com semanas anteriores (- 3kg em 2 meses) e está apenas 300g acima do peso da mesma semana do ano passado. A procura de porcos é muito superior à oferta e os produtores, sejam eles individuais ou as integrações, terão que tirar porcos mais leves para fazer face aos pedidos. Mas com a tendência de subida no mercado, ninguém quer tirar porcos leves nem antecipar saídas porque sabem que na semana seguinte os porcos irão valer mais dinheiro e cada quilograma a mais de peso que os porcos possam ter representa uma receita adicional para as tesourarias dos produtores.
Na Alemanha, e tal como sucede na restante UE, a cotação voltou a subir. Desta feita o montante da subida foi de 0,06€/kg carcaça, fixando-se a cotação em 1,48€/kg na segunda quinzena de Maio. A oferta não é capaz de satisfazer, na totalidade, a procura de porcos, mas como houve um Feriado (Corpo de Deus) os pesos subiram ligeiramente (+200g) e estão nos 96kg carcaça.
Nesta quinzena, tanto a Holanda como a Bélgica subiram as suas cotações. A Holanda subiu 0,03€/kg carcaça para os 1,41€/kg carcaça e a Bélgica subiu 0,06€/kg PV para 1,02€/kg PV.
A Dinamarca também voltou a subir a sua cotação esta quinzena em 0,06€/kg carcaça, fixando-se em 1,30€/kg carcaça. É a quarta semana consecutiva que este país sobe a cotação dos porcos e esta cotação já é mais alta do que a do ano passado nesta mesma semana. Este é um dado a ter em conta já que os dinamarqueses são muito parcos e comedidos para fazer mexidas nas cotações dos porcos. Esta subida de cotação, além da influência positiva trazida pelas vendas de carne, também está influenciada por uma redução do efectivo e como continuam as vendas de leitões para engordar fora da Dinamarca, estes dois factores levam a uma menor oferta de porcos para abate.
Em França a cotação subiu 0,059€/kg carcaça, fixando-se a cotação e 1,251€/kg carcaça. Os abates estão nos 381 mil porcos semanais e os pesos mantiveram-se nos 94,7kg carcaça. Ao contrário dos outros países, em que os pesos desceram com algum significado, em França tal não aconteceu e mesmo assim as cotações subiram. Ainda para mais, tem havido forte agitação social em França, com greves diversas que prejudicam os transportes de mercadorias (greve das refinarias) e que noutras alturas teriam grande impacto no envio de animais para abate e de carne para os postos de venda. Desta vez nem se notam as graves. Tão diferente está o mercado do porco francês daquele de há meia dúzia de semanas atrás.
O mês de Maio foi muito bom para a retoma das cotações. Tal como disse acima, as subidas irão continuar faltando apenas saber quanto tempo mais e para que valor. Aguarda-se com expectativa o desenrolar do mês de Junho que agora se iniciou.