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28 de Fevereiro de 2014
Devido às convulsões do mercado do porco Europeu por encerramento da fronteira russa à entrada de carne de porco da U.E., houve uma ligeira descida na cotação dos porcos em Portugal na segunda quinzena de Fevereiro (-0,033€/kg carcaça), se bem que na última semana do mês tenha havido manutenção.
Ou seja, depois do pânico e do choque os mercado recompuseram-se e equilibraram-se em função do comportamento dos mercados da Alemanha e da Espanha. No caso de Portugal, é o país vizinho que
mais influência tem no nosso mercado.
Por outro lado, o que se vem verificando em grande escala no mercado da carne em Portugal são as promoções de "arromba" de carne de porco em todos as cadeias de distribuição (Sonae, Jerónimo Martins, Mosqueteiros, Auchan, Leclerc) em que esta carne é excessivamente barata (alguma peças nobres com osso são vendidas abaixo da cotação de mercado dos porcos).
Estas promoções chamam os consumidores mas são suportadas pelos produtores. Até quando?
Esperemos que a resposta a esta pergunta tenha sido dada pelo anúncio, esta semana, por parte da Ministra da Agricultura de Portugal da produção de legislação que impeça a venda de produtos abaixo do preço de custo e abaixo do preço de compra e que servirá para proteger os contratos assinados de serem alvo de descontos.
Assim, a nova legislação relativa a práticas individuais restritivas de comércio (PIRC) não impede as promoções, mas obriga a que elas sejam anteriormente negociadas por ambas as partes, mas proíbe qualquer efeito retroactivo sobre o fornecedor.
De todas as formas, nem tudo é mau no mercado. Os russos andam a exigir, por parte da U.E. de garantias sobre as medidas de controlo da Peste Suína Africana (apareceram 2 focos na Polónia além dos que tinham aparecido na Lituânia) e andam a pressionar para que se faça uma regionalização do território da U.E. como sendo uma das únicas soluções para comprarem carne de porco aos Estados Membros (apenas a alguns).
Na opinião dos russos, os países que poderiam exportar com maior facilidade seriam a Espanha, a França (criaram a semana passada a marca "carne de porco francesa" (além de terem criado a "carne de bovino francesa", "carne de ovino francesa", etc, havendo um rótulo que a identifica e que garante que os animais foram nascidos, criados e abatidos em França), a Itália e Portugal.
Será que vamos aumentar as nossas exportações de carne de porco para a Rússia?
A exigência de regionalização feita pelos russos é apoiada por alguns Estados Membros (principalmente a França) mas é contrariada pela Comissão Europeia que, se ceder, poderá criar graves divisões no seio da União Europeia.
Ainda assim, na Rússia os industriais que necessitam da carne da U.E. para poderem trabalhar e produzir os seus produtos, vêem-se a braços com falta de carne e com a subida dos preços da sua matéria-prima e pressionam o Governo de Putin a acabar com o embargo à carne de porco da U.E.
O mercado anda mesmo do avesso!
De qualquer forma, quero ressalvar que o mercado russo não compra carne refrigerada nem congelada à U.E. mas que está a comprar produtos transformados (cozidos e curados) o que permite ir escoando alguma coisa.
Em Espanha a cotação desceu 0,028€/kg PV nesta quinzena (1,198€/kg PV é a cotação de Lérida que é a mais baixa desde 2010), e os espanhóis estão à espera que possam ser os grandes beneficiados com
as imposições da Rússia e que possam ser um dos Estados Membro que exportem para aquele país. Se assim for, o preço irá subir seguramente nas próximas semanas até porque, nestas semanas, a oferta é inferior á procura.
A Alemanha, desceu apenas 0,02€/kg carcaça (cotação em 1,50€/kg carcaça) o que é um indicador de que o mercado se vai equilibrando apesar de não venderem carne para a Rússia, pois as os porcos escoam-se normalmente e não há porcos atrasados nas explorações.
A Holanda desceu 0,06€/kg carcaça (cotação em 1,44€/kg carcaça) e a Bélgica desceu 0,04€/kg PV (cotação em 1,03€/kg PV). A Holanda espera com grande expectativa a regionalização da Europa para poder enviar carne para a Rússia já que se crê que os russos não levantem problemas à carne holandesa.
Depois de se ter mantido sem alterações na primeira quinzena do mês, a Dinamarca desceu a sua cotação 0,06€/kg carcaça (cotação em 1,37€/kg carcaça). Os dinamarqueses tem tido reuniões bilaterais com as autoridades russas para darem garantias de que o seu programa de controlo da Peste Suína Africana funciona e que as exigências russas relativamente a questões de segurança alimentar e biossegurança serão cumpridas.
Veremos o que resultados darão estas reuniões bilaterais.
A França subiu 0,025€/kg carcaça (cotação em 1,431€/kg carcaça) já que a oferta interna de porcos não é demasiado abundante e o seu mercado tem conseguido absorver a carne que é colocada no mercado francês. De todas formas, os produtores franceses têm sido dos que mais tem pressionado a Comissão Europeia, através do Ministério da Agricultura francês, para se avance rapidamente para a regionalização da U.E. visto que com a criação da marca "carne de porco francesa" crêm que poderão ter enormes vantagens na exportação para a Rússia. Há que esperar, portanto!
Estamos no "salve-se quem puder" na Europa e iremos entrar em Março com o mercado confuso.
Veremos que o nos trazem as negociações com a Rússia e que efeitos os resultados dessas negociações terão no mercado do porco da U.E. e, consequentemente, no português.
