29 de Março de 2019
Continuou a subida da cotação dos porcos na Bolsa do Porco durante a segunda quinzena de Março. A subida foi de 0,095€/kg carcaça e desde início de Fevereiro a cotação já subiu 0,284€/kg carcaça. E irá continuar a subir.
As subidas fortes que ocorreram em todos os mercados europeus são fruto da enorme procura de carne por parte dos chineses. Finalmente, começa a haver falta de carne no mercado chinês e houve que começar a procurá-la nos grandes exportadores mundiais, como são os casos da Espanha, da Alemanha, da Dinamarca, dos Estados Unidos e do Brasil.
De acordo com as informações disponibilizadas pelo Ministério da Agricultura da China, a redução do efectivo total de suínos é de 16,6% em Janeiro de 2019 relativamente ao período homólogo. Quanto o efectivo reprodutor, a redução é de 19% no mesmo período, o que representa uma redução de cerca de 6 milhões de porcas. Para que se possa ter um termo de comparação, o efectivo reprodutor na U.E.-28, em Dezembro de 2018, eram 11,8 milhões de porcas. Portanto, a redução do efectivo reprodutor na China, até Janeiro de 2019, representava mais de metade do efectivo reprodutor da U.E.
Este menor número de porcas (e estou seguro que o seu número irá continuar a baixar, pois o vírus da Peste Suína Africana continua a alastrar descontroladamente na China) irá implicar uma redução de oferta de porcos de abate nos próximos meses (e quiçá, anos). Pensando numa média de produção de 20 porcos de abate por porca reprodutora (creio estar a ser comedido na produtividade na China), serão mais de 120 milhões de porcos que faltarão para abate naquele país e o mercado terá que ser abastecido de carne de porco.
Há a juntar aos problemas de Peste na China, o aumento do aparecimento de focos de Peste Africana no Vietname, um dos maiores produtores de suínos do mundo. Até à semana passada já eram mais de 130 os focos confirmados e a tendência é de irem aumentando exponencialmente.
Por outro lado, e com a perspectiva de aumento da procura de carne de porco na U.E por parte dos chineses, junta-se uma redução de efectivo reprodutor na Europa, tal e como referi há umas semanas atrás. A redução do efectivo reprodutor na U.E. é de 3%, aproximadamente. Em função destes dados, as previsões para o mercado do porco europeu é de subida forte das cotações, caso se mantenham todas as condicionantes actuais (sem que haja o aparecimento de focos de Peste Africana em nenhum dos grandes países produtores da Europa).
Toda esta análise positiva ao mercado actual e ao mercado futuro têm trazido um aumento na procura de leitões para engorda, cujo preço tem subido e se mantém alto para aquilo que é habitual noutros anos. No mercado de futuros de Chicago os porcos subiram 30%, na China a subida é 20% e na U.E., no final do mês de Março, a subida é de 10%.
Para além disso, a continuar a redução de efectivo na China, irá haver uma menor procura de matérias-primas para a alimentação animal em todo o mundo e isso poderá implicar uma redução dos seus preços, com o consequente abaixamento dos custos de produção.
Na Europa, houve uma subida generalizada das cotações dos porcos em todos os países, com uma redução de pesos em carcaça fruto de uma menor oferta de porcos para abate e de uma maior procura por parte dos matadouros que têm os clientes a pedir mais carne. O mercado começa a regularizar-se, mas não é habitual que na Quaresma haja condições tão favoráveis de mercado e que os preços estejam nos valores em que estão. Também nos Estados Unidos e na China as cotações subiram com grande significado, sendo as subidas de 11 cêntimos e 19 cêntimos, respectivamente.
Em Espanha a cotação subiu 0,068€/kg PV (+0,091€/kg carcaça) para 1,123€/kg (1,631€/kg carcaça) na segunda quinzena de Março. Os pesos desceram cerca de 300kg nos últimos 15 dias e já se encontra bastante abaixo do peso do ano passado.
Na Alemanha, a cotação subiu mais nesta quinzena do que nos 6 meses anteriores. A subida foi de 0,10€/kg carcaça passando para 1,50€/kg carcaça sem que tenha havido alteração no peso de carcaça, que continua em 96,5kg de carcaça. A procura de porcos aumentou fortemente e não há oferta suficiente. Os matadouros também tiveram condições para aumentar o preço da carne, melhorando a sua margem. Os vendedores contam subir ainda mais os preços da carne nas próximas semanas, seja para vendas no marcado interno seja para exportação. O preço das porcas de refugo também aumentou bastante com esta melhoria no mercado da carne.
Na Holanda a cotação subiu 0,04€/kg carcaça passando a cotação para 1,47€/kg carcaça. A forte subida do mercado alemão implicou uma subida das cotações na Holanda. Na Bélgica a cotação subiu 0,09€/kg PV para 1,00€/kg PV.
A Dinamarca subiu 0,05€/kg carcaça passando a cotação para 1,22€/kg carcaça. Há aumento da procura de todas as peças e isso traduz-se num aumento do preço da carne e, consequentemente, dos porcos.
Em França a cotação subiu 0,10€ nesta quinzena para se situar em 1,333/kg carcaça. Os pesos baixaram 300g para os 96,0Kg e estão 500g acima do peso da mesma semana de 2018. A procura de carne, quer a nível interno quer a nível externo (principalmente este) contribuiu para o aumento da cotação dos porcos no mês de Março.
Com a chegada da Primavera, do sol e do calor, o mercado está bastante risonho. Se o mês de Março foi bom, tudo indica os próximos meses ainda serão melhores e até o próximo ano será melhor que até aqui. Claro que isto são previsões e as previsões, por este ou aquele motivo, poderão falhar. Esperemos que não falhem porque a Fileira bem precisa que o mercado seja bom.