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Progredindo adequadamente

Se só tivéssemos em conta as colheitas e os consumos estaríamos quase convencidos que, pelo menos na zona euro, os preços deveriam continuar uma tendência baixista já que temos tido uma colheita record de cereais no mundo e, ainda que os consumos continuem aumentando, os aumentos são menores que em anos anteriores devido à crise.

No mercado existe a crença geral que os vendedores pretendem sempre encarecer as matérias-primas. Não entraremos em discussão mas realmente creio que o principal objectivo dos vendedores, quer sejam comerciantes ou multinacionais, é poder apresentar um balanço com lucros no final do ano como qualquer empresa. Gostemos ou não, então, que as matérias sejam caras ou baratas dependerá em grande medida do preço das mercadorias na origem e a nível internacional. Quero fazer finca-pé neste detalhe para que constatemos que o facto das mercadorias baixarem e sejam baratas (sempre que deixemos de lado as posições que têm já em seu poder uns e outros) beneficia tanto os compradores como os vendedores. A estes últimos, de duas maneiras, a primeira é que necessitam menos capital circulante para financiar as suas compras e a segunda é que baixam o risco (pelo que podem vender um maior volume de mercadoria a um mesmo cliente), para que nos entendamos, se por exemplo o milho tem um preço de 250 €/ton, um vendedor qualquer poderia vender por exemplo 1.000 ton ao seu cliente, se pelo contrário o preço do milho é de 125 €/ton, este mesmo vendedor poderá assumir o risco de vender 2.000 ton ao mesmo cliente.


Agora centremo-nos no mercado. Se só tivéssemos em conta as colheitas e os consumos estaríamos quase convencidos que, pelo menos na zona euro, os preços deveriam continuar uma tendência baixista já que temos tido uma colheita record de cereais no mundo e, ainda que os consumos continuem aumentando, os aumentos são menores que em anos anteriores devido à crise. Os stocks finais de campanha continuam sendo aceitáveis, sobretudo de trigo e arroz, e algo preocupantes os do milho e da cevada, este último supondo que as estimativas de colheita não se corrijam outra vez em alta, como se passou nos últimos relatórios, ou que os consumos de milho para etanol se corrijam em baixa, o que faria com que os stocks finais fossem melhores do que o previsto. Para mais INRI, grande parte do aumento na produção de trigo e milho está na Europa e também na Rússia e Ucrânia (zonas de influência do consumo europeu).


Então, onde surgem as minhas dúvidas? Basicamente, como já comentei em muitas ocasiões, desde a liberalização dos mercados financeiros, os consumos e as colheitas são uma condição necessária mas não suficiente no que ao preço dos cereais se refere, sobretudo a curto prazo.


Se nos centramos no mercado local, continuam a ser curtos de trigo até final do ano por parte dos compradores. Deveríamos ter em conta que cada vez fica menos trigo nos portos espanhóis que provenha dos TRQ (ou seja, sem que tenha carga de Levy que, para que todo o mundo o entenda, é um tipo de taxa niveladora). Ao dia de hoje, à parte, as possibilidades de trazer trigo da Roménia, Polónia a preços competitivos são cada vez mais escassas, tanto que já passou a pressão de colheita. Portanto, entendo que até ao ano que vem que haja novos TRQ, se é que irão haver, as descidas do trigo são bastante escassas.


No que à cevada se refere, continua guardada e bem vigiada pelos agricultores. Então, seja porque esperam a sementeira ou por motivos fiscais, intuo que a vontade de a vender não aparecerá até ao ano que vem. Mas tenhamos presente que em Espanha contamos com stocks de cevada, calcula-se que ao redor de 5 milhões e meio de toneladas.


Para compensar tudo isto, cada vez aparecem mais ofertas de milho, sobretudo a partir de Dezembro. Como já tínhamos comentado, os 10 milhões de toneladas a mais que pode exportar a Ucrânia junto com os 8 milhões de toneladas a mais de colheita na Europa dos 27, entendo que começará a notar-se.


A proteína continua o seu curso. Chegou-se a preços bastante interessantes mas, como vem ocorrendo desde há unos meses, parece que o suporte de preço continua situado à volta dos 280-285 €/ton. Desta vez creio que se fizeram mais coberturas a longo prazo, e se tivermos em conta que as bases que se tiveram na altura, estas melhoram estes preços “psicológicos”. Entendo que os compradores possam estar tranquilos e sem más disposições pela primeira vez em muito tempo no que à farinha de soja se refere.

Jordi Beascoechea
Jordi Beascoechea

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