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Protocolos sanitários para a entrada de marrãs de reposição (1/3)

O período de isolamento e adaptação, não é negociável, é um investimento.

O isolamento e a adaptação, são os passos críticos para o início da vida produtiva das marrãs de substituição. O objectivo do isolamento e da adaptação, é a prevenção da introdução de novos agentes patogénicos na nossa exploração, manter a estabilidade do efectivo e permitir a adaptação dos novos animais aos agentes patogénicos da exploração receptora antes da sua entrada na mesma e na sua vida reprodutiva.

Uma maneira simples e visual de descrever as múltiplas peças que compõem o processo de introdução da reposição na exploração poderá ser a tabela seguinte. Nela observam-se os diferentes elementos de cada peça, assim como os possíveis factores de impacto no resultado final de cada uma das partes. Deve-se ter em conta que a categorização de cada factor não implica que o impacto seja positivo ou negativo.

 

Processo Isolamento Adaptação
Fase Monitorização Exposição Recuperação
Objetivo Evitar introdução patogénicos Maximizar imunidade Minimizar excreção
Impacto Quarentena (instalações/processo) +++ - -
Localização +++ - -
Sanidade exploração origem +++ ++ +
Recria on site vs. off site ++ +++ ++
Fluxo na recria (tudo dentro/tudo fora vs. fluxo contínuo) ++ +++ ++
Frequência de introdução - +++ +++
Sanidade exploração destino - ++ +++
Idade de introdução - ++ +++

(Juan Carlos Pinilla, Al Leman Conference 2015)

 

Adaptação, o ponto chave na estabilidade da exploração. Como adaptar as novas entradas aos agentes patogénicos mais comuns da nossa exploração?

O princípio mais importante a ter em conta é que a sanidade da reposição deve ser melhor que a da exploração receptora mas, ao mesmo tempo, assegurar que essa reposição é imune às doenças que há na exploração de destino. Os protocolos de adaptação devem ser específicos para cada exploração e não devem ser simplesmente replicados dos que se levam a cabo noutras explorações.

As duas estratégias mais usadas durante esta fase são: a vacinação dos animais para o desenvolvimento da imunidade adquirida e/ou a exposição aos agentes patogénicos da exploração para o desenvolvimento da imunidade natural. Algumas das vacinações estabelecem-se já na fase de isolamento, para proteger os animais durante a fase de adaptação. Em todo o caso, também se usam medicações estratégicas para minimizar os sintomas clínicos mas a níveis que também permitam que os novos animais se infectem.

 

Método de exposição Exemplos
Feedback Parvovirus, DES, TGE, Rotavirus, outros agentes entéricos
Inoculação/injecção PRRSv
"Seeders"/porcos infectados Mycoplasma hyopneumoniae, outros micoplasmas, Pasteurella
Vacinação PRRSv, PCV2, IAV, Erysipelas, Parvovirus, App
Ambiente/passivo Parvovirus

 

Exposição "natural":

requer o contacto com animais da exploração receptora (seeders) e/ou feedback. Estes "seeders" devem estar a excretar o/os agentes patogénicos alvo aos que queremos expor a nossa reposição e para isso o veterinário deve conhecer o comportamento epidemiológico destes agentes patogénicos. Como guia, uma porca de refugo (coberta pela 1º vez ou de primeiro parto) para cada 20 animais pode ser suficiente para uma exposição natural. Contudo, o rácio exacto de animais necessário é pouco científico e dependerá do número de contactos/tempo, da probabilidade de transmissão por contacto e do tempo que os "seeders" estejam a excretar.

 

Agente patogénico R estimado Fonte
IAV 10.4 Allerson et al, 2012
PRRSV 2.6 Charpin et al, 2012
M. hyopneumoniae 1.16 Meyns et al, 2004
PCV2 5.9 Andraud et al, 2009

(Rácio de transmissão de diferentes agentes patogénicos em suíno. A R determina o número de animais "contacto" que podem ser infectados a partir de um só animal "infeccioso")

Os protocolos de "feedback" são especialmente importantes para gerar a imunidade maternal contra a maioria dos agentes patogénicos que produzem processos entéricos nos leitões das maternidades. Ainda que não haja uma ciência exacta relativamente ao protocolo de aplicação, quando se aplica correctamente (suficiente exposição) observa-se uma forte redução dos problemas entéricos na descendência.

 

Recomendações:

  • A duração da fase de adaptação dependerá dos agentes patogénicos que desejemos adaptar. Em geral será recomendável não menos de 4 semanas de isolamento e 4 semanas para a adaptação. Deve-se recordar que para a adaptação ao PRRSv necessitamos de um período adicional de mais 30 dias.
  • Não começar as vacinaçõees até uma semana após a entrada no isolamento para permitir a recuperação dos animais após o transporte.
  • Limitar as entradas anuais. A forma de o conseguir é mediante a entrada de idades múltiplas por grupo. Para poder conjugar sanidade e produtividade, é recomendável dispor de duas instalações. Isto permitirá trabalhar TD-TF sem perda de capacidade produtiva.
  • A comunicação entre veterinários é essencial para conhecer o que estamos a comprar e qual será o melhor protocolo de adaptação das nossas marrãs de reposição.
  • Cada exploração deve ter o seu próprio protocolo de entrada. Para isso é básico que o veterinário conheça a epidemiologia das doenças presentes na exploração (eleição dos "seeders", tempo de infecção, período de recuperação, etc).
  • O período de isolamento e adaptação não é negociável. É um investimento.

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