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Recolha de amostras para o diagnóstico diferencial de processos diarreicos pós-desmame

A autolise impede o diagnóstico histopatológico, sendo especialmente crítica em amostras de intestino.

No diagnóstico laboratorial de qualquer processo, o primeiro passo é a correcta realização da recolha de amostras. Este passo é crítico já que dele depende o êxito da análise.

Independentemente do processo a analisar, devemos seguir as seguintes premissas ao recolher as amostras:

  • Seleccionar animais representativos: com o processo instaurado e que tenha pouco tempo de evolução da doença. Desta maneira diminuiremos a presença de agentes secundários ou oportunistas, que podem dificultar e inclusive impedir a detecção da causa primária de doença. Enviar amostras de vários animais (mínimo 2-3). Analisando um único individuo corremos o risco de que não seja representativo do problema a nível da exploração.
  • Seleccionar animais que não tenham sido tratados com antibióticos. No caso de diagnosticar processos recorrentes na exploração, podem-se deixar alguns leitões sentinela com ração branca. Se isto não se faz, pelo menos devemos evitar os que tenham sido tratados com antibióticos contra o processo a diagnosticar.
  • Realizar a necropsia e recolha de amostras imediatamente após a morte do animal. A autolise das amostras dificulta o diagnóstico, pelo que se recomenda a eutanásia de animais representativos evitando os que estejam mortos há várias horas.

No momento da recolha de amostras devemos ter o seguinte material:

  • Luvas de látex.
  • Frascos e sacos com fecho hermético.
  • Zaragatoas com meio de transporte tipo AMIES ou STUART. O meio de transporte evita  que a amostra seque e mantém a viabilidade bacteriana
  • Garrafa de Formaldeído a 4%: usado na fixação das amostras para a realização do estudo histopatológico. O formol comercial vende-se a 40%, para a diluição de uso deve-se misturar 9 partes de água por cada parte de formol comercial.
  • Caixas de esferovite e blocos de gelo-gel.

 

RECOLHA DE AMOSTRAS:

Necropsias de animais: sempre que seja possível realizaremos o envio de órgãos. Para isso teremos que realizar uma necropsia o mais completa possível recolhendo amostras de todos os órgãos onde observemos lesões juntamente com um relatório detalhado.

É importante ter presente o diagnóstico diferencial de diarreias pós-desmame para nos assegurarmos que recolhemos amostras de todas as zonas do aparelho digestivo onde se localizam os agentes etiológicos (tabela 1).

 

Tabela 1: agentes infecciosos causadores de diarreias em porcos de transição-engorda e órgãos alvo a analisar.

Agente Órgão alvo
Escherichia coli enterotoxigénico (ETEC) Intestino delgado*
Clostridium perfringens Intestino delgado
Brachyspira hyodysenteriae Intestino grosso (cólon e cego)
Brachyspira pilosicoli Intestino grosso (cólon e cego)
Lawsonia intracellularis Íleon terminal, válvula ileocecal
Salmonella sp. Intestino delgado e grosso
Vírus: rotavirus, PEDV, TGE Intestino delgado
Parasitas digestivos (Nemátodos). Estômago, Intestino delgado e/ou Intestino grosso

* É habitual encontrar quadros mistos de diarreias pós-desmamte e Doença dos Edemas, nestes casos também é necessário o envio do encéfalo principalmente para avaliar lesões.

 

Enviaremos troços de diferentes porções de intestino (jejuno, íleon e intestino grosso) tanto em fresco como em formol. As amostras em fresco serão usadas para o estudo microbiológico e para a realização de outras técnicas diagnósticas como a PCR. Antes de cortar os pedaços de intestino, deveremos ligar os extremos para evitar perda de conteúdo e contaminações (foto 1). Introduziremos cada pedaço em separado num recipiente ou saco hermético (foto 2), identificando o seu conteúdo.

 

Ligar el tramo del intestino por los extremos antes de cortar.

Foto 1: Ligar o pedaço do intestino pelos extremos antes de cortar.

 

Se debe enviar cada órgano o tramo de intestino por separado en recipientes herméticos

Foto 2: Deve-se enviar cada órgão ou pedaço de intestino em separado em recipientes herméticos.

 

Em caso de dificuldade no envio de órgãos pode-se realizar a recolha da amostra com zaragatoa directamente dos pedaços de intestino a analisar (foto 3).

 

Toma de muestra con hisopo de los tramos de intestino afectado

Foto 3: Recolha de amostra com zaragatoa das partes de intestino afectadas.

 

Para realizar um diagnóstico completo é muito importante o estudo histopatológico das lesões. O mais recomendável é o envio das amostras já fixadas em formol, com isso evitaremos a autolise dos órgãos durante o seu transporte para o laboratório. A autolise impede o diagnóstico histopatológico, sendo especialmente crítica em amostras de intestino. Enviaremos pequenos pedaços de cada intestino em frascos herméticos numa relação de volume de amostra/formol de 1/10.

 

Recolha de amostras de animais vivos: se não há baixas e se opta por evitar a eutanásia dos animais, é possível a análise de fezes e zaragatoas rectais.

As amostras de fezes devem-se recolher directamente da ampola rectal. Para realizar a recolha deve-se introduzir a zaragatoa esfregando-a suavemente contra as paredes, fazendo-a girar sobre se mesma.

Uma vez recolhidas as amostras, devem-se enviar rapidamente para o laboratório. O transporte será refrigerado (evitar a congelação), numa caixa estanque e com suficiente protecção contra pancadas.

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