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2 de Fevereiro de 2023
Temos decorrido o primeiro mês do novo ano e continuam a aparecer novos dados de previsão da produção de suínos na Europa para 2023. Tal como já tinha avançado em anteriores comentários, perspectiva-se uma redução da oferta na U.E..
O IFIP francês adianta que a oferta europeia diminuiu 4% em 2022 relativamente a 2021, e esta redução irá acentuar-se até meados de 2023. Na UE, em 2023, espera-se uma queda da produção em relação a 2022, de 3,6 % no primeiro semestre e de 2,6% em todo o ano.
Tal como se previa, a cotação dos porcos começou a subir em Portugal. O total da subida, na segunda metade de Janeiro, foi de 0,06€/kg carcaça na Bolsa do Porco tendo-se fixado a cotação em 2,312€. Entretanto, e como estou a escrever este texto no início de Fevereiro, já houve mais subidas que apenas entram em vigor no mês de Fevereiro, pelo que estas serão tratadas e analisadas no meu próximo comentário.
Continua a haver menor oferta de porcos, quer em Portugal quer na Europa, e apesar das vendas de carne estarem a ser difíceis, a oferta de porcos para abate é inferior às necessidades dos matadouros, principalmente dos matadouros do país vizinho.
Apesar do aumento da cotação dos porcos e das fracas vendas de carne, como é possível que haja empresas da grande distribuição que estão a anunciar a venda de bifanas de porco a 2,44€/kg? Deixo a pergunta no ar para alguém que a saiba responder.
Tal como referi acima, os matadouros espanhóis procuram porcos para abate em toda a Europa e precisam deles como “de pão para a boca” de forma a poderem minimizar os seus custos de exploração. Essa procura mais intensa de porcos, por parte dos matadouros espanhóis, tem feito subir as cotações em Portugal, Espanha, França (vai de subida máxima em subida máxima todas as semanas) e Países Baixos, ao mesmo tempo que tem permitido manter as cotações na Alemanha (que sofre a pressão da Dinamarca) e na Bélgica. O único país onde tem havido descidas semanais consecutivas -desceram a cotação em todas as semanas de 2023 – é a Dinamarca.
A Dinamarca vê-se confrontada com dificuldades na venda de carne para Países Terceiros e tem que criar condições competitivas para o preço da sua carne para que a mesma possa ser vendida no mercado interno da U.E.. Esta maior competitividade do preço dinamarquês está a “trancar” uma eventual subida cotação alemã.
A China esteve a festejar o Ano Novo e parou a compras na Europa, o que afectou a Espanha e a Dinamarca, mas há indicações de que o preço dos porcos neste país terá tocado o fundo e que agora deverá subir. Por outro lado, a China vai necessitar comprar carne de porco no mercado internacional para fazer face às suas necessidades internas de consumo e esta necessidade terá que se repercutir, positivamente, no mercado europeu.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação subiu 0,073€/kg PV (+0,097€/kg carcaça) na segunda quinzena de Janeiro passando para 1,718€/kg PV (2,291€/kg carcaça). Esta é a terceira cotação mais elevada da história de Lérida, mas está apenas a 0,001€ e a 0,003€ das cotações mais elevadas que ocorreram em Setembro de 2022. Por outro lado, continuam a subir os pesos, mas apesar desta subida, que fazem com que os porcos estejam 1kg acima do peso da mesma semana de 2022 e que seja o peso mais alto de toda a história de Mercolérida, não tem havido qualquer contenção na subida da cotação.
Além do mais, em Espanha há leitões de 20kg a serem transaccionados em redor dos 90€/cada, o que é um sinal claro e evidente que há falta de leitões para encher as engordas no país vizinho. Isto deixa antever que os preços se irão manter elevados nos próximos meses? Presumo que sim, e todas os dados do mercado apontam nesse sentido, mas como se costuma dizer “cautela e caldos de galinha….”
Na Alemanha, a cotação manteve-se na segunda metade de Janeiro em 2,00€/kg. O peso subiu 300g para os 97,1kg carcaça nesta quinzena. O mercado do porco continua equilibrado, apesar de ir existindo redução da oferta de porcos para abate, que continuará a ocorrer visto que a redução de efectivo reprodutor na Alemanha é assinalável, tal como tenho vindo a referir nos meus comentários das últimas semanas.
Nos Países Baixos a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,96€/kg nesta quinzena.
Na Bélgica a cotação manteve-se em 1,39€/kg PV na segunda quinzena de Janeiro.
Na Dinamarca a cotação baixou 0,08€/kg carcaça para 1,49€/kg carcaça na segunda metade de Janeiro. Somente neste primeiro mês do ano, a cotação dos porcos baixou 15 cêntimos/kg carcaça. Neste momento, a Dinamarca tem os porcos mais baratos da Europa e procura, assim, conseguir competitividade para a sua carne no mercado interno da U.E.. Veremos até onde chegará a descida dinamarquesa e a influência que a mesma terá no mercado do porco de outros países seus vizinhos.
Em França, a cotação subiu 0,126€/kg carcaça para 2,027€/kg na segunda metade de Janeiro. Nas duas últimas semanas a cotação subiu o máximo que é permitido pelo MPB. Este é um sinal claro e inequívoco que há muita falta de porcos em França para fazer face às necessidades dos matadouros. Os pesos baixaram 600g para 95,7kg e são 750g inferiores aos da mesma semana do ano passado. No mês de Janeiro foram abatidos cerca de 80 mil porcos menos do que em Janeiro de 2022 (-5,1%), valor bastante significativo e que justifica a fortes subidas referidas acima.
