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Resumo da gripe suína (1/2)

Geralmente, a gripe nos porcos é uma infecção respiratória aguda com pirexia, letargia, prostração e falta de vontade para comer e beber. Os porcos criados em regime intensivo no geral s...



• Geralmente, a gripe nos porcos é uma infecção respiratória aguda com pirexia, letargia, prostração e falta de vontade para comer e beber. Os porcos criados em regime intensivo no geral são afectados simultaneamente, produzindo-se a recuperação em 1-2 semanas. Não se produzem efeitos adversos a não ser que haja uma infecção secundária.

• Primeira gripe descrita em porcos por Shope em 1930 (minhocas de terra) antes da gripe humana.

• Primeiro H1N1 dos E.U.A no Reino Unido em 1941, logo desaparecido.

• Presença na Europa em 1976, em Itália e logo propagado ao Norte e ao Oeste.

• Meados dos 80, H1N1 no Reino Unido, leve e com seroconversão na maioria das explorações sem sintomas clínicos.

• Meados dos 80, vírus H3N2, similares aos humanos, chegam aos porcos por transferência directa de seres humanos (zoonose inversa), de novo doença leve salvo uns poucos primeiros casos.



• Estes dois várus circularam muito até cerca de 1991 quando o vírus aviar H1N1/Weybridge/195852 totalmente adaptado se introduziu na população suína e desde então substituiu em grande parte o H1N1 original.

• Em finais dos 90, um recombinante do víirus aviar (6 genes centrais) e o H1 humano e o N2 humano, (procedentes de vírus humanos que tinham desaparecido dos seres humanos mas tinham permanecido no reservatório suíno durante este período), apareceu na população suína do Reino Unido, agora conhecido como H1N2.

• No passado, geralmente predominava só 1 tipo (H1 ou H3) num determinado momento, isto já não é assim, há muitas mais oportunidades de que se misturem os vírus. Isto sucedeu assim no Homem e no porco.

• Detectou-se a presença de outros vírus que se isolaram, mas estes extinguiram no geral. Por exemplo, o recombinante H3N7 com um vírus de cavalo. A lista completa seria H1N1, H1N2, H1N7, H2N3, H3N1, H3N2, H3N3, H3N8, H4N6, H5N1, H5N2, H9N2.

• Na Europa os vírus são em grande parte os mesmos (H1N1 e H1N2) mas a genética dos vírus concretos é diferente da dos vírus do Reino Unido.

• Na Europa utilizam-se vacinas da gripe suína nos porcos, mas estas nunca foram autorizadas no Reino Unido (uma população demasiado pequena para que mereça a pena o seu registo, estimula as alterações nos vírus e há que actualizar a vacina em intervalos regulares).

• NESTE MOMENTO, H1N1 (195852) E H1N2 SÃO OS DOIS VÍRUS PRESENTES EM PORCOS DO REINO UNIDO. POSSIVELMENTE 40% DAS EXPLORAÇÕES E 10 - 90% DOS PORCOS DA EXPLORAÇÃO ESTÃO INFECTADOS DEPENDENDO DO TAMANHO E MANEIO, ETC.

• Em todo o mundo tem havido outras incursões, geralmente locais, em porcos, por exemplo o vírus H4 no Canadá e especialmente o vírus aviar H5N1 (o vírus da gripe aviar de alta patogenicidade) que se adaptou aos porcos no sudeste asiático e que se demonstrou recentemente que se propaga de um porco ao outro, mas não, pelo que se sabe até agora, do porco ao ser humano.

• O vírus da gripe suína tem 8 genes que codificam para 11 proteínas principais. As duas mais importantes são a H (hemaglutinina) e a NA (neuraminidase). Elas são as responsáveis pela infecção e patogenicidade. Estes são, obviamente, os principais determinantes do tipo de vírus (todos os vírus de mamíferos são de gripe A). Os outros 6 genes são mais secundários e frequentemente estão relacionados com proteínas estruturais.

• O gene H existe em todas estas formas: 1-15. (A HA é a mediadora da união dos vírus da gripe à sua célula diana. A preferência de união a receptores específicos de glicanos sialilados é um determinante decisivo da eficiência de transmissão do vírus H1N1 em furões. A eficiência da transmissão por aerosóis respiratórios correlaciona-se perfeitamente com a afinidade da HA viral pela união alfa-2-.6).

• O gene N existe em todas estas formas: 1 – 9.

• Estes vírus alteram a sua genética de três formas:

a) deriva antigénica: o vírus experimenta uma replicação aberrante, ou seja, mutação,
b) alteração antigénica: onde o vírus troca um gene completo com outro vírus,
c) adaptação completa de um vírus de outro hospedeiro noutra espécie.

Nos últimos anos temos tido exemplos dos três tipos no Reino Unido.

Ao longo dos anos surgiu uma extensa variedade de vírus suínos nas populações mundiais de porcos. Entre elas contam-se H1N1, H1N2, H1N7, H2N3 (2006 nos E.U.A.), H3N1 (em porcos de engorda na Itália, em 2006), H3N2, H3N3, H3N8, H4N6, H5N1, H5N2 e H9N2.

Também é importante recordar que um H1N2 na Europa pode não ser o mesmo que um H1N2 nos E.U.A.

Nas aves, encontraram-se praticamente todas as combinações de H e N num momento ou noutro. Também é importante recordar que o vírus infecta principalmente o tracto gastrointestinal e os vírus propagam-se nas fezes em qualquer ambiente, incluídos os parques dos porcos e as explotações ao ar livre.

É importante recordar que cada vírus somente pode infectar um hospedeiro através de receptores e, no caso dos vírus da gripe, há dois destes receptores alfa-sialilo conhecidos como 2.6 e 2.3. Antes pensava-se que os receptores alfa 2.3 só se encontravam nas aves (especialmente no intestino e a gripe aviar é fundamentalmente uma doença alimentar) e os receptores 2.6 encontravam-se nos mamíferos. Pensava-se que no porco era pouco frequente porque tinha ambos receptores. Isto suscitou a ideia de que o porco era um “recipiente de mistura” para ambos vírus, de mamíferos e aves.

Contudo, nos últimos anos, demonstrou-se que os porcos e os seres humanos também têm ambas séries de receptores, mas os 2.3 são mais frequentes em aves e os 2.6 mais frequentes em humanos e porcos, provavelmente com um número similar de ambos.

Contudo é na mesma importante que no tracto respiratório só apareçam os 2.3 no tracto respiratório superior e os 2.6 nas fossas nasais e os cornetos e muitos mais 2.6 no pulmão. Noutras palavras, não só há diferenças na distribuição por espécies, mas que também há tropismos tissulares.

• No porco, como nas demais espécies, não se encontra o vírus da gripe em nenhum outro tecido que não seja o pulmonar e o do resto do tracto respiratório e inclusive é difícil obtê-lo dos gânglios linfáticos torácicos.

• Pode ser que se não se tenha detectado até às análises recentes, tanto do vírus humano de 1918 como do vírus humano de 2009, que ambos existem em duas formas: uma forma do tracto respiratório superior e uma forma do tracto respiratório inferior, ou seja, as diversas estirpes dos vírus que se unem a diferentes receptores do tracto respiratório. Os seus genomas são ligeiramente diferentes.

Gripe humana

O vírus da gripe de 1918-19 pensava-se que tinha sido transmitido das aves aos seres humanos e não se sabe se se transmitiu de humanos a porcos ou de porcos a humanos.

As duas pandemias humanas mais recentes surgiram de combinações de vírus aviares e humanos. Em 1957 surgiu o H2N2 em humanos (3 genes de um vírus aviar e o resto de um humano). Em 1968, o H3N2 que apareceu tinha 2 genes aviares e o resto eram do H2N2 que tinha circulado anteriormente.

Un artigo recente declarou numa revisão somente uns 50 casos de gripe suína zoonótica (Myers, K.P. et al 2007, Clin. Infect. Diseases, 44, 1084-1088.)

Stan Done. VLA-Thirsk Regional Laboratory. Reino Unido

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