A primeira infecção por PRRS na Irlanda do Norte foi diagnosticada em 1997 (anónimo, 1997) e na República da Irlanda em 1999 (Ohlinger et al., 2000). Considera-se doença de declaração obrigatória tanto na Irlanda do Norte (The Diseases of Animals -Northern Ireland- Order 1981) como na República da Irlanda (The Diseases of Animals Act –Republic of Ireland- 1966). A última monitorização na Irlanda do Norte foi levada a cabo em 2013. A percentagem de produtores positivos a PRRS foi de 43,49% (Borobia e Cottney, 2015). A prevalência de PRRS na República da Irlanda não foi estimada com precisão.
O PRRS tem um impacto económico importante nas suiniculturas. Desenvolvemos uma calculadora de custos de PRRS para os nossos clientes que nos permite comparar o rendimento actual de uma exploração positiva a PRRS com o rendimento que teria se fosse negativa. A perda económica potencial numa exploração positiva a PRRS pode ser cerca de 35–37% da margem líquida, como pode ver-se na tabela 1. Por este motivo, deve considerar-se a eliminação de PRRS de explorações individuais ou regiões.
Tabela 1. Calculadora de custos estimados da infecção por PRRS, (em inglês). Click para ampliar
A gravidade da infecção por PRRS nas suiniculturas na Irlanda do Norte varia entre explorações. Há factores não-infecciosos como o maneio, o fluxo de porcos, o tipo de alojamento e a regulação da temperatura, que podem exacerbar a expressão dos sinais clínicos (Zimmerman et al., 2012). As infecções concomitantes com outros agentes virais ou infecciosos potenciam, ou somam-se à, a severidade dos sinais clínicos (Shibata et al., 2003, Thacker et al., 1999, van Reeth et al., 1996). A pleurite é uma das complicações associadas aos animais infectados por PRRS (Muirhead e Alexander, 1997a). Um estudo do BPEX (2009) encontrou que o impacto económico da pleurite era substancial. Um aumento na incidência de pleurite estava associado a uma redução do peso carcaça e a um aumento da idade ao abate. O custo para o produtor, para uma prevalência típica de pleurite de 10% em cada lote estava em cerca das 2,26 £ por porco – calculado em base na redução do peso da carcaça e do aumento da idade ao desmame.
Em Maio e Junho de 2011 examinaram-se, no matadouro, porcos de 142 suinicultores da Irlanda do Norte. Esta amostragem representou 95% da população suinícola da Irlanda do Norte em 2011 (DARD 2013). Os restantes produtores tinham os porcos como mascotes ou eram proprietários de pequenas explorações, com menos de 20 porcos. Pontuou-se a consolidação por pneumonia nos pulmões desses porcos utilizando o sistema de Muirhead de 55 pontos (Muirhead e Alexander, 1997). Também se anotaram as lesões de pleurite, pericardite, migrações parasitárias no fígado provocadas por Ascaris suum (manchas de leite), dermatite papular e mordeduras de cauda. Finalmente, recolheram-se oito amostras de sangue de cada produtor na zona de sangria do matadouro e analisou-se a seroconversão para PRRS (ELISA).
A análise estatística realizaou-se utilizando associações entre pleurite e cada uma das variáveis. A tabela 2 mostra os resultados dos produtores positivos a PRRS (ELISA) e a sua relação com outras lesões pós-mortem com os correspondentes intervalos de confiança.
Tabela 2. Prevalência de PRRS e pleurite na Irlanda do Norte e a incidência de várias lesões pós-mortem em explorações positivas a PRRS. (IC: intervalo de confiança)
Tamanho da amostra | Número de casos | Percentagem | IC 95 % | |
Prevalência global de PRRS | 142 | 52 | 36,62 | 28,70 – 44,54 |
Prevalência de pleurite | 142 | 130 | 91,55 | 86,97 – 96,12 |
Prevalência de pleurite (≥ 10%) | 142 | 71 | 50,00 | 1,01 – 9,13 |
PRRS e pleurite (+) | 52 | 45 | 86,54 | 77,26 – 95,82 |
PRRS e pleurite ≥ 10% (+) | 52 | 22 | 42,31 | 22,88 – 55,74 |
PRRS e pneumonia enzoótica (+) | 52 | 47 | 90,38 | 82-37 – 98,40 |
PRRS e pneumonia enzoótica média ≥ 2,0 | 52 | 11 | 21,15 | 1,51 – 10,38 |
PRRS e APP (+) | 52 | 6 | 11,54 | 0,22 – 6,47 |
PRRS e pericardite (+) | 52 | 34 | 65,38 | 0,02 – 5,01 |
Há uma associação significativa entre ser positivo a PRRS e a pleurite utilizando o teste exacto de Fisher. O PRRS pode ser um factor de risco para a pleurite utilizando uma regressão logística binária. Se a exploração é positiva a PRRS, então há mais 2,34 possibilidades (odds ratio) de que também seja positiva a pleurite. Contudo, não houve diferença significativa na distribuição e severidade da pleurite entre porcos positivos e negativos a PRRS. Também não houve diferenças significativas entre lesões de pneumonia enzoótica, pericardite, abscessos nos pulmões e de pneumonia necrotizante entre porcos positivos e negativos a PRRS.
Figura 1. Pleurite no pulmões.
Os resultados deste estudo indicam que há uma associação entre a infecção por PRRS e a pleurite (figura 1), como no estudo levado a cabo pelo BPEX (2009). Contudo, contrariamente aos publicado por Zimmerman et al., 2012, não se detectou associação entre a infecção por PRRS e a broncopneumonia bacteriana. Isto pode ser devido à pouca prevalência de lesões tipo pneumonia enzoótica como resultado dos intensos programas de vacinação levados a cabo durante muitos anos.