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Será que as porcas estão a pedir 3tres4? (1/2)

Como já deves saber, o nome da 3tres3 procede dos "3 meses, 3 semanas e 3 dias" que é a duração da gestação da porca. Este artigo propõe a conveniência de rever a duração da gestação da nossa exploração.

Como já deves saber, o nome da 3tres3 procede dos "3 meses, 3 semanas e 3 dias" que é a duração da gestação da porca. Este artigo propõe a conveniência de rever a duração da gestação da nossa exploração.

Durante o nosso trabalho diário encontramos uma grande variedade de opiniões sobre a utilidade e o maneio que os produtores e técnicos fazem dos dados que se registam na exploração. Este leque estende-se desde explorações que nem sequer têm software de gestão, a lugares em que se registam e analisam até os dados menos relevantes. Contudo, o que mais continua a chamar a nossa atenção é o caso em que se registam muitos dados e se introduzem no software mas não se extrai nenhuma informação dos mesmos.

O caso real que expomos neste artigo encontra-se neste grupo, uma exploração em que se registram os dados e se introduzem no seu software mas que não são analisados posteriormente. Esta exploração chegou até nós procurando uma solução para o seu problema nos partos: “algo se passa mas não sabemos o que é”, dizia-nos o dono da exploração.

Trata-se de uma exploração com fases I e II, um efectivo que ronda as 700 porcas de genética hiperprolífica, trabalha em bandas de 3 semanas e é positiva a PRRS sem sintomas clínicos. Antes de visitar a exploração, pedimos que nos fornecesse os dados da sua exploração para os podermos analisar e focar a visita nos locais com maiores problemas.

Preparámo-nos para realizar uma análise complexa e longa dado que a única coisa que sabíamos era que, em média, desmamavam menos de 10 leitões por ninhada (figura 1), tinham uma mortalidade pré-desmame (MPD) com uma média de 15 %, sem diarreias nem indícios de outras patologias e, em teoria, o maneio nos primeiros dias pós-parto era adequado.

Número de destetados por parto en los 6 meses anteriores

Figura 1: gráfico que mostra o número de desmamados por parto nos 6 meses anteriores a conhecermos a exploração.

Para nossa surpresa, a “análise complexa” para que nos mentalizámos, não chegou a produzir-se. Num dos primeiros relat+orios que extraímos dos dados, “Histograma de duração da gestação” (figura 2) encontramos que quase 80% destas porcs hiperprolíficas estavam a parir entre os dias 114 e 115 de gestação, algo que não coincide com a nossa experiência relativamente a este tipo de porca já que o parto costuma delocar-se para o dia 116 ou inclusive 117.

Histograma de duración de la gestación

Figura 2: Histograma de duração da gestação. Indica que nesta exploração,
os partos são provocados para ocorrerem no dia 114.

Temos, portanto, um indício de que estão a provocar o parto nas porcas cedo demais e isto faz perder peso ao nascimento e vitalidade ao leitão tal e como já comprovámos noutras ocasiões, nas que encontrámos diferenças de peso que podem chegar aos 300 gramas de média por leitão (figura 3), diferença ainda maior quando se comparam primíparas.

Comparativa peso al nacimiento de partos provocados a los 114 d y partos naturales a los 116 d en cerdas hiperprolíficas
Figura 3: Comparativo peso ao nascimento de partos provocados aos 114 d e partos naturais aos 116 d em porcas hiperprolíficas.

A partir deste momento, continuamos com a análise para procurar outras consequências habituais em casos idênticos a este, como uma percentagem elevada de leitões Nascidos Mortos (NM) ou uma MPD muito localizada no dia do parto.

Em relação à percentagem de nascidos mortos, os valores oscilam entre 10,7 % e 6,7 % sendo a média de 8,4 % (figura 4). Não são valores muito elevados em comparação com os encontrados noutras ocasiões, contudo é um número que se pode melhorar.

Total 14-jul-2013 a 15 abr 2014
Partos (ninhadas) 1.357
Partos assistidos 0
Partos induzidos 0
Ninhadas com menos de 7 nascidos vivos 82
(em % dos partos) 6,0 %
N. totais 16.502
N. totais/ninhada 12,14
Nasc. vivos 15.124
(% de N. totais) 91,6 %
N. vivos/ninhada 11,12
N. mortos 1.378
(% de N. totais) 8,4 %
NM/ninhada 1,02
Mumificados 0
(% de N. totais) 0,0 %
Mumificados/ninhada 0

Figura 4: Análise de tendências produtivas. Informação do parto.

Infelizmente, não pudemos analisar a distribuição das baixas na lactação porque este dado era anotado nos relatórios diários correctamente, contudo no momento de introduzir os dados no software, o encarregado lançava-os todos com a data do dia em que a porca paria (figura 5). Uma falha relativamente comum que dificulta, em muitas ocasiões, o trabalho do veterinário da exploração quando se apresentam problemas nos partos.

Análisis de bajas de lechones

Figura 5: Análise de baixas de leitões. Distribuição da baixa por idade.

Uma vez orientado o problema principal que pode ser a causa da alta mortalidade nos partos, o passo seguinte é visitar a exploração e confirmar as suspeitas, o que veremos no próximo artigo.

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