Como bem sabem os profissionais do sector porcino, a alimentação tem sido uma das fases essenciais para otimizar a produção de suínos, tornando-a competitiva e eficiente, especialmente nestas alturas em que os preços das matérias primas são muito elevados.
A este cenário cresce o factto de que, a partir de 1 de janeiro de 2013 deve ser alterado o sistema de alimentação das porcas em gestação. Esta não é uma questão trivial, uma vez que é uma mudança importante na gestão de uma exploração de porcas. É verdade que na Lei do Bem-estar em nenhum caso é discutido em como se devem alimentar as porcas, mas sim como devemos mantê-las em grupo durante o periodo mencionado e que devem alimentar-se através dum sistema que garanta que cada animal possa obter comida suficiente. Isto implica um efeito direto sobre o sistema de alimentação que devemos usar já que, até agora, quase todas as explorações usavam o mesmo, porca em jaula com dosificador com queda de alimento individualizada para cada animal e comedouro corrido ou não. Este sistema permitiu realizar uma curva específica de ração para cada porca em função da condição corporal e da fase da gestação. Outro detalhe técnico muito importante, é que com as novas genéticas mais prolíficas e muito mais magras, a curva de alimentação torna-se ainda mais importante. Todas as recomendações dos geneticistas e especialistas coincidem em que estas porcas devem ser mantidas com uma condição corporal intermédia, nem exageradamente magras nem exageradamente gordas. Ambos os casos são pouco desejáveis numa exploração, já que não nos permitem aproveitar ao máximo o seu potencial.
Portanto, do meu ponto de vista o sistema escolhido pode ser a chave para otimizar os resultados num negócio muito competitivo, onde as margens são muito estreitas e se devem ajustar todos os aspetos e, especialmente os importantes, como a alimentação.
Encarando os diferentes sistemas que estão a ser instalados, ainda é difícil dizer qual irá prevalecer sobre os outros. Isto coloca um desafio interessante que é decidir entre as diferentes opções, todas boas, mas cada uma com as suas vantagens e inconvenientes. Não me parece que exista o sistema ideal, mas que em cada exploração, cada produtor, bem assessorado, deve decidir de acordo com todas as possibilidades que vão surjindo.
Generalizando, poderiamos dizer que, de acordo com o ponto de partida de cada exploração, temos dois grupos de sistemas:
- Explorações que se adaptam aproveitando os edificios já existentes e, nestes casos, estão muito condicionadas por esse factor.
- Explorações que constroem gestações específicas para cumprir a Lei do Bem-estar.
Uma vez que cada produtor tenha decidido sobre este primeiro dilema, passariamos à segunda grande decisão: qual é o sistema escolhido. Para esta segunda parte, estabeleceria dois grandes grupos, dependendo se se pode realizar um controlo individual da quantidade de alimento ou não:
- Sistemas sem controlo individual
- Comedouros não automatizados: em geral, qualquer comedouro poderia aplicar-se para este fim, mesmo os comedouros usados para animais de engorda. Ainda que possamos controlar a quantidade de ração que pomos dentro do comedouro, nunca poderemos saber o que come cada porca. Com este sistema gera-se uma grande dispersão de condição corporal.
- Comedouros automatizados: detectam quando um animal se aproxima do comedouro e descarregam pequenas quantidades de ração. Apesar de melhorar o consumo de ração sobre o sistema anterior, não garante que os animais comam o que deveriam comer de acordo com a sua condição corporal.
- Doseadores com semiboxes: talvez um dos sistemas que ultimamente se está a utilizar mais. Não permite que cada animal coma exatamente o que precisa, mas permite uma melhor homogeneidade da condição corporal e é adaptável à maioria das gestações construídas.
- Sistemas com controlo individual. É a única forma de garantir que cada animal come o que ele precisa.
- Jaulas de autocaptura: qualquer jaula que permita que a porca fique fechada no momento do fornecimento do alimento e assim possa selecionar a quantidade de ração que necessita de acordo com a sua condição corporal.
- Máquinas com sistemas de seleção eletrónica: no papel é o único sistema que permite que cada animal, identificado com o seu microchip, consuma o que realmente queremos. Existem diferentes variantes e é uma tecnologia que está em constante crescimento.
Quando todas as explorações se adaptarem às regras, poderemos tirar conclusões mais precisas sobre se um sistema é melhor do que os outros mas, como referi, todos os sistemas têm as suas vantagens e inconvenientes. Devemos assessorar-nos bem para, de acordo com a nossa instalação, pessoal, tipo de genética e situação económica decidirmos qual o sistema mais adequado.