18 de Fevereiro de 2022
A primeira quinzena de Fevereiro caracterizou-se por uma subida consistente da cotação dos porcos em Portugal, consolidando, assim, a tendência que já se verificava na última metade do mês de Janeiro. Nesta primeira metade do mês, a Bolsa do Porco definiu uma subida de 0,08€/kg carcaça. Tendo em consideração os baixos preços recebidos pelos produtores portugueses, em comparação com os seus congéneres europeus, houve até matadouros nacionais que definiram uma subida ainda maior.
Este é um bom sinal para o mercado e, principalmente para os produtores, pois quando há subidas fortes na Bolsa do Porco e os matadouros acompanham, sem quaisquer problemas, essas subidas estamos perante uma oferta de porcos inferior à procura.
Esta tendência de subida da cotação e de menor oferta de porcos irá continuar nas próximas semanas e mesmo meses, o que irá permitir que a cotação dos porcos continue a subir de forma acentuada e firme. Este mesmo comportamento está a ocorrer no mercado espanhol, o que também é um factor de alívio para o mercado português. Também a oferta de outros países europeus irá diminuir, pois os dados referentes aos efectivos dão-nos conta de reduções nos efectivos reprodutores de cerca de 10% na Alemanha e de 3,3% na Dinamarca (em relação há 1 ano).
Segundo a Mercolérida, devido a problemas de sanidade (proibição de uso de antimicrobianos como promotores de crescimento na ração), haverá menor oferta de animais nas explorações que se notará a partir de Março e que será mais acentuada a partir de Abril/Maio.
Com excepção da França onde o mercado do porco também está com alguma tendência de subida, os restantes mercados europeus continuam algo estagnados, com estabilidade na Alemanha, Países Baixos, Dinamarca e tendência de descida em Itália (PSA), apesar da diminuição da oferta de porcos de abate.
Continua a haver problemas com os abates e a desmancha nos países citados anteriormente devido aos confinamentos e quarentenas em função do contínuo aparecimento de casos de Covid que, apesar de irem diminuindo, continuam a afectar o regular funcionamento destes sectores de actividade. Sendo cada vez menos, a quantidade de porcos que estão atrasados para abate, estes continuam a existir e a colocar pressão nas cotações, impedindo-as de subir. Sendo cada vez menos os casos de Covid e cada vez mais frequente o levantamento de restrições devido à pandemia, nos mais diversos países europeus, espera-se que os consumos internos de carne de porco comecem, gradualmente, a voltar à sua normalidade atingindo os volumes pré-Covid.
Se assim acontecer, a U.E. estará um pouquinho menos dependente do que vier a fazer a China em termos de compras de carne de porco na Europa. Em todo o caso, a Europa continuará a ter grande dependência do mercado chinês, se bem que, ao se terem encontrado alternativas noutros mercados, essa dependência seja menor.
Se juntarmos todos os factores referidos acima, os matadouros sabendo que este poderá ser o preço mais baixo dos porcos em todo o ano 2022, estão a abater o máximo que podem para congelar e isso tem permitido desafogo ao mercado do porco na Península Ibérica.
Como é habitual, e ao iniciar um novo ano, começam a aparecer estatísticas referentes ao ano anterior. Assim, e segundo dados publicados pelo MPB francês referentes às exportações portuguesas de carne de porco para Países Terceiros, estas foram as seguintes: Coreia do Sul 1008 tons (+127% em relação a 2020), China 24454 tons (+16,6% do que em 2020), Japão 1211 tons (-9,6% que em 2020). Para Hong Kong trata-se da exportação de miudezas que foram de 710 tons (-66,2% que em 2020).
No que diz respeito às cotações por países, em Espanha a cotação subiu 0,066€/kg PV (+0,088€/kg carcaça) passando a cotação para 1,088€/kg PV (1,451€/kg carcaça). Os pesos desceram cerca de 500g nesta quinzena, mas continuam no seu nível mais elevado de sempre.
Na Alemanha a cotação manteve-se em 1,20€/kg carcaça na primeira quinzena de Fevereiro, Os matadouros aceitam, sem grandes dramas, as manutenções da cotação apesar da pandemia continuar a ter efeitos negativos nos abates e no mercado, como vimos acima. Os pesos baixaram 200g para os 97,3kg carcaça
Na Holanda a cotação manteve-se em 1,28€/kg carcaça. Continua a haver uma grande disponibilidade de porcos para abate e isso pressiona negativamente o mercado e as cotações, não permitindo a sua subida. As câmaras frigoríficas continuam cheias e esta situação só pode mudar quando forem levantadas as restrições por Covid, que poderão trazer confiança aos consumidores e aumentos dos consumos de carne nos Países Baixos.
Na Bélgica a cotação estabilizou em 0,75€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve em 1,06€/kg carcaça. Tal como acontece na Alemanha e na Holanda, a Dinamarca espera que o levantamento das restrições por Covid (este país já levantou todas as restrições) possa ajudar a aumentar o consumo interno de carne de porco. Há uma oferta de carne superior à procura e isto impede a subida dos preços. Esta só acontecerá quando o mercado inverter e a procura for superior à oferta.
Em França a cotação subiu 0,024€/kg carcaça para 1,273€/kg carcaça. Os pesos desceram 100g para os 96,5kg. O peso é 250g mais baixo que na mesma semana do ano passado. No mercado francês há grande equilíbrio entre a oferta e a procura de porcos, mas houve condições para que a cotação tivesse subido.