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14 de Fevereiro de 2020
Após ter apresentado uma manutenção da cotação no final de Janeiro, a Bolsa do Porco deu um sinal positivo ao mercado tendo apresentado uma subida de 0,007€/kg carcaça na primeira quinzena de Fevereiro. Os pesos começam a descer o que é sinal de haver um equilíbrio entre a oferta e a procura.
Entretanto as exportações portuguesas para o Sudeste asiático continuam a bom ritmo, e segundo os dados do MPB citando o IF, Portugal exportou 3190 tons de carne de porco para a China em 2019, a que se juntam 224 tons para a Coreia do Sul e mais de 1000 tons de miudezas para Hong Kong. Só nos faltam dados actualizados relativos às exportações para o Japão, que eram de mais de 300 tons no fim do Verão.
Em toda a Europa, a oferta de porcos tem vindo a diminuir e a procura tem-se mantido elevada e superior á oferta. Este facto deveria ser o suficiente para fazer subir as cotações, mas porque a carne não está a “ajudar” à subida da cotação dos porcos. Na realidade, com a redução dos pedidos chineses devido às festividades do Ano Novo que aconteceu em finais de Janeiro e o aparecimento do coronavírus com alguma limitação dos transportes (referi este aspecto no meu anterior comentário) travaram as compras de carne de porco por parte dos chineses na Europa e a consequente subida mais acentuada da cotação dos porcos europeus.
Por outro lado, o receio existente na China com o contágio do Coronavirus tem levado a que não se façam descargas no porto de Shangai e este acumular de contentores, e de carne que não sai, impede que se descarreguem mais contentores e que se venda mais carne de porco, até porque se os contentores estão ocupados/cheios na China, não podem voltar à Europa para voltarem a ser carregados. É uma “pescadinha de rabo na boca”.
Há que ter em consideração que os chineses das zonas mais afectadas pelo surto de Coronavirus não poderão morrer de fome e, de uma forma ou de outra, terá que lhes chegar comida. No passado dia 11 de Fevereiro publicámos um artigo, na 3tres3, que refere precisamente isto. Além disso, o governo chinês, como forma de travar a falta de carne de porco no mercado interno devido ao surto de PSA e a inflação, insta a que se importem maiores quantidade de carne de porco. Aguardemos para ver como se equilibra tudo isto.
Apesar de todas estas contradições, as cotações continuam a um nível nunca atingido nesta altura do ano. Em relação ao mês de Janeiro as cotações estão entre 30 a 64% (!) acima das cotações do ano passado (França +30%, Alemanha +37%, Holanda +38%, Espanha +39% e Dinamarca +64%).
Em toda a Europa os pesos vão descendo e com excepção da Espanha em que os pesos se encontram cerca de 2,5kg acima do peso do ano passado nesta mesma altura, nos restantes países os pesos estão muito idênticos aos que existiam em finais de Janeiro de 2019. Mesmo em França, que tem tido uma série de greves e onde se anunciaram mais greves para os próximos dias, os pesos estão ao nível de 2019.
Em Espanha a cotação subiu 0,007€/kg PV (-0,009€/kg carcaça) para 1,427/kg PV (1,902€/kg carcaça) nesta quinzena.
Na Alemanha, a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,85€/kg carcaça. A oferta de porcos reduz-se e os pesos também vão baixando o que dá fluidez ao mercado e permite uma ligeira subida da cotação dos porcos. Em todo o caso, paira sobre o mercado o receio de aparecimento de algum foco de Peste Africana que possa vir a trazer maiores dificuldades no comércio de carne de porco alemã.
Na Holanda a cotação manteve-se em 1,87€/kg carcaça. As dúvidas na Holanda são sobre as implicações que o Coronavirus poderá ter no mercado e isso tem influenciado o seu comportamento, não permitindo subidas nas cotações apesar de haver condições para isso. De qualquer forma, a retoma das compras chinesas levará, sem dúvidas, a uma subida da cotação dos porcos.
Na Bélgica a cotação subiu 0,03€/kg PV para 1,27€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,85€/kg carcaça. O mercado da carne está algo pressionado pelas dúvidas do Coronavírus e essa pressão poderá fazer descer as cotações na Dinamarca, já que grande parte da carne deste país é para exportação, quer para o mercado interno da U.E. quer para exportação para Países Terceiros, principalmente os do Sudeste Asiático
Em França a cotação subiu 0,002€/kg carcaça passando a cotação para 1,462/kg carcaça. Os pesos desceram 350g para 96,65kg (apenas +30g que na mesma semana de 2019). O mercado interno francês está bastante parado e isso impede que a cotação dos porcos suba. Por outro lado, tal como ocorre com os operadores dos outros países europeus, o surto de Coronavírus afecta as exportações, por agora o que é outro impedimento para permitir a subida das cotações.
Mesmo havendo alguma incerteza no mercado, o comportamento das cotações é bom e recomenda-se. Veremos o que nos trará as próximas semanas.
