26 de Fevereiro de 2021
Na segunda quinzena de Fevereiro houve uma subida generalizada das cotações dos porcos em toda a Europa, com excepção para a Dinamarca que manteve. Um desanuviamento do mercado da carne e um aumento dos abates nos países que tinham porcos atrasados (Alemanha, Holanda e Dinamarca) foram os factores que permitiram esta subida.
Em Portugal a cotação subiu 0,085€/kg carcaça na Bolsa do Porco na segunda metade de Fevereiro. Temos que recuar a Junho do ano passado para termos uma subida quase tão significativa como esta numa quinzena. O peso dos porcos vai-se reduzindo a pouco e pouco trazendo maior fluidez ao mercado Nacional.
Esta subida tem algum significado, principalmente num período de aumento do preço da alimentação, que tem um forte impacto no aumento dos custos de produção.
Em todo o caso, o mercado nacional está expectantes, tal como os restantes mercados europeus exportadores (temos que retirar a Alemanha desta equação), para ver como se posiciona a China nas compras de carne após os festejos de ano novo, em que o mercado esteve completamente parado.
As perspectivas são boas, mas terão que ser confirmadas pelos operadores chineses com intenções de compra significativas de carne e miudezas de porco às empresas do espaço da U.E.
Para Portugal, as exportações para Países Terceiros, com especial incidência para China, são muito importantes pois em 2020 o volume de vendas de carne de porco portuguesa foi de quase 21 mil tons a que se têm que juntar mais cerca de 2 mil tons. de exportações para a Coreia do Sul e Japão. Isto dá, em média, quase 2 mil tons de exportações por mês em 2020.
Mas as exportações portuguesas não são apenas de carne de porco. São-no também de animais vivos para abate. E todos estes dados, e os relativos aos abates que se reduziram e às importações que também diminuíram, acabam de ser divulgados pelo Gabinete de Planeamento e Políticas e foram publicados a semana passada na 3tres3, sendo que os mesmos poderão ser consultados aqui, aqui e aqui.
Com o aumento da fluidez do mercado europeu houve condições para subir as cotações, visto que, de uma maneira geral os pesos desceram. Há uma sensação generalizada nos operadores europeus de que as cotações terão estado no seu ponto mais baixo em Janeiro e início de Fevereiro e isso levou os matadouros a abater todos os porcos possíveis para reporem stocks nas câmaras frigoríficas. Este aumento da procura de porcos para abate, implicou que os produtores tivessem feito pressão para que as cotações subissem, até porque com essa sensação de subida, houve alguma retenção de porcos. A lei da oferta e da procura a funcionar.
Daqui em diante, e até à Páscoa, deverão aparecer os desconfinamentos nos diferentes países da Europa, com a consequente abertura de bares, restaurantes e cantinas e o eventual aumento da procura de carne o que poderá trazer melhorias aos preços e ao escoamento do produto.
Como referi acima, outro dos factores que poderão influenciar positivamente o mercado europeu do porco será o volume de compras que a China poderá vir a fazer na reabertura do mercado. Veremos com que vontade compram e a que preços, já que as cotações dos porcos na China, apesar de muito elevadas, começaram a baixar. Veremos se esta descida é para continuar ou se é apenas pontual devido a uma menor actividade dos matadouros devido ao período de Festas.
No que diz respeito às cotações
Em Espanha a cotação subiu 0,061€/kg PV (+0,081€/kg carcaça) na segunda quinzena de Fevereiro fixando a cotação em 1,178€/kg PV (1,571€/kg carcaça). Os pesos continuam a baixar e estão idênticos aos do ano passado nesta mesma altura.
Na Alemanha a cotação subiu 0,02€/kg carcaça e passou para 1,21€/kg carcaça. É a primeira subida da cotação alemã desde a Primavera de 2020, há quase 1 ano. Os pesos, ainda que lentamente, continuam a baixar fruto de uma maior fluidez nos abates dos porcos atrasados.
Na Holanda a cotação subiu 0,01€/kg carcaça para 1,33€/kg carcaça. Devido aos nevões de meados de Fevereiro, houve matadouros que não puderam abater e isso complicou o mercado do porco com a redução dos abates. Esta redução dos abates fez aumentar a pressão sobre o mercado, a que se junta a proibição de exportação para a China, devido à Covid, de um dos maiores matadouros holandeses. É provável que o mercado comece a “encaminhar-se” para uma maior estabilidade e que isso permita que o mercado holandês também suba as suas cotações, tanto como os restantes mercados europeus.
Na Bélgica a cotação subiu 0,05€/kg PV para os 0,82€/kg PV. Tem havido aumento da procura de porcos belgas para abate, principalmente por parte de matadouros espanhóis e este aumento da procura permite que a cotação suba com algum significado na Bélgica.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,28€/kg carcaça. Os dinamarqueses dão conta de que o mercado começa a estar melhor mas, como ainda existem cerca de 100 mil porcos atrasados por abater, ainda não há condições para subidas na cotação.
Em França, a cotação subiu 0,049€/kg carcaça para os 1,25€/kg carcaça. Os pesos baixaram 300g para os 96,85kg e estão 100g acima dos pesos do ano passado na mesma semana. O forte nevão que caiu a meados de Fevereiro impediu um desenrolar normal dos abates, com os consequentes atrasos de porcos que ficaram nas explorações por abater. Estes porcos atrasados já começaram a sejam reabsorvidos rapidamente, dando lugar a uma melhoria das condições de mercado em França.