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Subida de 9 cêntimos dá forte impulso ao mercado do porco em Portugal

A segunda quinzena de Fevereiro foi palco de uma significativa subida de 0,09€/kg carcaça na cotação dos porcos na Bolsa do Porco.

carcaça
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28 de Fevereiro de 2020

Depois da habitual descida da cotação dos porcos no início do ano e da natural estabilização pós-descida, a segunda quinzena de Fevereiro foi palco de uma significativa subida de 0,09€/kg carcaça na cotação dos porcos na Bolsa do Porco. Apesar desta forte subida, as vendas de carne estão fracas e há dificuldade em escoar a carne no mercado interno. Em todo o caso, o peso em carcaça vai descendo o que demonstra que a oferta de porcos é inferior à sua procura.

Nesta perspectiva, o que tem estimulado a subida das cotações no mercado europeu – e consequentemente no mercado português - são as exportações para países terceiros e, principalmente, o gradual aumento da procura de carne por parte da China após a redução das compras devido às comemorações do Ano Novo chinês.

A U.E. exportou, em 2019, para Países Terceiros 4735206 tons de carne de porco e seus produtos, o que representa mais 797 mil tons ou 20,5% a mais do que em 2018. Desta quantidade de carne exportada, só a China absorveu 51% do volume com 2419488 tons, +78% do que em 2018 onde foram exportadas “apenas” 1358476 tons. A estes valores deve-se juntar o volume para Hong Kong, que está em quinto lugar nas quantidades de carne de porco exportadas pela U.E., que foi de 215413 tons (-7,3% que em 2018 para onde foram enviadas 232422 tons). O segundo maior destino das exportações da U.E. continua a ser o Japão, que teve uma ligeira subida de 0,3% nos volumes comprados passado das 455404 tons em 2018 para 456735 tons em 2019.

Em terceiro lugar nas exportações europeias está a Coreia do Sul que teve uma redução de 22,6% nas compras de carne de porco na U.E. em 2019 quando comparadas a 2018, passando de 345163 tons para as 266989 tons. Em quarto posto é ocupado pelas Filipinas, que também tiveram uma redução significativa das compras de carne de porco com origem na U.E. em 2019, passando das 288680 tons de 2018 para as 228789 tons (-20,7%) Em sexto lugar estão os Estados Unidos, que também compraram menos carne de porco à U.E. (- 23,9%) passando das 170106 tons de 2018 para as 129529 tons de 2019. Por fim, todos os restantes países que compram carne de porco à U.E. representaram um volume de exportação de 1018263 tons em 2019, menos 6,4% que em igual período de 2018 (1088310 tons).

Como se viu, as importações chinesas têm vindo a aumentar gradualmente nos últimos anos, sendo que em 2018 foram quase 2 milhões de tons, em 2019 foram quase 3 milhões tons e estima-se que em 2020 possam ser cerca de 4 milhões tons. Ora, segundo informa a Mercolérida, o volume mundial de transacções de carne de porco é de 9 milhões de toneladas anuais, dos quais o resto do Mundo absorve 7 milhões. Se somarmos o 4 milhões da China está visto o que irá acontecer, ou seja, o déficit de 2 milhões de tons. de carne de porco a nível mundial. Portanto, não haverá carne de porco suficiente no mundo para satisfazer todas as necessidades.

Uma das consequências será a redução “obrigatória” do consumo de carne de porco por falta deste produto no mercado, e na China irá acontecer o mesmo até porque os dados de Janeiro mostram que houve uma redução de 40% nos abates de porcos naquela país em comparação a Janeiro de 2019. Evidentemente que os restantes países exportadores abateram os porcos que tinham para abater e colocaram a carne no frio à espera que se resolvam os problemas de circulação de bens dentro da China devido ao problema chamada COVID19. E ele terá que se resolver porque os chineses não poderão ficar à fome, agravando os problemas sociais que já vão existindo no país devido à menor mobilidade interna e aos elevados preços da carne de porco que estão incomportáveis para uma boa parte das famílias chinesas.

Estas dificuldades logísticas têm impedido que os barcos que se encontram no porto de Xangai tenham dificuldade em descarregar os contentores com carne. Estes ao não serem descarregados, impedem que hajam contentores disponíveis para serem alugados, o que leva ao aumento do seu preço de aluguer, não permitindo o seu carregamento noutros locais (U.E., por exemplo) e ao envio de mais carne para a China.

Como mera curiosidade, o preço do porco de abate na China está 197% acima do preço de 2019 e situa-se entre os 4,36€/kg carcaça nas zonas de maior disponibilidade de porcos (menos problemas de circulação e de redução da oferta devido à PSA) e os 5,49€/kg carcaça (nas zonas com condições opostas ás anteriores). A carne vale mais 160,9% e os leitões para engorda +262,1% sendo a sua cotação 10,69€/kg PV (um leitão de 20kg para engordar vale 213,80€).

Com todas as cartas em cima da mesa, a Espanha subiu a sua cotação 0,06€/kg PV (-0,08€/kg carcaça) para 1,487/kg PV (1,983€/kg carcaça) nesta quinzena. Os pesos baixaram pouco mais de 100g e estão cerca de 3kg acima do peso do ano passado. Mesmo assim, os produtores não estão nada preocupados com esta situação até porque, com os preços a que vendem os porcos não têm pejo em poder reter porcos porque sabem que os irão vender mais caros na semana seguinte e que isso lhes traz mais valias.

Outro dado importante no mercado espanhol é a constante subida da cotação dos leitões, quer no mercado de Lérida onde os leitões de 20kg valem 65,50€ e no mercado de Zamora onde o mesmo tipo de leitões valem 82,00€.

Na Alemanha, a cotação subiu 0,11€/kg carcaça para 1,96€/kg carcaça. A oferta de porcos continua a reduzir-se significativamente, já que o volume de abates chega aos 900 mil porcos/semana quando há cerca de um ano e meio os abates superavam 1 milhão de porcos semanais. Os pesos subiram cerca de 1kg. A cotação dos leitões também tem vindo a subir e para leitões de 25kg é de 78,20€/unidade. Há grande falta de leitões para engorda na Alemanha e as importações desde a Holanda e Dinamarca têm vindo a subir. Outro dado interessante no mercado alemão é o preço das porcas de refugo, cuja cotação em carcaça é de 1,56€-1,58€/kg carcaça.

Na Holanda a cotação subiu 0,08€/kg carcaça passando para 1,98€/kg carcaça. A oferta de porcos tem vindo a diminuir e isso implica a subida da cotação. Também há maior procura de porcos para abate, na Holanda, por parte dos matadouros alemães. Apesar da redução da compra de carne por parte da China, há menos dificuldade em valorizar este produto no mercado interno. Na Holanda o preço dos leitões também tem vindo a acompanhar as subidas nos restantes mercados do leitão. Para leitões de 25kg a cotação é de 81,50€/unidade e colocados em Espanha estes leitões valem 94,00€. A cotação das porcas de refugo é de 1,74€/kg carcaça.

Na Bélgica a cotação subiu 0,09€/kg PV para 1,36€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação subiu 0,02€/kg carcaça fixando-se em 1,87€/kg carcaça. O mercado da carne está com muitas incertezas e isso não permite que haja fluidez nas compras de carne. As cotações dos porcos vão subindo impulsionadas pela forte procura dos matadouros alemães. O mercado só terá novo impulso quando voltar a haver maior procura de carne. Na Dinamarca, os leitões de 30kg valem 75,50€/unidade e as porcas de refugo estão cotadas a 1,74€/kg carcaça.

Em França a cotação subiu 0,069€/kg carcaça passando a cotação para 1,531/kg carcaça. Os pesos desceram 350g para 96,3kg (menos 200g que na mesma semana de 2019). O mercado interno francês continua muito parado e procura oportunidades na exportação. A cotação dos leitões de 25kg é de 56,75€/unidade (o mais baixo de toda a U.E.) e a cotação da porca de refugo é de 1,29€/kg carcaça.

Mesmo havendo alguma incerteza no mercado, quer com o coronavírus quer com a possibilidade de a Peste Suína Africana se expandir para outros países europeus, principalmente para a Alemanha, as cotações vêm subindo e dão grande alento aos produtores. Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos.

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