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Subidas curtas mas seguras da cotação dos porcos em Portugal

Na segunda quinzena de Agosto a cotação dos porcos subiu 0,04€/kg carcaça na Bolsa do Porco, fixando-se em 2,367€/kg carcaça.

2 de Setembro de 2022

Na segunda quinzena de Agosto a cotação dos porcos subiu 0,04€/kg carcaça na Bolsa do Porco, fixando-se em 2,367€/kg carcaça. Continua a haver uma oferta de porcos reduzida e com pouco peso e, se atentarmos nos dados referentes aos efectivos de suínos de Abril passado, em que há uma redução de 0,3% no efectivo reprodutor em Portugal (ver notícia publicada na nossa secção Última Hora, no passado dia 29 de Agosto), esta oferta deverá ainda reduzir-se mais nos próximos meses.

A oferta reduzida de porcos para abate não é um exclusivo de Portugal. O mesmo se passa em toda a Europa. Há poucos porcos e com pouco peso, a procura é muito superior à oferta e as cotações sobem com significado nos países do Norte, dando uma ajuda às cotações dos países do Sul. Se os matadouros quiserem matar mais porcos, causarão um maior desequilíbrio no mercado e isso implicará mais subidas de cotação dos porcos. O grande problema dos matadouros é que não conseguem fazer repercutir, nos preços da carne, a subida da cotação dos porcos. Precisam matar mais para poder reduzir custos de abate, mas se abatem mais terão que pagar mais pelos porcos e não conseguem subir o preço da carne na mesma proporção. Estão num dilema, portanto.

Nestas últimas semanas houve subidas muito significativas das cotações dos porcos no Norte da Europa que variaram entre 5 cêntimos da França e os 20 cêntimos da Alemanha. Estas cotações aproximam-se das cotações dos países do Sul e permitem uma maior competitividade à carne espanhola, quer no mercado interno europeu quer na concorrência com os preços da carne dinamarquesa nos mercados de Países Terceiros.

Creio que neste momento, e no futuro quer próximo quer mais distante, há um factor que irá ter influência no consumo de carne de porco, e não só na carne de porco mas em todas as carne, e que é a redução do poder de compra dos consumidores. Com a galopante subida da inflação e o aumento dos preços da carne ao consumidor haverá menos disponibilidade de dinheiro para fazer face às compras de bens essenciais e, consequentemente, também irá haver uma redução das compras de carne.

Independentemente disto, os custos de produção irão continuar elevados (alimentação animal, energia – gás, electricidade e combustíveis) e não se espera que as cotações dos porcos desçam em Setembro, pelo que o preço da carne se manterá elevado. Veremos em que medida a redução da oferta de animais para abate se encaixa na menor procura de carne por parte do consumidor e que variação de preços haverá de forma a estimular, se for necessário, o consumo de carne de porco.

No meu último comentário referi que havia indicações de que a Coreia do Sul pudesse vir a levantar restrições à carne alemã, mas continua a não haver nenhuma informação oficial relativamente a este assunto. Tal como disse, esta seria uma boa notícia para o mercado do porco europeu.

Outra notícia positiva é o aumento da procura, por parte da China, de carne de porco na Europa. Os chineses procuram comprar a carne barata, apesar de a cotação interna dos porcos estar acima de 3,20€/kg carcaça, e a desvalorização do euro face ao dólar torna a carne de porco europeia mais competitiva nas compras em dólares. Na realidade, há mais intenções de compra por parte dos chineses, mas os negócios efectivos ainda não existem. Veremos se acontecem nas próximas semanas.

No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação subiu 0,022€/kg PV (+0,029€/kg carcaça) passando a cotação para 1,714€/kg PV (2,285€/kg carcaça). Os pesos subiram cerca de 200g em carcaça nesta quinzena, mas estão cerca de 3kg abaixo do peso da mesma semana do ano passado.

Na Alemanha a cotação subiu 0,20€/kg e passou para os 2,05€/kg nesta segunda metade de Agosto. O peso subiu 100g para os 96,6kg carcaça nesta quinzena. A carne de porco tem um preço barato em comparação com as outras carnes na Alemanha, pelo que tem havido aumento da procura e isso tem permitido que haja subida de preço no consumidor com o consequente aumento na procura de porcos para abate e da sua cotação. Em todo o caso, e segundo a organização alemã ISN, será necessário que os porcos subam para os 2,50€/kg carcaça para cobrir os actuais custos de produção.

Nos Países Baixos a cotação subiu 0,14€/kg carcaça para 2,05€/kg carcaça nesta quinzena.

Na Bélgica a cotação subiu 0,18€/kg PV para 1,48€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação subiu 0,12€/kg carcaça para 1,67€/kg carcaça nesta primeira metade de Agosto. Tem-se mantido um maior aumento nas vendas de carne de porco no Norte da Europa e isso beneficia a subida das cotações na Dinamarca. Por outro lado, tem também havido um aumento das vendas de carne para a Coreia do Sul e espera-se que estas também aumentem para a China.

Em França, a cotação subiu 0,049€/kg carcaça para 2,021€/kg. Os pesos mantiveram-se em 93,7kg, e são mais baixos 700g do que na mesma semana do ano passado. Após 20 anos, os porcos voltaram a passar a cotação de 2,00€/kg carcaça como cotação base em França. Os produtores deverão estar a receber, em média, mas 0,17€/kg carcaça acima da cotação base, tendo em consideração a classificação média de França, portanto, cerca de 2,20€/kg carcaça.

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