13 de Abril de 2022
A cotação dos porcos voltou a subir na primeira quinzena de Abril na Bolsa do Porco. As subidas semanais foram mais comedidas que as ocorridas em Março, mas não deixam de ser subidas significativas. A Bolsa do Porco definiu uma subida de 0,18€/kg carcaça nestas primeiras duas semanas de Abril, mesmo que a segunda semana seja a Semana Santa.
Continua a haver pouca oferta de porcos e esta vai-se reduzir ainda mais nas próximas semanas (prevê-se grandes reduções de oferta em Maio e Junho), pois tem havido mortalidade elevada de leitões um pouco por toda a Europa, houve um elevado número de leitões que foram abatidos para assar na altura do Natal, há fortes reduções de efectivo reprodutor na grande maioria dos países do Norte da Europa. Ora, uma redução de oferta deverá permitir a continuidade da subida das cotações, mas a grande incógnita é: até que valor poderão subir as cotações dos porcos? Até onde está disposto o consumidor a permitir essa subida?
Sabe-se que todas as carnes têm aumentado de preço, e mal seria que assim não fosse, pois, os custos de produção estão pelos píncaros, e seria impossível que os produtores pudessem continuar a produzir animais para abate sem que as cotações de venda subissem. Em todo o caso, e com o aumento da inflação, que veio para ficar, haverá menos poder de compra e é provável que os consumidores reduzam a quantidade de carne que irão comprar, limitando, com isso, a subida dos preços. Por outro lado, é necessário que haja adaptação do mercado e dos consumidores a estes novos preços, já que as subidas foram grandes e aconteceram em muito pouco tempo.
Apesar da subida do preço de venda dos porcos, os custos de produção continuam a subir de forma inexorável e os preços da ração estão num patamar onde nunca estiveram e isso deixa pouca margem para os produtores ganharem dinheiro. Veremos nas próximas semanas como será o comportamento do mercado das matérias-primas e de que forma a entrada de milho do continente americano (Brasil e Estados Unidos) poderá ajudar a conter, ou mesmo a baixar, as cotações das matérias-primas, ajudando a baixar os custos de produção. Uma coisa é certa, por muito que possam baixar as cotações das matérias-primas, e não é certo que baixem, não acredito que, nos tempos mais próximos, possam voltar a patamares de há 6-8 meses atrás (não devemos esquecer que as cotações há 6-8 meses atrás já eram elevadas, mas mesmo assim eram muito mais baixas do que agora).
Tal como em Portugal, todos os restantes países europeus tiveram subidas nas suas cotações, ainda que de forma muito mais ténue que as ocorridas nas semanas anteriores. Nalguns casos (Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Dinamarca) houve mesmo manutenção das cotações na segunda semana do mês, ou seja, indicação de preço para os abates a ocorrer na Semana Santa.
Apesar de tudo, a oferta de porcos também é curta em toda a Europa o que limita a oferta, levando alguns matadouros a reduzir os abates para apenas 4 dias por semana que lhes permite rentabilizar as linhas de abate e poupar energia (ao preço a que está, qualquer poupança é significativa).
Com a redução das subidas ou com as manutenções das cotações irá existir menor retenção de porcos por parte dos produtores europeus, pois sabem que não irão vender mais caro na semana seguinte, mas os seus custos de produção irão subir. Isto permitirá que os matadouros se possam aprovisionar de forma mais calma e segura.
Outro dos factores que poderão influenciar o mercado é a ajuda ao armazenamento privado de carne de porco da U.E.. Nos primeiros dias de abertura das candidaturas, Portugal pediu ajudas para 74 tons a 60 dias. No total dos Países da U.E. a quantidade armazenada é de 22,4 mil tons, das quais 12,75 mil tons são para armazenamento a 60 dias, 6,7 mil tons a 90 dias, 0,8 mil tons a 120 dias e 2,1 mil tons a 150 dias. Por Países, a Espanha lidera as quantidades com quase 6 mil tons, seguindo-se os Países Baixos com 5,4 mil tons, a Dinamarca com 5,2 mil tons e a Alemanha com 2,7 mil tons. Veremos como se irá desenrolar esta ajuda.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação subiu 0,118€/kg PV (+0,157€/kg carcaça) passando a cotação para 1,53€/kg PV (2,04€/kg carcaça). Os pesos desceram cerca de 250g nesta quinzena.
Na Alemanha a cotação subiu 0,03€/kg carcaça esta quinzena fixando-se 1,95€/kg. Os pesos subiram 200g para os 97,7kg carcaça. Diminuíram as compras da grande maioria das peças no retalho, já que o tempo continua frio e não há condições para fazer churrascadas, que fazem aumentar o consumo de carne de porco, e isso fez conter a subida dos porcos.
Nos Países Baixos a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,91€/kg carcaça. A oferta de porcos é suficiente para a procura e isso fez reduzir o montante da subida. Se até agora os suinicultores fizeram retenção de porcos pois sabiam que os iam vender mais caros na semana seguinte, neste momento querem vender o quanto antes pois se os mantiverem mais uma semana na exploração, irão ter um sobre-custo alimentar muito alto que não será compensatório.
Na Bélgica a cotação manteve-se em 1,35€/kg PV nesta quinzena.
Na Dinamarca a cotação subiu 0,07€/kg carcaça nesta quinzena para os 1,41€/kg carcaça. A climatologia não ajuda aos consumos. O tempo frio e chuvoso não permite que os consumidores venham para a rua, seja para umas churrascadas seja para consumos nas esplanadas dos restaurantes e café, pelo que os consumos de carne de porco são mais baixos do que o previsto. Desta forma, as cotações não têm margem para subir muito.
Em França a cotação subiu 0,05€/kg carcaça para 1,685€/kg carcaça. Os pesos desceram 300g para os 95,35kg. O peso é cerca de 500g mais baixo que na mesma semana do ano passado. Há menos consumo de carne neste período da Páscoa, pelo que as cotações subiram menos que nas semanas anteriores.