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Tendo em consideração a grave situação vivida pelos suinicultores portugueses, um grande grupo de produtores, por duas semanas consecutivas, deslocaram-se às instalações da Bolsa do Porco e impediram que a sessão da Mesa de Cotações se realizasse e, em função desta acção, não foi definida variação de preço para as primeiras duas semanas de Dezembro.
Apesar de não haver definição de variação, o mercado real acabou por acompanhar a tendência do mercado espanhol e o preço de venda dos porcos também desceu em Portugal. No conjunto das duas semanas houve descidas de entre 0,02€/kg até 0,04-0,05€/kg.
Na minha opinião, não haver definição de variação, nem de cotação, deixa o mercado mais desprotegido e os suinicultores menos amparados e informados.
Nestas últimas semanas há preços para todos os gostos e feitios. Há produtores que estarão a vendar porcos no mercado Nacional a preços da ordem de 1,10-1,12€/kg e outros que estrão a vender porcos a cerca de 1,00€/kg carcaça. Grandes variações que fazem toda a diferença quando há vendas muito abaixo do custo de produção.
Em todo o caso, e pelos dados que o mercado vai dando, é provável que as descidas possam ter chegado ao fim, e passe a redundância, finalmente! Os pesos dos porcos estabilizaram e começam, lentamente, a descer. Enfim, um sinal positivo.
Outro sinal positivo é a aproximação do Natal, época em que normalmente aumenta o consumo de carne de porco em Portugal. Espero que este ano o mercado se comporte, pelo menos, ao nível de anos anteriores.
A partir do dia 4 de Janeiro começará o período em que haverá candidaturas para as ajudas ao armazenamento privado a nível da UE. Veremos que impacto positivo terá no mercado porque é essencial que os porcos possam aumentar as suas cotações. Aliviar o mercado Europeu de carne em excesso é bom, mas não creio que seja apenas através do armazenamento que este alívio se faça sentir.
Com relação apenas ao mercado português, e em dados publicados pelo Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) do Ministério da Agricultura de Portugal, as vendas de porcos vivos portugueses para serem abatidos em Espanha aumentaram 70% nos primeiros 9 meses de 2015 quando comparados com os mesmos 9 meses de 2014. Foram apenas cerca de 16 mil porcos vendidos para Espanha em 2015, mas não deixa de ser um sinal muito positivo de que, afinal, há condições para vender porcos portugueses para Espanha apesar de o nosso país ser deficitário na produção desta espécie para o consumo interno.
Em Espanha, a cotação de Lérida também voltou a descer. Nesta quinzena a descida foi de 0,025€/kg PV, cerca -0,033€/kg carcaça, tendo-se fixado a cotação em 0,95€/kg PV (cerca de 1,267€/kg carcaça). Reforçando a ideia do meu último comentário, mesmo que os produtores espanhóis possam vender os seus porcos com um diferencial negativo em relação à cotação de Lérida, vamos supor 0,05€/kg PV, neste momento poderão estar a vender a 0,90€/kg PV (cerca de 1,20€/kg carcaça). Ou seja, um preço melhor do que em Portugal, sendo que os nossos vizinhos são excedentários na produção de carne de porco. São dados que nos devem fazer pensar!
No mercado espanhol também os pesos também começaram a baixar ligeiramente (cerca de 0,5kg nesta quinzena), depois de se terem abatido os porcos mais pesados desde que há registos de Mercollerida. Mesmo assim, os porcos estão mais pesados cerca de 2kg/porco que no ano passado.
A Alemanha manteve a sua cotação na primeira quinzena de Dezembro estando em 1,25€/kg carcaça. Os pesos também começam a baixar. O mercado alemão procura mais carne com o aproximar do Natal e isto tem desanuviado mais o mercado do porco.
Nesta quinzena, a Holanda e a Bélgica mantiveram as suas cotações, em 1,17€/kg carcaça e 0,85€/kg PV, respectivamente
A Dinamarca, após ter “aguentado” as descidas dos mercados Europeus nas semanas anteriores, acabou por baixar a sua cotação na primeira semana de Dezembro mantendo na segunda semana do mês. Assim, a descida foi de 0,04€/kg carcaça e a cotação fixou-se em 1,19€/kg carcaça.
A França também baixou ligeiramente a sua cotação. A descida foi tão só de 0,004€/kg carcaça e a cotação, para porcos equivalentes a 50% de músculo, fixou-se em 1,068€/kg carcaça. Os pesos continuam muito elevados (95kg carcaça) e a descer muito lentamente.
Com a entrada nas semanas de Natal e Ano Novo há menos dias de abate, o que levará a algum atraso na saída de porcos das explorações. Com as temperaturas relativamente amenas que se têm feito sentir, os porcos têm crescido bem o que poderá complicar um pouco a situação dos pesos para as primeiras semanas de Janeiro. Se bem que os atrasos na saída de porcos para abate seja habitual em todos os inícios de ano, numa conjuntura muito mais complicada que em anos anteriores como é a deste ano, este factor pode pesar mais no mercado, dificultando sua estabilidade e a situação débil da produção.
Veremos o que nos traz o resto de 2015.
Ao se aproximar o Natal e o Ano Novo, quero aproveitar para desejar aos meus leitores e suas famílias um Feliz e Santo Natal e um Ano de 2016 cheio de bons negócios.
