29 de Maio de 2023
O mercado português continua com poucos porcos e, ainda assim, a cotação segue inalterada há 8 semanas - 2,802€/kg carcaça - na Bolsa do Porco. Já há poucos porcos e a oferta, como é usual, irá reduzir-se nas próximas semanas.
Na semana passada publicámos, na 3tres3, a informação relativa à redução de 9,4% no abate de porcos relativos ao 1º trimestre de 2023 que poderá ver aqui. Ou seja, foram abatidos menos 97500 porcos entre Janeiro e Março de 2023 do que no mesmo período de 2022. Se tivermos em consideração que a entrada de porcos para abate, oriundos da U.E., aumentou 30,6% (+55 mil) no mesmo período e quando comparado com o ano transacto (ver aqui a notícia sobre entrada de animais), isto quer dizer que a oferta de porcos portugueses para abate se reduziu muito significativamente, o que nos deixa com menor auto-suficiência.
Entretanto, e finalmente ao fim de também 8 semanas, a Alemanha subiu a cotação dos porcos em 5 cêntimos, o que levou por arrasto a Bélgica, a Áustria e a Holanda é um excelente sinal para o mercado europeu da carne e para a possibilidade que esta subida poderá dar para haver aumentos de preço da carne no mercado, visto que esta é uma necessidade premente dos matadouros.
A subida é fruto do aumento do consumo de carne nas tão tradicionais churrascadas, já que as condições climatéricas melhoraram no Norte da Europa, mas também do levantamento da proibição de envio de carne alemã para a Coreia do Sul. São apenas entremeadas que os alemães podem enviar para a Coreia, mas é significativo que se permitam exportações de carne de porco alemã para Países Terceiros, quando ainda não está solucionada a questão da Peste Suína Africana naquele país europeu.
Entretanto, em Espanha os pesos começaram a baixar, apesar de continuarem uns 3kg acima dos pesos do ano passado na mesma altura do ano, mas esta descida deu margem aos produtores para manterem a cotação e começarem a querer subi-la, pois, a oferta espanhola de porcos para abate será ainda menor do que aquela que é neste momento. Os pesos mais altos acontecem em função de uma gestão mais apertada de envio de animais para abate. Aos preços a que vendem os porcos e com a margem positiva que libertam, os produtores não se importam de manter os porcos mais algum tempo nas explorações e de os enviar com mais peso.
Se a oferta de porcos irá ser menor, a grande incógnita está no consumo de carne para os próximos meses. Sabemos que a inflação subjacente continua sem diminuir, mas a inflação global começa a dar mostras de reduzir-se. Ou seja, baixam preços da energia, mas estas descidas tardam mais tempo em serem notadas pelos consumidores, enquanto a inflação subjacente, que inclui o preço dos alimentos, não dá mostras de abrandar. Ou seja, os consumidores vão continuar a ter que comprar alimentos caros e veremos em que medida irá impactar nas vendas de carne, que irão baixar seguramente, não se sabendo quanto.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação manteve-se em 2,025€/kg PV (2,70€/kg carcaça) nesta segunda metade de Maio.
Na Alemanha, a cotação subiu 0,05€/kg carcaça para 2,38€/kg carcaça. Os pesos baixaram 300g para os 97,2kg peso carcaça
Nos Países Baixos a cotação também subiu 0,05€/kg carcaça nesta quinzena para 2,43€/kg carcaça.
Na Bélgica a cotação subiu 0,05€/kg PV para 1,75€/kg PV na segunda metade de Maio.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,85€/kg carcaça na segunda quinzena de Maio. Tal como na Alemanha, a melhoria das condições climatéricas na Dinamarca estimulou o aumento do consumo de carne de porco, mas como os matadouros têm bons stocks de carne, só se verá esta melhoria após haver uma semana completa de bom tempo.
Em França, a cotação voltou a descer nesta quinzena. Desta feita foram apenas 0,005€/kg carcaça para 2,153€/kg na segunda metade de Maio. Com tantos feriados, os pesos subiram 500 para 96,9kg e estão 2kg acima do peso do ano passado.