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Transferência não cirúrgica de embriões suínos: realidade actual

O procedimento é simples, seguro, rápido e bem tolerado pelas receptoras.

19 Novembro 2014
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A utilização da transferência de embriões (TE) deveria ser crucial para o sector suíno devido às transcendentais aplicações que esta tecnologia apresenta no âmbito da produção pecuária. No entanto, há dois factos fundamentais que têm motivado a sua nula utilização comercial:

1) as dificuldades encontradas para crio-conservar os embriões;

2) a necessidade de utilizar métodos cirúrgicos para depositar os embriões nas receptoras.

No entanto, na última década a situação mudou drasticamente graças às novas técnicas (vitrificação) existentes para a criopreservação embrionária e ao desenvolvimento de um novo e único procedimento de transferência não cirúrgica (TnC), pelo qual os embriões são transferidos na profundidade do útero das receptoras (Martínez e cols, 2004) (ver figuras). Com este procedimento é possível atravessar a cérvix e alcançar a profundidade de um corno uterino em 3-5 minutos em 95% das receptoras (Martínez e cols, 2013).

Aparato genital de una cerda

Limpieza cuidadosa de la zona perineal de la receptora e inserción del catéter y de los embriones

Limpeza cuidadosa da zona perineal da receptora e inserção do cateter e dos embriões.

El diagnóstico de gestación y el control de los partos finalizan el proceso

O diagnóstico de gestação e o controlo dos partos finalizam o processo.

Há três anos iniciámos um programa de TnC de embriões em colaboração com a empresa Selección Batallé SA, Girona, (Espanha). Nesse programa, utilizando porcas de raça Duroc e com mais de 150 TnC realizadas, foi obtida uma fertilidade de 80% e uma prolificidade de 9,5 leitões nascidos, utilizando 30 embriões frescos por receptora.

Os resultados do programa indicam que o número requerido de doadoras por receptora pode ser eficazmente reduzido de 2 para 1,5 através da superovulação das doadoras (Angel e cols., 2013). Além disso, também foi verificado que uma assincronia das receptoras de +24 h (receptoras em cio 24 h depois das doadoras) é ideal para o êxito das transferências (Martinez e cols., 2013). Por último, foi desenvolvido um protocolo para a conservação dos embriões frescos por um periodo de 24 h e, possibilitar assim, o seu transporte, nacional ou internacional, desde a exploração doadora até à receptora. Os resultados deste estudo demonstram que se pode obter uma elevada fertilidade e prolificidade nas receptoras usando embriões frescos conservados a 37ºC durante 24 h. Pese embora, o ideal será utilizar embriões crio-preservados, já que estes podem ser conservados de forma indefinida e transferidos quando for preciso.

O desenvolvimento da TnC com embriões criopreservados traria enormes e transcendentais benefícios para as empresas de genética já que:

1) permitiria abastecer animais de elevado valor genético directamente dos núcleos de selecção das empresas de genética para os núcleos fechados dos clientes sem limitações de tipo temporal;

2) simplificaria o transporte internacional de animais evitando problemas associados ao bem-estar animal;

3) permitiria introduzir na empresa genética com as máximas garantias sanitárias nos mercados emergentes;

4) permitiria a conservação indefinida do material genético, facto fundamental perante eventuais crises sanitárias.

Actualmente, a vitrificação é o único método eficiente para a criopreservação dos embriões suínos. As investigações realizadas nos últimos anos deram como resultado que uma elevada percentagem (80-95%) dos embriões, sem nenhum tipo de tratamento prévio, sobreviva in vitro aos processos de vitrificação e aquecimento. Apesar destes excelentes resultados, há escassos estudos que determinem a sobrevivência in vivo dos embriões vitrificados.

Os nossos resultados indicam que se pode obter uma elevada fertilidade (75%) e prolificidade (10 leitões nascidos por parto) quando os embriões vitrificados são transferidos para as fêmeas receptoras por via cirúrgica. Infelizmente, quando este tipo de embriões é transferido mediante TnC, a fertilidade diminui (50%) ainda que o tamanho da ninhada se mantenha (Martinez e cols., 2013). É óbvio que é necessária a realização de mais investigações para incrementar a fertilidade das receptoras quando ambas as tecnologias são utilizadas em conjunto.

Os resultados expostos aqui indicam que a TnC na espécie suína é hoje uma realidade. O procedimento é simples, seguro, rápido e bem tolerado pelas receptoras. Os excelentes resultados obtidos utilizando esta tecnologia em combinação com embriões frescos e os prometedores resultados alcançados com embriões crio-preservados representam um avanço fundamental para o uso comercial da TE na indústria suína a curto prazo.

Agradecimentos
Os estudos indicados foram parcialmente financiados por CDTI/S.Batalle (20090686), MICINN-FEDER (AGL2009-12091), MINECO-FEDER (AGL 2012-38621) e SENECA (GERM04543/07).

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