17 de Junho de 2021
Apesar de, nas últimas semanas, ter havido menos procura e menos quantidade de carne de porco comprada pelos chineses na Europa, as cotações “aguentaram-se” sem grandes alterações na primeira quinzena de Junho.
Em Portugal a cotação subiu 0,047€/kg carcaça na Bolsa do Porco na primeira quinzena do mês de Junho, situação que é normalíssima para a época em que estamos até porque a oferta é menor que a procura, mesmo tendo em consideração as grandes dificuldades em vender carne fresca no mercado nacional. Sazonalmente estamos a caminhar para o período em que temos menos oferta e isso nota-se na definição do preço na Bolsa do Porco. Se as variações definidas na Bolsa são cumpridas, isso já é outra história.
Para complicar ainda mais os fracos consumos de carne de porco no mercado interno, a debandada de turistas ingleses veio reduzir o número de consumidores na restauração e na hotelaria e isso pode comprometer todo o verão, mesmo que alguns dos turistas ingleses sejam substituídos por turistas de outros países europeus.
A nível europeu poderá haver algum estímulo ao consumo de carne de porco por 3 ordens de razões: em primeiro lugar, começam a desconfinar cada vez mais os países do centro e norte da Europa, o que lhes permite voltar aos restaurantes e fazer reuniões de amigos e família onde, normalmente, se consome carne de porco devidos às churrascadas; em segundo lugar, o europeu de futebol, apesar de ainda haver restrições, irá permitir que haja movimentação de adeptos entre países e isso ajudará aos consumos e por último a redução do número de pessoas em teletrabalho irá “obrigar” á abertura de cantinas das empresas e ao regresso aos almoços fora de casa para quem tem que regressar aos seus locais de trabalho habituais.
Um dado a ter em consta em todos o mercado mundial, é a descida da cotação chinesa dos porcos que atingiu cerca de 50% desde Março até agora. Os porcos passaram de cerca de 5,00€/kg PV para 2,25€/kg PV. Ora, esta descida da cotação dos porcos na China implica a descida dos preços da carne no mercado interno chinês e, apesar deste país continuar a necessitar comprar carne no mercado mundial para abastecer o seu mercado interno, os compradores chineses pressionam para comprar mais barato.
Nestas circunstâncias, e considerando que a Espanha é o maior fornecedor mundial de carne de porco à China, os industriais espanhóis começam a vender menos carne para o Sudeste Asiático e começam a querer meter mais carne no mercado interno da U.E. visto que as condições de venda e de preço são muito idênticas às das vendas para a China. Tem em conta que a Alemanha continua sem poder colocar carne no mercado chinês, poderá começar a haver algum excesso de carne de porco no mercado europeu que será prejudicial para a sustentação do preço dos porcos.
Apesar desta situação, o que é verdade é que a cotação também subiu em Espanha nesta quinzena, como veremos mais à frente, tendo também subido ligeiramente ou mantido em todos os restantes países da U.E.
Como é habitual nesta altura do ano, há uma redução da oferta de porcos de abate em Espanha com a consequente redução dos pesos de abate e este facto também ajuda a manter cotação menos pressionada até porque o elevado ritmo de abates se mantém, apesar das pressões chinesas para comprar carne mais barata e os produtores, com o intuito de fazerem face ao aumento do custo alimentar, querem continuar a vender porcos pesados que lhes garante a manutenção do rendimento nos porcos abatidos. Esta eventual redução na procura de carne ainda não teve efeitos nos volumes de abate em Espanha que continuam a bater records atrás de records.
No que diz respeito às cotações europeias:
Em Espanha a cotação subiu 0,035€/kg PV (+0,047€/kg carcaça) para 1,553€/kg PV (2,071€/kg carcaça). Os pesos desceram cerca de 1,1kg nestas duas semanas.
Na Alemanha a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,57€/kg carcaça. Os matadouros alemães não aceitaram esta subida e mantiveram a cotação anterior para pagamento dos porcos. Os pesos de carcaça subiram 800g para 97,3kg. O mercado da carne está mais animado do que há umas semanas atrás já que as vendas aumentaram devido à melhoria do tempo e ao relaxamento da das medidas de restrição devidas à Covid-19 que fizeram melhorar o comércio da carne de porco.
Na Holanda a cotação subiu 0,06€/kg carcaça para 1,74€/kg carcaça. O mercado holandês vai-se ajustando às melhorias do mercado alemão e, consequentemente, também melhora. Portanto, há menor oferta de porcos e uma maior procura dos mesmos, o que desanuvia o mercado do porco holandês. Tem havido menor procura de carne de porco holandesa por parte da China e a preços mais baixos.
Na Bélgica a cotação subiu 0,13€/kg PV para 1,07€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,60€/kg carcaça. O alívio das restrições é lento e demorado, o que traz dificuldades ao mercado da carne de porco na Europa. Em todo o caso, as vendas fluem sem enormes complicações, seja para o mercado interno seja para Países Terceiros, Japão principalmente ainda que a China se mantenha como principal destino da carne de porco dinamarquesa.
Em França a cotação subiu 0,003€/kg carcaça para se situar em 1,547€/kg carcaça. Os pesos baixaram 300g para os 95,8kg, e estão 1kg abaixo dos pesos do ano passado na mesma semana. O mercado continua equilibrado entre a oferta e a procura e a reabertura dos restaurantes trará um novo impulso ao mercado do porco em França.
Com os dados existentes no mercado actualmente, e considerando a pressão chinesa para comprar carne de porco mais barata na Europa, sabendo que não a conseguirão comprar o mesmo volume noutros mercados mundiais, veremos como se irá comportar o mercado do porco Europeu nas próximas semanas.