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Caso clínico: Um caso de PRRS

Tudo começa com abortos que aparecem de maneira espectacular em Abril. Começam no sábado 23 e durante a semana seguinte vão continuando a aparecer até chegar aos 34 abortos.

A exploração localiza-se no nordeste da Península Ibérica. Tem 3.000 porcas em produção de leitões de 6 kilos. O caso dá-se em Abril do ano 2011. Até ao momento do aparecimento do caso a produção era bastante boa, no mês de Março os resultados foram estes:

Índice de partos 91,1 %
% abortos 0,7 %
% repetições 5,0 %
% baixas e eliminadas 3,3
Nascidos totais 13,5
Nascidos vivos 12,2
Nascidos mortos 1,3
Desmamados 10,8

A exploração apresenta um estado sanitário convencional, é positiva a PRRS, M. hyo, S. suis, sarna, rinite atrófica. A exploração compra o sémen e tem reposição prápria, entram avós.

No que diz respeito ao plano vacinal a exploração faz o seguinte:

Quarentena:

  • Parvo + Mal rubro
  • AD
  • RA
  • PRRS viva
  • Gripe

Gestação :

  • RA + Colibacilose
  • AD viva cada 3 meses
  • PRRS viva (a todo o efectivo duas vezes por ano)

Lactação:

  • Parvo + Mal rubro.

Tudo começa com abortos que aparecem de maneira espectacular em Abril. Começa no sábado 23 e durante a semana seguinte continuam os abortos até chegar aos 34. A metade da semana, ante tal tormenta de abortos, decide-se tirar sangue a 16 porcas entre as abortadas e não abortadas. Os abortos deram-se aos 91 dias de gestação.

Aborto

Os resultados das análises feitas são os seguintes:

N. porca Influenza Lepto Mal rubro Parvo PRRS
1 64 - 100 1/64 148
2 92 - 68 1/2048 131
3 76 - 9 1/1024 143
4 39 - 77 1/256 4
5 45 - 84 1/1024 143
6 46 - 10 1/126 155
7 61 - 11 1/2048 143
8 74 - 121 1/4096 148
9 19 - 61 1/1024 146
10 75 - 111 1/2048 20

11

55 -

99

1/1024 35
12 76 - 52 1/128 FS
13 53 - 25 1/256 145
14 59 - 97 1/128 145
15 29 - 82 1/1024 7
16 69 - 75 1/2048 59

Também se fazem 4 pools de 4 porcas para fazer PCR de PRRS dos que 2 são positivos e dois negativos.

Dados adicionais

Para detectar influenza faz-se o CIVTEST INFLUENZA com os valores referenciais NEG 0-10, DUD 10-20, POS >20.

Para Leptospira faz-se aglutinação em placa.

Para mal rubro, CIVTEST MR, com os valores de referência NEG< 30, DUD 30-40, POS >40.

Para parvovirose suína, inibição da hemoaglutinação (PPV), com os valores de referência POS> 1/8 contacto com vírus >= 1/256

A interpretação destes resultados leva a realizar uma vacinação de ”emergência” de PRRS com vacina viva a todas as porcas no dia 6 de Maio.

Quatro dias mais tarde, no dia 10 de Maio dão-se 13 abortos e 21 no dia 11. A tormenta alarga-se até finais de Maio, totalizando 127 abortos aos 99 dias de gestação.

Aborto

Finalmente no dia 1 de Junho decide-se fazer outra análise, neste caso mandam-se 6 soros de porcas,

N. porca Lepto Mal rubro Parvo PRRS
1 - 111 NEG 162
2 - 102 NEG 166
3 - 98 NEG 169
4 - 88 NEG 174
5 - 68 NEG 143
6 - 31 NEG 166

Dados adicionais

Para Leptospira, faz-se aglutinação em placa.

Para mal rubro, CIVTEST MR, com os valores de referência NEG< 30, DUD 30-40, POS >40.

Para parvovirose suína, inibição da hemoaglutinação (PPV), com os valores de referência POS> 1/8 contacto com vírus >= 1/256

Antes de tentar fazer uma reflexão acerca do caso e do que se pode estar a passar, podemos ver os seguintes resultados:

Março Abril Maio
% abortos 0,7 4,1 19,6
% repetições 5 5 9
Nascidos totais 13,5 13,5 13,2
Nascidos vivos 12,2 12,2 11,9
Nascidos mortos 1,3 1,3 1,3
Desmamados 10,8 11 10
% baixas lactação 10,5 10,6 14,7

Não é fácil depois de “águas passadas” saber em concreto o que aconteceu no dia 23 de Abril, a única sintomatologia clara foi a dos abortos, algumas porcas com anorexia e nada mais. Se fazemos uma leitura rápida da serologia feita a 27 de Abril vemos como 100 % eram positivas a influenza, 90 % eram positivas para mal rubro, 86 % eram positivas a PRRS e 75 % eram positivas a parvo. Foi naquele momento um surto de influenza que nos afectou ou foi PRRS?. Ao analisar a fundo as PCR de PRRS podemos ver como, nos pools das 8 porcas que eram negativas, 7 eram porcas que tinham abortado, enquanto que nas 8 positivas só 3 eram abortadas. Com esta informação extra não podemos assegurar que naquele momento fora PRRS o causador do surto.

O que é evidente é que o efeito da vacinação foi pior que o próprio surto que tínhamos, de 4 % de abortos passámos para quase 20 %. O erro está em que vacinámos um animal doente.

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