Descrição da Exploração
Trata-se de uma exploração de ciclo fechado de cerca de 230 porcas.
Vem de uma ampliação e de uma recirculação grave de PRRS, devido ao enchimento depois da ampliação ter sido realido pensando mais em aspectos produtivos que sanitários.
A reposição realiza-se desde um multiplicador externo com animais de 6 meses de idade.
Na fase de crescimento (desmame e engorda) faltam lugares, isto leva a que não se possam cumprir as normas básicas da produção suína; maneio tudo dentro-tudo fora, vazios sanitários…
O perfil sanitário é baixo. A exploração é positiva a PRRS, ADV, pneumonia enzoótica e sarna. Existe sintomatologia própria do síndroma da redução de crescimento (PMWS).
Na engorda há muitas baixas e ficam muitos animais atrasados.
O gráfico representa o número de baixas de porcos na engorda que há em cada mês.
Evolução baixas engorda |
Primeiras Medidas
As acções para tentar reconduzir a situação vão para além de que as medicações sejam preventivas ou curativas.
O primeiro objectivo é erradicar a Doença de Aujeszky, para isso intensifica-se o plano vacinal com uma vacina de eficácia reconhecida nas reprodutoras e engordas.
Fazem-se mais lugares de engorda e vendem-se periodicamente alguns lotes de leitões para tentar solucionar o problema das altas densidades. De todas as formas continua a impossibilidade de fazer vazios sanitários, as exigências de uniformidade de peso por parte dos matadouros fazem com que fiquem sempre lotes de animais atrasados que se têem que voltar a misturar.
Começa-se a fazer a reposição com animais de 3 meses de vida, e recebem-se animais de 2 em 2 meses. A ideia é conseguir que quando as marrãs comecem a produzir tenham tido contacto com o virus PRRS de campo mas não sejam virémicas.
Na exploração vacina-se duas vezes por ano em grupo todas as reprodutoras contra a PPRS com vacina inactivada.
– O critério de eleição de uma vacina inactivada baseia-se em que já há bastantes virus na exploração e não faz falta introduzir mais.
– Em princípio este tipo de vacinas não servem para proteger os animais da infecção contra a PRRS. – Mas há boas referências da vacina inactivada quando há virus vivo: não evita a infecção mas consegue que o quadro clínico dos animais infectados seja mais leve. |
Evolução
Uma das primeiras propostas que se realizaram para tentar melhorar as condições sanitárias, com a vantagem acrescentada de contar com lotes grandes de leitões, foi o maneio em bandas. Mas um dos sócios da exploração não gosta do sistema já que pensa que perderá produtividade.
Com as medidas tomadas logra-se melhorar a situação geral da exploração.
Consegue-se erradicar a Doença de Aujeszky, em menos de 6 meses. A doença só recircula na engorda e não nas reprodutoras.
No área reprodutiva a exploração funciona correctamente. A produtividade é elevada e as reprodutoras mantêm-se PRRS estáveis.
Mas na engorda mantém-se um número elevado de baixas e de animais atrasados que não têm nenhum valor económico. Os problemas começam duas semanas após passarem à engorda.
A finais da Primavera decide-se que se no Outono a situação não tiver melhorado terá que se implementar o maneio em bandas.
Evolução baixas engorda |
Outras Medidas Aplicadas
O processo da instauração da produção em bandas decide-se atrasar para o Outono já que esta é uma época muito mais favorável para a creação dos lotes já que a entrada em cio é mucho melhor que nos meses de calor intenso.
Quando se visita a exploração em Outubro há uma novidade, o sócio que não quer o maneio em bandas vacinou uns grupos de leitões com vacina inactivada contra a PRRS. O momento para vacinar à na passagem para a engorda, entre uma e duas semanas antes de que apareçam os problemas.
Os resultados são muito bons. Faz-se um seroperfil para ver qual é a situação da exploração contra a PRRS.
Resultados das análises na engorda
Recolhem-se amostras de porcos de 3, 10, 14 e 21 semanas de vida.
3 semanas vida |
10 semanas vida, final desmame |
14 semanas vida |
21 semanas vida, final engorda |
Dos resultados nos porcos de engorda depreende que o PRRS recircula na engorda, pouco tempo após a entrada dos leitões. Provavelmente stress da mudança e as vacinações próprias desta fase colaboram nesta circunstância.
Resultados das Análises em Marrãs de Recria
Recolhem-se amostras de marrãs de recria de 6 meses
Dos resultados nas marrãs de reposição pode-se constatar que tem havido recirculação durante a fase de recria, os títulos variáveis e em alguns casos altos demonstram que tem havido recirculação e ainda sobra tempo para que passe o problema antes da cobrição.
Resultados das análises nas reprodutoras
Recolhem-se amostras das reprodutoras.
Nas porcas os resultados correspondem a um caso de recirculação, con títulos variáveis e muitos elevados.
Os bons resultados reprodutivos não fazem supor que isto seja assim.
Parece que a vacina é capaz de cumprir nestas condições.
Evolução do Caso
Instaura-se a vacinação com vacina inactivada de PRRS às 12 semanas de vida, quando supomos que o virus está recirculando na engorda.
Desde este momento o número de baixas na engorda começa a diminuir. A exploração mantém-se estável nas áreas reprodutiva e nas engordas.
Evolução baixas engorda |
Contra o PRRS quais são melhores? As vacinas vivas ou as inactivadas?, Trabalhando com sistemas produtivos distintos, pode-se generalizar sobre a eficácia ou a ineficácia dos diferentes tratamentos? Pode-se generalizar na produção suína?
Comentários
O PRRS é uma doença que nos custa a entender e consequentemente dá-nos mais problemas do que os esperados com as perdas económicas associadas que este facto supõe.
Uma das poucas coisas que podemos afirmar com certa segurança é que relativamente ao PRRS, se não queremos ter demasiados problemas, só temos duas possibilidades:
• Todo o grupo negativo, ou seja, exploração livre.
• Todo o grupo positivo, ou seja, exploração estável. |
No melhor dos casos conseguimos estabilizar as explorações ao nível das reprodutoras, mas sempre ficaram as engordas como parte mais instável dos diferentes sistemas produtivos.
A falta de uma vacina eficaz é o que levou à procura de outras soluções. Neste sentido, fez-nos evoluir muito.
Esta doença é uma das responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas de produção em diferentes sitios em geral, ou do "wean to finish" em particular.
A entrada de reposição é uma condicionante importantíssima para conseguir explorações estáveis. Os diferentes sistemas de reposição foram evoluindo à medida que a doença não se deixou controlar.
Assegurar que as primíparas têm contacto com o virus de campo com o tempo suficiente para deixar de ser virémicas antes de entrar em produção é imprescindível para assegurar que a exploração se mantém estável positiva.
Em condições especiais, com presença de virus de campo abundante, parece que a vacina inactivada se mostra muito mais eficaz. Esta situação não só é válida para as reprodutoras, como também dá bons resultados na engorda.