17 de Abril de 2020
Com o evoluir da COVID-19, onde aparecem cada vez mais casos e onde há maiores restrições à movimentação de pessoas, o mercado do porco ressentiu-se e as vendas andam mais fracas.
Esta menor movimentação de consumidores e com os estabelecimentos de restauração fechados, aliados à Semana Santa – este ano nem houve grandes referências à Semana Santa e na sua influência, normalmente negativa, no comércio de carne de porco – porque há menos dias de abate em toda a Europa (nalguns países, como é o caso da Alemanha, Holanda, Espanha nalgumas zonas, há mesmo menos 2 dias de abates) aliada à falta de reunião das famílias, levou a uma redução do consumo de carne de porco.
Por outro lado, com o aumento de casos em toda a Europa, há maiores problemas em que haja mão-de-obra disponível para trabalhar nos matadouros e nas salas de desmancha, tornando mais complicado o abate de porcos e desmancha de carcaças para entrega de peças ao mercado.
Os pesos dos porcos são elevados em toda a Europa e, havendo menos dias de abates, houve condições para os matadouros pressionarem a descida da cotação dos porcos. Algumas das descidas ocorridas nalguns países ficaram aquém da vontade dos matadouros.
Uma notícia positiva continua a ser a relacionada com as exportações para Países Terceiros, e principalmente para a China. Este país continua bastante comprador e, tendo em consideração os problemas com a COVID-19 nos Estados Unidos, onde alguns dos grandes matadouros do país já fecharam devido à existência de inúmeros trabalhadores infectados levando a que haja dificuldades no fornecimento de carne ao mercado (e a descidas abruptas na cotação dos porcos americanos), este país terá enormes problemas e satisfazer pedidos de carne de porco de algum dos seus clientes. A ser assim, será a U.E. que terá capacidade para fornecer a China e isso é um bom sinal para o mercado futuro do porco na Europa.
Tal como referi no meu anterior comentário, começaram a estar disponíveis contentores de frio que estavam retidos na China para poderem regressar à Europa para serem carregados de novo de forma a poderem expedir carne para o Sudeste Asiático. Veremos se, na Europa, teremos disponibilidade de gente para poder abater, desmanchar, carregar e transportar toda a carne de porco que os chineses querem.
Em Portugal, com todos estes dados de mercado, e acompanhando o que aconteceu no mercado espanhol, a cotação da Bolsa do Porco desceu 0,04€/kg carcaça na primeira quinzena de Abril, somando um total de 0,07€/kg carcaça desde que começaram as descidas no final de Março. Alguns matadouros baixaram mais o seu preço de referência do que a descida indicada pela Bolsa do Porco.
As vendas internas andaram mais fracas, com menos consumo e menos procura de carne, o que trouxe alguma dificuldade na saída de porcos das explorações e um aumento do peso de abate.
Em Espanha a cotação desceu 0,035€/kg PV nesta quinzena (-0,047€/kg carcaça) para 1,455€/kg PV (1,94€/kg carcaça). Os pesos estão estabilizados, mas num patamar muito elevado em relação ao ano passado. Há algumas dificuldades em poder abater os porcos que necessitam ser abatidos, pois há maiores dificuldades em ter trabalhadores disponíveis para desempenharem as suas funções no abate.
Na Alemanha, a cotação baixou 0,05€/kg carcaça para 1,84€/kg carcaça. Os matadouros alemães pretendiam baixar mais a cotação dos porcos com a justificação de que têm muita dificuldade em vender carne já que os locais de grande consumo estão fechados (restaurantes e cantinas) e produtos transformados estão muito caros. Vai saindo carne para as churrascadas.
Na Holanda a cotação manteve-se em 1,95€/kg carcaça e na Bélgica a cotação desceu 0,02€/kg PV para 1,28€/kg PV.
Na Dinamarca a cotação desceu 0,03€/kg carcaça fixando-se em 1,80€/kg carcaça.
Em França a cotação desceu 0,03€/kg carcaça passando a cotação para 1,512/kg carcaça. Os pesos mantiveram-se em 95,92kg (mais 400g que na mesma semana de 2019). O volume de abate foi bom para a época e permitiu que se mitigasse o facto de haver um dia a menos de abate devido à 2ª feira de Pascoela ser feriado
Após a Páscoa, como se comportará o mercado do porco? Os restaurantes continuam fechados, os turistas não virão tão cedo (digo eu), como se comportarão os mercados do sul da Europa daqui em diante? Esta é a grande incógnita para as próximas semanas e a resposta à qual teremos que esperar para poder ter alguma noção do que se passará no mercado do porco em Portugal e em toda a Europa.