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Ventilação forçada em suínos (II): Importância da eleição e correcto funcionamento do sistema de ventilação (a)

A monitorização periódica do sistema de ventilação deveria ser mais uma tarefa periódica na exploração


1. Introdução:

a monitorização periódica do sistema de ventilação deveria ser mais uma tarefa periódica na exploração, que no futuro deveria permitir realizar reformas e/ou instalações novas. Primeiro deveriamos quantificar o problema (custo da perda), em segundo lugar deveriamos rectificar o desenho (custo da reforma) e em terceiro lugar deveriamos supervisionar a instalação (aforro por rendimento) para confirmar rentabilidade. O custo e o aforro devem ser uma referência de fácil cálculo e comparação, por porco, kg de carne, unidade de superfície, etc.

Neste capítulo, dividido em duas partes, daremos uma série de recomendações para a optimização de instalações e sistema de ventilação para minimizar os possíveis erros.

2. Os objetivos principais resumem-se três:

• Animais: Manter a temperatura da sala dentro da ZCT dos animais e a qualidade do ar (gases, pó, humidade e componentes organicos) para um bom rendimento produtivo.

• Pessoas: Manter a saúde das pessoas expostas ao ambiente das instalações.

• Económicos: Optimizar o custo de compra, instalação, funcionamento e manutenção.

3. Erros mais comuns no momento da eleição do sistema:

• Basearmo-os estritamente pelo preço de compra.

• Os critérios de efici~encia energética não se priorizam (isolamento, dimensionamento, regulação correcta, etc).

• Não se consideram as características próprias do equipamento (durabilidade, sistema alternativo de emergência, avarias e manutenção).

• Adquirir um sistema que não se adapta às necessidades da exploração (experiência e conhecimentos de ventilação).

• Esquecermos do serviço pós-venda como critério de compra.

• Não realizar uma eleição objectiva a partir de uma lista de candidatos.

4. Parâmetros específicos para o desenho do sistema:

• Biológicos ou baseados em características próprias do animal: Tª, %HR e velocidade do ar em função da estação do ano para evitar stress térmico. Níveis máximos de gases, pó e microorganismos sem afectar o rendimento do animal.

• Técnicos ou baseados no equilíbrio com o resto da instalação: Tipo, peso e distribuição dos animais na sala, tipo de construção e materiais, obstáculos, adaptados para trabalhar em ambientes próprios de exploração, etc.

• Climáticos ou baseados na localização geográfica do pavilhão. Tipo de ventilação forçada (positiva, negativa ou neutra), isolamento, aquecimento, refrigeração, etc.

• Económicos ou baseados no equilíbrio económico da exploração: Rendimento dos animais, investimento inicial disponível para o sistema de ventilação, gastos de manutenção, tipo de energia disponível e preço, etc.

5. Entender o sistema de ventilação forçada:

Para poder detetar as possíveis anomalias é imprescindível conhecer como funciona o sistema correctamente e compreender os fundamentos do movimento do ar e a termodinâmica. Em ventilação forçada por pressão negativa o ar é impelido por um ventilador e a depressão (Δp 5-20 Pa) criada dentro do local provoca a admissão do ar exterior. É o sistema de ventilação forçada mais habitual no nosso país devido a que é mais simples de controlar e com menor consumo de energia que os outros sistemas dinâmicos (pressão neutra e positiva). O fluxo de ar primário circula a alta velocidade sob o telhado (ar frio) e o fluxo secundário de baixa velocidade sobre os porcos (ar quente). Uma variante é a ventilação debaixo das slats.

Pressão negativa. Entrada de ar por parede com deflector regulado por cabo (acima). Saída de ar por parede (abaixo esquerda) e tecto/chaminé (abaixo direita).

O objectivo desta ventilação é utilizar o ar quente para “o empapar” de humidade e transportá-lo ao exterior junto com gases, pó e matéria organica. A pressão estática é a diferença de pressão (Pa) entre o interior e exterior do pavilhão devido à resistência do fluxo de ar criado por restrições nas entradas de ar. A pressão estática “sustentará” a corrente de ar de entrada pelo tecto e aquecerá à medida que se aproxima do centro da sala, à medida que aumenta a pressão estática aumenta a velocidade de entrada e a distãncia que precorre o ar antes de caír. Assim regulando a pressão estática evitaremos que o ar frio no inverno caia directamente sobre os leitões. Existem muitos factores que influem neste padrão, como o comprimento e desenho da sala, infiltrações de ar, distância entre entrada e extracção de ar, diferenças de Tª do ar entre sala e entrada, velocidade do ar, etc.

Quando desenhamos um sistema de ventilação devemos conhecer a relação entre fluxo de ar e diminuição da pressão estática para a correcta eleição dos ventiladores e evitar uma excessiva depressão na sala. O tipo de entrada de ar é muito importante para determinar esta relação. Podemos escolher entrada individual ou continua pela parede, individual ou difusa pelo tecto, autorregulável, etc.

Queda brusca do ar frio sobre leitões (esquerda) e fluxo correcto (direita). Visualização do fluxo de ar com fumo.

6. Entender o comportamento dos animais:

Observar e comprender o comportamento dos animais é uma ferramenta fundamental para detectar os problemas de ventilação. Detectar, interpretar e confirmar os problemas de ventilação em função do comportamento dos animais deve prevalecer antes de tomar decisões posteriores. Existem indicadores reveladores como amontoamento, problemas respiratórios, muita actividade, condutas estranhas, mordeduras de caudas, etc. que devem chamar a nossa atenção de que algo não funciona bem. Muitos dos problemas produtivo-sanitários que temos na exploração provêm directa ou indirectamente de um mau conforto do animal e que muitas vezes não somos capazes de detectar.

Joan Escobet. Marco i Collell. Espanha

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